quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Santos, São Vicente, uma ilha no meio e grandes diferenças

Ontem pedalei em Santos e São Vicente, da balsa até a Ponte Pênsil, exatos 12 km. O tempo estava fechado, um pouco frio e com ameaça de chuva, o que felizmente deixou a ciclovia pouco carregada e muito mais divertida. É um passeio que vale a pena. Para quem tem pernas e tempo recomendo esticar até Praia Grande, que é logo ali. E pedalando lembrei um pouco da história desta ciclovia. 

A quantidade de ciclistas circulando pela avenida da praia sempre foi muito grande, principalmente em horário de pico da manhã. Os incidentes de trânsito eram frequentes, organizar o fluxo de ciclistas era necessário fazia muito. A ideia de uma ciclovia não devia ser nova e foi apresentada quando a situação era quase insustentável. Implantar a estreita ciclovia foi um parto difícil. O extenso jardim das praias de Santos é tombado pelo Patrimônio Histórico e isto gerou muito mais confusão que a instalação de ciclovias costuma gerar. Depois de muita discussão acabaram aceitando a ciclovia que está lá, estreita, dentro do jardim, paralela à calçada da praia, que virou imediatamente um atropeladouro de pedestres, principalmente da velharada santista. Não só. O projeto nasceu subdimensionado para a pesada carga matinal de ciclistas trabalhadores que vem de Praia Grande e São Vicente rumo ao porto ou Guarujá. E nasceu com um estranho desvio. 
Entre São Vicente e Santos há uma ilha de edifícios que ficam sobre a praia. Por razões desconhecidas… (para nós, simples cidadãos) a ciclovia um pouco antes desta ilha era desviada para o canteiro central através de um semáforo para cruzar a avenida e logo depois desta ilha voltava novamente a cruzar a avenida e margear a praia depois de novo semáforo. Nascida subdimensionada e estrangulada por semáforos virou um caos. Achei esta filmagem (abaixo) realizada por Eric Ferreira (dirigindo meu maravilhoso e saudoso Fiat Uno azul marinho), mas não achei outra filmagem feita de cima de um dos edifícios que mostra um pesado congestionamento de ciclistas esperando estes semáforos abrirem para cruzar a avenida. Havia mais outro filme que mostrava policiais indo atrás e parando ciclistas que decidiam cortar pela avenida junto com o trânsito. Este pequeno "desvio" da ciclovia foi durante muito tempo um dos melhores exemplos de desrespeito e falta de sensatez no trato das mobilidades. Pelo que nos foi dito na época fazer a passagem da ciclovia por trás dos edifícios, junto a areia da praia, o que evitaria toda aquela estúpida confusão, quem não permitia eram as leis… Perguntávamos "E por que não fazem os ciclistas passarem na frente dos edifícios?" A resposta era um riso amarelo e um levantar de ombros. Alguém falou baixinho que os moradores bateram o pé porque queriam entrar e sair das garagens sem problemas. Faz sentido? E para evitar possíveis conflitos com os ônibus. Também faz sentido?
E pedalando neste domingo para minha surpresa a ciclovia está passando por trás dos edifícios, como deveria ter sido desde o primeiro momento. Como a tinta está gasta a mudança deve ter sido feita faz tempo. A areia perdeu uns 2.50 m., fez diferença? (Vou entrar no assunto num outro texto).

Na outra ponta da ciclovia, entre a ponta da praia, onde está o Aquário, e a balsa estão modificando a avenida, diminuindo o espaço para automóveis para dar espaço para pedestres e ciclistas. Está ficando ótimo, civilizado. 
Tudo tem seu tempo, mas poderia ter sido feito antes, bem antes. 

E em São Vicente? Conheci São Vicente na sua época áurea. Hoje o estado geral da cidade me deixa triste, muito triste. Depredaram a cidade como fizeram com Guarujá, dois exemplos a não ser seguidos, mas que infelizmente se repetem aos montes Brasil a fora. O jardim da praia de Santos é um encanto, uma delícia de ser vivenciado, o mesmo não se pode dizer do jardim da praia de São Vicente. O mesmo quando se compara os dois trechos de ciclovia; Santos bem cuidado, São Vicente não, Santos contínuo e conectado, São Vicente não; Santos prazeroso… etc... Triste, muito triste, muito muito triste. Como disse pedalei em São Vicente até a Ponte Pênsil, um trecho com ciclovia, outro não, noutro os ciclistas não sabem para onde vão, noutro a marcação da ciclofaixa está apagada e tem carro estacionado em cima... É incrível porque aquelas cidades litorâneas têm um grande fluxo de turistas e ninguém em sã consciência tem qualquer dúvida que ciclovia é um forte atrativo.



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