Pegou muito mal as 'brincadeiras' que
torcedores brasileiros fizeram com as russas no início da Copa. Não vi os
vídeos, mas para dar tanta notícia devem ter sido bem inapropriadas. É
desnecessário ressaltar que não há nenhuma novidade neste tipo de comportamento
canarinho em campos do exterior.
Ter limites é imprescindível, mas
quais limites? Que forma de limites? Eis a questão.
Do Brasil de hoje ainda resta uma imagem
internacional de país alegre e cordial. Onde está o limite entre a alegria e o
exagero desagradável? A resposta está na inteligência. Brincadeiras devem ter
um mínimo de inteligência ou se transformam em desagradáveis ou até mesmo em
situações abomináveis.
Diz o budismo que "não existe
liberdade sem disciplina". Assim como não existe liberdade sem
inteligência, e aqui está o ponto. O nosso problema é que chegamos aqui, neste
hoje do Brasil do nunca antes, sem disciplina e muito menos inteligência.
Disciplina social para entender a importância do coletivo, do conjunto, da
civilidade. A inteligência perdemos há muito com esta história de querer fazer
justiça social dando todo apoio a todo e qualquer tipo de pobreza. Pobreza de bens
é uma coisa; pobreza cultural, intelectual ou de civilidade é outra completamente
diferente. "Quem gosta de pobreza é intelectual pois pobre gosta mesmo é
de luxo" afirmou o genial e saudoso Joãozinho Trinta. Diria eu que 'quem
gosta de pobreza ou é medíocre ou tem profunda má fé'. Não se constrói distribuindo
pobreza. A única forma de construção é distribuir riqueza.
O comportamento inapropriado de
brasileiros lá fora começa aqui dentro do Brasil, em cada segundo ou centímetro
de nossa sociedade. Estamos um país pobre porque matamos nossa inteligência. Diversão
brasileira é na base do pancadão, muita cerveja (e outras cositas mas),
churrasquinho, conversa alegre de bêbados... (dane-se o vizinho!) ditas expressões
populares que devem ser estimuladas e ressaltadas, segundo muitos.
A verdade é que com distorções
ocorridas nas últimas décadas o Brasil se transformou numa piada asquerosa: um
dos mais injustos, violentos, corruptos, pobres... A piada brasileira na Rússia
não passa de um reflexo fiel do Brasil brasileiro de hoje.
O Brasil do nunca antes que deveria ter
sido o primeiro passo para um ajuste social mais que necessário e urgente, deu
lugar a um politicamente correto medíocre e feroz, que confunde correto com condenação
sumária e castra o exercício da boa brincadeira em nome de liberdades e
direitos. Castra porque não fala em nome da razão libertária, mas do ódio, da
revanche, de ideologias nada funcionais. Aí vira uma confusão o que é liberdade
e o que é libertinagem. E dá nisto.
“As mídias sociais deram o direito à
fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma
taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para
calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do
Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a
portador da verdade” - Umberto Eco
Em nome de uma pretensa justiça deram
asas para os imbecis. Agora, a quem interessa esta libertinagem generalizada?
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