- Quantos litros você está usando para descarga?
- Depende. Tem merda que vai mais fácil e outras que ficam boiando; Titanic total, demora mais vai. É uma merda; tem que jogar mais de um balde (de água). Mas normalmente vai com um balde só. Descobri que o ângulo e velocidade que você joga a água faz muita diferença.
- Já consegui até com 7 litros.
- Estou tentando técnicas diferentes, mas não cheguei a uma conclusão
- Por sinal, quer mais um tonel de água? 220 litros.
- Opa!
Parece conversa de loucos, mas não é. É coisa séria. Nossas represas estão muito baixas. É um erro falar que "está chovendo muito" e imaginar que podemos desperdiçar água. Mesmo com as represas cheias São Paulo tem pouca água por habitante. Temos que racionalizar o seu uso em tudo; no meu caso, diabético que vai "n" vezes por dia ao banheiro, não usar água tratada da SABESP para dar descarga é uma medida de economia para lá de sábia.
Fui pegar mais um tambor reciclado de 250 litros para estocar água de chuva. Já tenho três, mais que suficiente para estação das chuvas, mas insuficiente para os longos meses de seca. Vou ter um pouco menos de 750 litros de água captada da chuva, uma boa medida. Antes dos baldes de água de chuva gastava 6 metros cúbicos / mês, agora gasto 2 m², se tanto.
Fui pedalando. Na volta, com o tambor pendurado em minhas costas toca o celular e excepcionalmente atendo.
- Sr. Arturo?
- Quem gostaria de falar?
- Achei sua carteira, diz uma voz de senhora. Meu filho achou sua carteira (ouço enquanto coloco a mão no bolso e me dou conta que é verdade). Um minuto que ele vai falar.
- Obrigado
- Sr. Arturo, achei sua carteira no chão da rua Pirajussara com Dr. Dráusio. Onde o senhor está?
- Estou num cruzamento da av. Eliseu de Almeida com... com.. espera um pouco, deixa ver. Olho para os lados buscando os nomes das ruas, não vejo direito, gaguejo um pouco, mas falo; rua Mariani.
- Estou a duas quadras do senhor. Também sou ciclista. Um minuto e chego ai; e fico imaginando que ele virá lá de onde peguei o tambor, uns 3 km. Vai demorar, resmungo.
De longe vejo uma figura caminhando e pronto para cruzar a rua e a avenida no meu sentido. Deve ser ele, penso, olho mais um pouco e ele acena. Definitivamente é ele, e aceno também.
Sorridente me entrega a carteira e agradeço. Começa a falar como se já tivéssemos nos conhecido, não o reconheço, mas ele conta onde mora e fala com paixão sobre sua linda Barra Circular que um dia parei e elogiei muito, e então me lembro.
Nos despedimos. Sigo em frente com o tambor pendurado às costas. É impressionante como esta situação não chama mais a atenção. Bicicleta virou coisa normal. Interessante, muito interessante. No sinal fechado para cruzar a Francisco Morato para ao meu lado um conhecido, que também não reconheço a princípio, mas ele fala comigo e logo lembro. Saímos juntos, cruzamos a ponte Euzébio Matoso conversando e pedalando forte, entramos na Marginal e passamos por baixo dela, e seguimos pedalando e conversando. Entro em minha rua, ele segue em frente. Óbvio que vergonhosamente não me lembro mais do nome dele.
Chego em casa com o imenso tambor de 250 litros. Quando solto a mochila onde ele está amarrado dou conta que estava preso a minhas costas por um fio. Não saiu rolando no meio do trânsito por puro milagre. Imagine um trambolho destes rolando solto no meio da ponte ou marginal.
Alguém lá em cima me ajuda, não é possível. A carteira, depois o barril que não caiu. Quem quer que seja tem um saco de ouro comigo. Anyway muitíssimo obrigado. De alguma forma retribuo. E desculpe pelo trabalho.
Vou colocar o baril no lugar correto para captar água da chuva. Seu interior tem uma espécie de gel sem cheiro, mas me dá uma leve coceira. O que será? Fico preocupado mesmo sabendo que a casa onde comprei é tradicional e deve ter licença ambiental; ...imagino eu.
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