segunda-feira, 2 de julho de 2018

Piada brasileira na Rússia: uma questão de inteligência


Pegou muito mal as 'brincadeiras' que torcedores brasileiros fizeram com as russas no início da Copa. Não vi os vídeos, mas para dar tanta notícia devem ter sido bem inapropriadas. É desnecessário ressaltar que não há nenhuma novidade neste tipo de comportamento canarinho em campos do exterior.
Ter limites é imprescindível, mas quais limites? Que forma de limites? Eis a questão.

Do Brasil de hoje ainda resta uma imagem internacional de país alegre e cordial. Onde está o limite entre a alegria e o exagero desagradável? A resposta está na inteligência. Brincadeiras devem ter um mínimo de inteligência ou se transformam em desagradáveis ou até mesmo em situações abomináveis.

Diz o budismo que "não existe liberdade sem disciplina". Assim como não existe liberdade sem inteligência, e aqui está o ponto. O nosso problema é que chegamos aqui, neste hoje do Brasil do nunca antes, sem disciplina e muito menos inteligência. Disciplina social para entender a importância do coletivo, do conjunto, da civilidade. A inteligência perdemos há muito com esta história de querer fazer justiça social dando todo apoio a todo e qualquer tipo de pobreza. Pobreza de bens é uma coisa; pobreza cultural, intelectual ou de civilidade é outra completamente diferente. "Quem gosta de pobreza é intelectual pois pobre gosta mesmo é de luxo" afirmou o genial e saudoso Joãozinho Trinta. Diria eu que 'quem gosta de pobreza ou é medíocre ou tem profunda má fé'. Não se constrói distribuindo pobreza. A única forma de construção é distribuir riqueza.

O comportamento inapropriado de brasileiros lá fora começa aqui dentro do Brasil, em cada segundo ou centímetro de nossa sociedade. Estamos um país pobre porque matamos nossa inteligência. Diversão brasileira é na base do pancadão, muita cerveja (e outras cositas mas), churrasquinho, conversa alegre de bêbados... (dane-se o vizinho!) ditas expressões populares que devem ser estimuladas e ressaltadas, segundo muitos.
A verdade é que com distorções ocorridas nas últimas décadas o Brasil se transformou numa piada asquerosa: um dos mais injustos, violentos, corruptos, pobres... A piada brasileira na Rússia não passa de um reflexo fiel do Brasil brasileiro de hoje.
O Brasil do nunca antes que deveria ter sido o primeiro passo para um ajuste social mais que necessário e urgente, deu lugar a um politicamente correto medíocre e feroz, que confunde correto com condenação sumária e castra o exercício da boa brincadeira em nome de liberdades e direitos. Castra porque não fala em nome da razão libertária, mas do ódio, da revanche, de ideologias nada funcionais. Aí vira uma confusão o que é liberdade e o que é libertinagem. E dá nisto.

“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade” - Umberto Eco
Em nome de uma pretensa justiça deram asas para os imbecis. Agora, a quem interessa esta libertinagem generalizada?

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