sábado, 10 de novembro de 2018

stress: salvo pela bicicleta

Ontem estive com uma amiga que está sendo tratada de stress. Não é a única, não é o único, são muitos, uma quantidade sem precedentes de brasileiros recorrendo a médico, psicologo ou psiquiatra para tentar voltar a normalidade. Não é para menos, faz todo sentido, basta olhar a insanidade social que vivemos.
Ontem estive com duas amigas que estão sendo tratadas de stress. Como eu próprio já fui tratado de stress sei como é. Parece que chega do nada. Um dia estou no meio do shopping que ficava em frente a casa de minha família, que vi ser construído e praticamente fez parte de nossa casa, e simplesmente desliguei, clique, não sabia onde estava, o que estava fazendo lá, para onde ia, a bem da verdade não fazia ideia de quem era. Mesmo depois de tratado, longo tratamento, parte de minha memória simplesmente desapareceu. 
Ontem pela manha fui tomar um café com a primeira amiga, fiz um merecidíssimo elogio ao corte de cabelo, e a conversa seguiu em frente até o momento que a memória dela deu uma pequena piscada, uma ameaça de apagão, e dela correram lágrimas discretas e doídas. Eu sei o que está acontecendo, contei para ela a história de meu stress, ela se acalmou e retomou a linha da conversa depois de certo esforço pedindo desculpas. Não precisava.
A noite levei de carro para casa mais uma que pifou, a segunda amiga, querida prima. Esta pifou bonito, para valer, como eu. Perguntei como estava o tratamento do stress e ela disse que estava bem porque o médico a tinha enchido de remédios. Não faz muito ela apresentou um trabalho e a chefe simplesmente não conseguiu entender uma linha do que estava lá. Nas conversas e até pela fisionomia já dava para perceber que algo não estava indo bem. Como uma das respeitadas profissionais de sua área, tradução, virar ininteligível da noite para o dia é um tanto assustador. Sei como é; todo meu conhecimento sobre a cidade de São Paulo praticamente desapareceu desta forma. Depois que fiz a pergunta contei para ela a história das lagrimas matinas no café pela manha para dizer que o que ela está passando muitos passam e que se resolve com o tempo. Sei que não vai voltar ao que era porque na nossa idade, minha e dela, porque vira uma boa oportunidade para aposentar ou ser aposentado. Ser aposentado é duro! bem sei.

Ontem, ontem, ontem... A vida passou. Somos tão preocupados com o presente que olhamos pouco para ontem, nosso passado imediato. A ordem do dia é "já"; não nos dá tempo de respirar. Melhoramos qualquer tensão, incluindo o stress, respirando, e ontem respiramos. Ontem é uma fonte rica de prevenção. Olhar com calma, atenção e carinho para ontem traz informações preciosas para prevenir o stress de amanha. Ontem!
E exercício. Caminhar, pedalar, nadar, jogar...

Bicicleta é um ótimo preventivo. Ela virou política pública em vários países não só pela questão do transporte, mas como preventivo da saúde pública.
Hoje a bicicleta está sendo usada até para tratamento de Parkinson. Não é fácil subir numa bicicleta e sair pedalando no meio de uma crise de stress, eu bem sei, mas vale a pena tentar. Se não der caminhe. Perca-se por ai, fuja!

A vida tem um painel de controle cheio de mostradores e comandos que sempre esteve a frente de nossos olhos. Só depois de um bom stress descobrimos que há um botão grande e vermelho bem no centro do nosso painel de vida. Neste botão está escrito "FODA-SE". Use-o. E olhe para trás, para ontem, para ver onde está o verdadeiro norte. A vida vai melhorar.

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