Na montagem do Centro Cultural Movimento, em Socorro, foi levantada questão sobre como expor as bicicletas e como fazer o público entender o que está exposto num contexto histórico. Outra questão, ainda não resolvida, é acertar as etiquetas de cada uma das bicicletas, data, descrição e detalhes técnicos, que no final de contas é o que dá o fio da meada para entender tudo. Parece simples, mas não é.
A ideia inicial era, seria ou talvez vá ser contar a evolução da bicicleta. Como o CCM, Centro Cultural Movimento, nasceu do motostory.com.br se faz necessário, não obrigatório, ligar motos com bicicletas. Complicou e muito. Ok, é óbvia a ligação, mas a história é muito extensa, cheia de detalhes e conhecimento aí pode atrapalhar e muito na solução do problema. "Chama os universitários" como dizia Silvio Santos ajuda até certo ponto, depois atrapalha uma barbaridade porque mais confunde que explica.
Pesquisas em museus europeus mostram que o visitante fica em média 8 segundos olhando cada quadro, escultura ou outro objeto. Provavelmente deverá acontecer algo parecido no CCM, talvez um pouco mais tempo porque moto ou bicicleta estão intimamente ligados ao nosso cotidiano. A leitura da etiqueta pode ser o fator determinante para uma atenção mais detalhada, mas só o será se o texto exposto for preciso.
Reduzir informação a poucas palavras e conseguir o objetivo de informar corretamente é dificílimo, coisa que raros redatores conseguem. Ficou mais difícil ainda nestes tempos de redes sociais onde a redução de palavras é sumária, as abreviações abundam....
Faz uns 30 anos o jornal a Folha de São Paulo mudou sua política interna e começou a reduzir os textos publicados para facilitar a leitura.... e aumentar as vendas. Não sei se foram atrás do Jornal da Tarde, do grupo Estado, que na época vendia bem, mas mirava outro público, algo entre o Notícias Populares e o que era a própria Folha e o Estadão de então. Não resta dúvidas que os textos viraram mais populares, mas empobreceram.
Quanto mais melhor é uma boa regra no geral e uma preciosa verdade quando se fala sobre dar informação precisa. Há uma diferença enorme entre "Caloi 10, anos 70, 10 marchas Shimano, rodas 27 X 1.1/2" e Caloi 10, primeira bicicleta esportiva voltada para ciclistas iniciantes, lançada em 1971, quadro e garfo fabricados na Itália, vários tamanhos, rodas 27 X 1.1/2, aros KKT japoneses, pneus Pirelli 70 libras, câmbios e passadores Shimano, modelo em exposição fabricado em 1978, já todo nacionalizado...
Não sei onde saiu uma extensa matéria sobre a importância das palavras, de cada uma delas e delas num sentido amplo. O resumo da ópera é que quanto menos palavras mais vaga e imprecisa fica a informação, o que leva a distorções sociais importantes.
Não é porque tem muita palavra que vai funcionar melhor. Sou a prova viva disto, falo muito e falo mal, acabo não indo ao ponto.
Quem já recebeu informação de caipira mineiro (sou neto de mineiros do interior) sabe que o grau de imprecisão é tanto que só resta rir. "Segue reto, vai, vai, vai, vai e continua. Quando você chegar lá longe vai tem um cruzamento e você continua reto..." Se encontrarem alguém que chegou lá me avisem.
Numa cidade turística do litoral as placas informativas de sinalização tinham a informação correta, mas eram tantas que todos que entravam na cidade se perdiam. Resolveu-se o problema diminuindo drasticamente o número de placas. Não é a quantidade, é a qualidade.
Em Sevilha, Espanha, as ciclovias recebem a pintura de um ponto de exclamação nos principais cruzamentos com pedestres. Na mosca, funciona, e funciona porque não precisa dizer mais nada.
Passar a informação correta é sempre necessário, por isto é necessário muito cuidado com a forma como se comunica. Meu sonho de consumo seria ter esta precisão. Não tenho a mais remota dúvida que uma boa etiqueta faz toda diferença. E falo aqui sobre etiqueta social. Não estou muito errado quando digo que ter uma boa etiqueta social leva a uma boa comunicação individual e social.
Etiqueta social, nesta não se deve errar, apesar de tantos a desprezar
ps.: no Mobilidades do Estadão saiu mais uma folha sobre as opções de bicicletas 29 e nesta houve uma confusão nas etiquetas descritivas com uma Groove de R$8.000,00 pesando 14,5 kg e uma Soul de R$3.500,00 pesando 12 kg. Bom, muito pouco provável. Etiquetas trocadas ou erradas. Se alguém encontrar uma bicicleta 29 nova com 12 kg por R$3.500,00 - e não roubada, importantíssimo! - compra e me avisa que compro também. No caso de uma de R$8.000,00 com mais de 13 kg dê meia volta e procure mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário