Você já pedalou no entorno da Represa de Guarapiranga? Não. Não sabe o que está perdendo. É um dos locais mais bonitos e agradáveis de São Paulo. Hoje temos a ciclovia que acompanha toda a av. Robert Kennedy, que vergonhosamente mudaram de nome para av. Atlântica. Que seja. Tiraram praticamente todas as construções irregulares que estavam entre a avenida e a represa, o que aumentou muito a beleza do lugar. É um passeio para dia inteiro porque dá para subir até Interlagos, há muitos bares, padarias e restaurantes, bairros agradáveis, e se o tempo estiver bom dá até para ir velejar. Alguns córregos foram recuperados, criados pequenos parques lineares. Um pouco mais adiante tem o SESC Interlagos, o maior de todos em área e sempre com uma boa programação. Dá para terminar a tarde tomando um café num dos clubes de vela vendo o pôr de sol. Melhorou muito, mas poderia estar muito melhor.
Em 2009 fomos contratados para fazer o projeto funcional de um anel cicloviário no entorno da represa. Sabíamos que seria contrapartida para um mega projeto de reurbanização de um bairro residencial de pequenas casas próximo à barragem próxima a av. Socorro, com a criação de imenso parque com algumas poucas torres, algumas residenciais, outras comerciais. O que eu não sabia é todo o projeto tinha por trás a vinda para o Brasil de um dos principais museus do planeta, o que se não é verdade, pelo menos faz todo sentido. A contrapartida iria muito além da ciclovia, e passaria pela recuperação e reurbanização de toda margem da represa Guarapiranga. Entre a barragem e o Clube de Campo São Paulo se propunha a criação de um extenso parque linear para pedestres, ciclistas, montarias, pescadores, velejadores e praticantes de outros esportes náuticos. Para a então já prevista ciclovia do rio Pinheiros seriam feitos dois acessos, um pelo canal que liga a barragem ao rio e fica paralelo a av. Guido Caloi, e outra direta para Estação CPTM Jurubatuba através de ponte para pedestres e ciclistas. Seria feita também a ligação com o autódromo de Interlagos e com terminal Grajaú através do já recuperado córrego São José.
Na outra margem da represa seria realizada a correção viária da avenida Guarapiranga, a ligação direta para pedestres e ciclistas, com deques e pequena ponte sobre um córrego, entre os Parques Municipal e Estadual - Ecológico da Guarapiranga. Uma ciclovia ligaria ao terminal M Boi Mirim. As Estradas da Baronesa e da Cumbica seriam alargadas e receberiam calçadas largas e ciclovia.
Os responsáveis pelo mega projeto nos avisaram que estava proposta a construção de uma ponte para pedestres e ciclistas ligando o Balneário Dom Carlos com o Jardim das Palmeiras, ligando as duas margens para fechar o círculo e dar a volta completa, 55 km de ciclovias, calçadas e em alguns trechos trilhas para equitação; em meio a parques náuticos e os parques lineares dos córregos recuperados. Não preciso nem falar sobre o fortalecimento dos clubes de náutica e iatismo, em especial as escolinhas de vela.
Depois de várias vistorias o projeto funcional foi entregue. Nunca mais tivemos notícia. Mais um belo projeto que sumiu do mapa. Pena. A Guarapiranga merece. Sei que há toda uma questão política e social, mas se deve levar em consideração a prioridade de preservação das águas. Com água não se brinca. Um dia recuperam, na paz ou no tapa, as nossas represas. A crise hídrica que tivemos acendeu o sinal de alerta, que não parará de tocar daqui para frente.
Estava conversando com um morador de uma das travessas da avenida Dona Belmira Marin, a que passa pelo terminal Grajaú e vai até a balsa de Bororé. Eu contava para ele sobre este projeto de recuperação da Guarapiranga com a recuperação de todos córregos pelo Projeto Córrego Limpo da SABESP com colaboração da Prefeitura de São Paulo, mais os 55 km de calçadas e ciclovias. Ele, antigo morador da área, começou a levantar as orelhas, ficar a cada palavra mais interessado. Num determinado momento ele me interrompeu e contou que mora no Jardim Shangrilá desde a década de 70, num terreno e sobrado legalizados, com documentação, água, esgoto, IPTU e tudo mais. Durante vários anos o córrego que fica próximo de sua casa era limpo e cheio de mato, dava para pescar. Começaram a chegar os invasores, gente muito pobre, e os moradores ficaram com pena, deixaram invadir e construir seus barracos ainda longe da represa. A invasão foi indo até acabar com o córrego e chegar nas águas da represa.
Depois que viram o a recuperação do córrego São José, de onde retiraram invasores, reformaram e organizaram as casas, canalizaram o esgoto, criaram um parque com campinhos e área de lazer, os vizinhos começaram a sentir inveja e mudar de ideia sobre os invasores que se instalaram no córrego. Mais, estão começando um movimento para tirar os invasores do córrego e ter parques como o São José e mais dois córregos que foram recuperados pelo Projeto Córrego Limpo.
A matemática das águas é simples: a vida depende dela e água poluída praticamente para nada serve a não ser deixar a população doente. Caiu a fixa. Há um drama social, ninguém duvida, mas se não for trabalhado rapidamente teremos um caos hídrico. Aliás, já temos. E aí, como fica?
Tudo muda com uma rapidez absurda nesta terra. O projeto funcional que fizemos faz 10 anos provavelmente tem que ser refeito. O que não pode é demorar. Guarapiranga e Billings tem que ser recuperadas com a máxima urgência.
Enquanto isto não acontece aproveita o que já existe porque é lindo, vale a pena. E o passeio deixará uma mosquinha na sua cabeça, a mesma de quem pedala na ciclovia do rio Pinheiros e vê aquela tristeza de água.
Em 2009 fomos contratados para fazer o projeto funcional de um anel cicloviário no entorno da represa. Sabíamos que seria contrapartida para um mega projeto de reurbanização de um bairro residencial de pequenas casas próximo à barragem próxima a av. Socorro, com a criação de imenso parque com algumas poucas torres, algumas residenciais, outras comerciais. O que eu não sabia é todo o projeto tinha por trás a vinda para o Brasil de um dos principais museus do planeta, o que se não é verdade, pelo menos faz todo sentido. A contrapartida iria muito além da ciclovia, e passaria pela recuperação e reurbanização de toda margem da represa Guarapiranga. Entre a barragem e o Clube de Campo São Paulo se propunha a criação de um extenso parque linear para pedestres, ciclistas, montarias, pescadores, velejadores e praticantes de outros esportes náuticos. Para a então já prevista ciclovia do rio Pinheiros seriam feitos dois acessos, um pelo canal que liga a barragem ao rio e fica paralelo a av. Guido Caloi, e outra direta para Estação CPTM Jurubatuba através de ponte para pedestres e ciclistas. Seria feita também a ligação com o autódromo de Interlagos e com terminal Grajaú através do já recuperado córrego São José.
Na outra margem da represa seria realizada a correção viária da avenida Guarapiranga, a ligação direta para pedestres e ciclistas, com deques e pequena ponte sobre um córrego, entre os Parques Municipal e Estadual - Ecológico da Guarapiranga. Uma ciclovia ligaria ao terminal M Boi Mirim. As Estradas da Baronesa e da Cumbica seriam alargadas e receberiam calçadas largas e ciclovia.
Os responsáveis pelo mega projeto nos avisaram que estava proposta a construção de uma ponte para pedestres e ciclistas ligando o Balneário Dom Carlos com o Jardim das Palmeiras, ligando as duas margens para fechar o círculo e dar a volta completa, 55 km de ciclovias, calçadas e em alguns trechos trilhas para equitação; em meio a parques náuticos e os parques lineares dos córregos recuperados. Não preciso nem falar sobre o fortalecimento dos clubes de náutica e iatismo, em especial as escolinhas de vela.
Depois de várias vistorias o projeto funcional foi entregue. Nunca mais tivemos notícia. Mais um belo projeto que sumiu do mapa. Pena. A Guarapiranga merece. Sei que há toda uma questão política e social, mas se deve levar em consideração a prioridade de preservação das águas. Com água não se brinca. Um dia recuperam, na paz ou no tapa, as nossas represas. A crise hídrica que tivemos acendeu o sinal de alerta, que não parará de tocar daqui para frente.
Estava conversando com um morador de uma das travessas da avenida Dona Belmira Marin, a que passa pelo terminal Grajaú e vai até a balsa de Bororé. Eu contava para ele sobre este projeto de recuperação da Guarapiranga com a recuperação de todos córregos pelo Projeto Córrego Limpo da SABESP com colaboração da Prefeitura de São Paulo, mais os 55 km de calçadas e ciclovias. Ele, antigo morador da área, começou a levantar as orelhas, ficar a cada palavra mais interessado. Num determinado momento ele me interrompeu e contou que mora no Jardim Shangrilá desde a década de 70, num terreno e sobrado legalizados, com documentação, água, esgoto, IPTU e tudo mais. Durante vários anos o córrego que fica próximo de sua casa era limpo e cheio de mato, dava para pescar. Começaram a chegar os invasores, gente muito pobre, e os moradores ficaram com pena, deixaram invadir e construir seus barracos ainda longe da represa. A invasão foi indo até acabar com o córrego e chegar nas águas da represa.
Depois que viram o a recuperação do córrego São José, de onde retiraram invasores, reformaram e organizaram as casas, canalizaram o esgoto, criaram um parque com campinhos e área de lazer, os vizinhos começaram a sentir inveja e mudar de ideia sobre os invasores que se instalaram no córrego. Mais, estão começando um movimento para tirar os invasores do córrego e ter parques como o São José e mais dois córregos que foram recuperados pelo Projeto Córrego Limpo.
A matemática das águas é simples: a vida depende dela e água poluída praticamente para nada serve a não ser deixar a população doente. Caiu a fixa. Há um drama social, ninguém duvida, mas se não for trabalhado rapidamente teremos um caos hídrico. Aliás, já temos. E aí, como fica?
Tudo muda com uma rapidez absurda nesta terra. O projeto funcional que fizemos faz 10 anos provavelmente tem que ser refeito. O que não pode é demorar. Guarapiranga e Billings tem que ser recuperadas com a máxima urgência.
Enquanto isto não acontece aproveita o que já existe porque é lindo, vale a pena. E o passeio deixará uma mosquinha na sua cabeça, a mesma de quem pedala na ciclovia do rio Pinheiros e vê aquela tristeza de água.
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