Ontem tive uma conversa (?) que deveria ser sobre artes, mudou de rumo para cidade, dai para periferia, dai para descriminação, dai para empoderamentos (?)... Foi uma loucura e me remeteu a meu passado, quando eu tentava ganhar a disputa (?) (diga-se conversa) onde havia discordâncias as mais diversas, inconsequentes, algumas bobas. Definitivamente não conseguia ficar quieto, ouvir e entender os argumentos do outro; tinha compulsão de expor minhas ideias exatamente como fez o rapaz com quem conversava ontem.
Voltei da conversa para casa deprimido, realmente deprimido, não pelo que me foi imputado talvez sem razão ou por não ter tido espaço para resposta, mas por ter experimentado ser o outro, o interlocutor, daquelas conversas do meu passado. E porque mais maduro, portanto mais ouvinte e interessado na realidade alheia, vejo um Brasil nunca antes tão pouco maduro e perdido em suas meias verdades.
Ele é da periferia, eu sou do Jardim Europa. Eu não entendo nada do que acontece lá, segundo ele. Minhas breves visitas à periferia pouco significam, mesmo que meu objetivo então fosse só organizar a mobilidade de bicicletas e pedestres, uma questão técnica, 2+2=4, nada ideológico, nenhum empoderamento, simples questão técnica. Tenho vícios sociais... óbvio que tenho, todos temos, todos temos. Somos todos humanos. Como não sou da periferia não entendo o que é uma bicicleta usada por um pobre trabalhador que se transporta para o trabalho de salário miserável. E por ai foi a conversa; ou ele foi, sei lá. Pouco pude falar, responder, argumentar...., conversar. Me senti na pele dele e foi isto que doeu.
Num determinado momento vieram em meu socorro, aproveitei e saí. E mais tarde vieram me pediram desculpas pela situação. Agradeço, mas não é o caso.
Dois lados:
Primeiro: Fico chateado porque o que aconteceu infelizmente é praticamente regra em nossa sociedade. Não é? Estou errado, repetindo velhos erros? Fácil: saia para a rua. Quantas casas NÃO são muradas? Quantas casas conversam com a rua, com a comunidade? Casa é o reflexo do que pensa a família que lá vive. O que acaba de acontecer na eleição não é fato isolado. A história do Brasil prova que nosso forte nunca foi trocar ideias com ouvidos abertos e sensatez. "Sabe com quem está falando?" deveria fazer parte do Hino Nacional.
A esperança que tenho numa mudança vem dos muitos que viajaram firme no "nós e eles" e agora cai a fixa que não é bem assim. Tenho ouvido muitas palavras que dão alento de tempos mais "somos todos nós" - indiscriminadamente.
Segundo eu (sem vírgula):No passado eu fazia uma confusão danada e misturava as coisas. Ainda faço, a diferença que hoje escrevo, leio, releio, apago, rescrevo...
Nas conversas minha história pessoal subia com frequência e virava parâmetro para qualquer coisa que estivesse sendo conversada. Em suma, o impessoal virava pessoal. Todos nós fazemos isto, são as famosas posições pessoais, mas deve haver um limite. Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.
A vida é um teatro que deve ser trabalhado em vários planos diferentes, começando pelo público e privado que não podem nem devem se confundir. São inúmeros papeis que devem ser representados no dia a dia dentro de seus devidos papeis e espaços. Quando o pai se comporta como amigo da mesma idade do filho uma hora vai dar problema. Quando trata um patrão trata os funcionários como filhos também vai ter problema. Ciclista que pedala pela cidade com estivesse dirigindo um carro aumenta muito o risco de acidentes. Como diz o velho ditado "Cada macaco no seu galho", o que não quer dizer que não se possa pular de galho em galho e mover-se, mas sem se arrebentar no chão.
Ter água e esgoto na periferia é saúde preventiva e ponto. Não faz sentido questionar uma ação usando problemas pessoais. O tipo de bicicleta que o pessoal da periferia usa é uma questão; medidas viárias necessárias para melhorar a segurança destes ciclistas é outra; estar na periferia ou nos Jardins é simplesmente uma das variantes do problema. Misturar pontos sem um critério pode atrasar muito a chegada das melhorias. Uma coisa é uma coisa... Hoje sei disto. No passado também sabia, mas minha forma de expressar era ruim, quando não um desastre.
Sinceramente espero que volte a conversar com o rapaz. Preciso descobrir como eu tenho que me comunicar melhor com ele. É a única forma de apagar meu passado. Mais, é a única forma deste país andar para frente.
Voltei da conversa para casa deprimido, realmente deprimido, não pelo que me foi imputado talvez sem razão ou por não ter tido espaço para resposta, mas por ter experimentado ser o outro, o interlocutor, daquelas conversas do meu passado. E porque mais maduro, portanto mais ouvinte e interessado na realidade alheia, vejo um Brasil nunca antes tão pouco maduro e perdido em suas meias verdades.
Ele é da periferia, eu sou do Jardim Europa. Eu não entendo nada do que acontece lá, segundo ele. Minhas breves visitas à periferia pouco significam, mesmo que meu objetivo então fosse só organizar a mobilidade de bicicletas e pedestres, uma questão técnica, 2+2=4, nada ideológico, nenhum empoderamento, simples questão técnica. Tenho vícios sociais... óbvio que tenho, todos temos, todos temos. Somos todos humanos. Como não sou da periferia não entendo o que é uma bicicleta usada por um pobre trabalhador que se transporta para o trabalho de salário miserável. E por ai foi a conversa; ou ele foi, sei lá. Pouco pude falar, responder, argumentar...., conversar. Me senti na pele dele e foi isto que doeu.
Num determinado momento vieram em meu socorro, aproveitei e saí. E mais tarde vieram me pediram desculpas pela situação. Agradeço, mas não é o caso.
Dois lados:
Primeiro: Fico chateado porque o que aconteceu infelizmente é praticamente regra em nossa sociedade. Não é? Estou errado, repetindo velhos erros? Fácil: saia para a rua. Quantas casas NÃO são muradas? Quantas casas conversam com a rua, com a comunidade? Casa é o reflexo do que pensa a família que lá vive. O que acaba de acontecer na eleição não é fato isolado. A história do Brasil prova que nosso forte nunca foi trocar ideias com ouvidos abertos e sensatez. "Sabe com quem está falando?" deveria fazer parte do Hino Nacional.
A esperança que tenho numa mudança vem dos muitos que viajaram firme no "nós e eles" e agora cai a fixa que não é bem assim. Tenho ouvido muitas palavras que dão alento de tempos mais "somos todos nós" - indiscriminadamente.
Segundo eu (sem vírgula):No passado eu fazia uma confusão danada e misturava as coisas. Ainda faço, a diferença que hoje escrevo, leio, releio, apago, rescrevo...
Nas conversas minha história pessoal subia com frequência e virava parâmetro para qualquer coisa que estivesse sendo conversada. Em suma, o impessoal virava pessoal. Todos nós fazemos isto, são as famosas posições pessoais, mas deve haver um limite. Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.
Ter água e esgoto na periferia é saúde preventiva e ponto. Não faz sentido questionar uma ação usando problemas pessoais. O tipo de bicicleta que o pessoal da periferia usa é uma questão; medidas viárias necessárias para melhorar a segurança destes ciclistas é outra; estar na periferia ou nos Jardins é simplesmente uma das variantes do problema. Misturar pontos sem um critério pode atrasar muito a chegada das melhorias. Uma coisa é uma coisa... Hoje sei disto. No passado também sabia, mas minha forma de expressar era ruim, quando não um desastre.
Sinceramente espero que volte a conversar com o rapaz. Preciso descobrir como eu tenho que me comunicar melhor com ele. É a única forma de apagar meu passado. Mais, é a única forma deste país andar para frente.
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