quinta-feira, 20 de junho de 2013

Movimento Passe Livre - para onde?

No domingo (16/06) encontrei a Bia na festa junina da Perpétuo Socorro. Ela ficou brava que eu ainda não tivesse saído às ruas junto para apoiar o Movimento Passe Livre. “Você não percebe o que está acontecendo?” Desculpe, mas não percebia. Aliás, desculpe, mas ainda não está claro. Acho maravilhoso, mas muito tardio. Arnaldo Jabor, com dúvidas semelhantes, publicou um texto com o “mea culpa” interessante. Jornalistas e comentaristas de várias áreas se perguntam o que realmente está acontecendo. O básico dá para entender por que é óbvio até para o mais imbecil, mas será só isto?

“Não é só pelos R$0,20. É pelo direito de ir e vir. E é por tudo”, repete a multidão. Ótimo. Demorou! Tarifa zero, utopia igualitária (?!?).
Quem pode pedalar ou caminhar vive o direito de ir e vir. Mas são modais para pequenas distâncias. Para médias e principalmente longas distâncias entra o transporte motorizado, de preferência público, que entrou em colapso por que a cidade brasileira foi devastada pela canalhice da enxurrada do IPI Zero para carros, sob a mais absoluta burra e covarde aceitação de toda sociedade. Os custos mal começaram a aparecer, mas já uma massiva inadimplência e não é difícil relacionar a violência de guerra civil com o trânsito infernal. Espero que os manifestantes agora se lembrem de quem são os responsáveis por esta situação. Mais inteligente é “Um carro a menos”.
Tarifa zero é linda, mas é completamente irreal. Não existe custo zero, tudo são trocas, ganhos e perdas, como na natureza. Exatamente como na química, física, matemática... A história ensina: toda vez que se subverteu a ordem natural das coisas deu merda. A ideia, colocada na época de Erundina, tinha sustento na alucinação que ruiu junto com o muro de Berlin. Puft! Quem acredita em fada madrinha? Puft!

Como ficaria a cidade com tarifa de transportes zero? Alguém tem uma resposta? A população ficaria livre para percorrer longas distâncias sem freios? E ai?
A liberdade da distância é ótima, mas tem suas implicações. (Chama de volta dona História!) A mudança social ocorrida com a chegada do trem não está completamente resolvida hoje, um século e meio depois. A liberdade proporcionada pelo automóvel menos ainda. A da Internet e suas redes sociais ninguém sequer consegue avaliar corretamente. Um dos principais problemas da liberdade da distância está no grau de transformação que esta impõe à cidade, na reordenação social veloz e a consequente quebra de seu eixo básico, que é o núcleo familiar. O desajuste e violência decorrente não é resultado de imobilidade, mas da desordem urbana causada pela velocidade e a liberdade da distância que esta proporciona.

Outro fator é o efeito macro econômico do liberou geral. Este Brasil do nunca antes destes 12 últimos anos vem sinalizando constantemente tarifas zeros, numa política que primeiro dá direitos e depois se vê como fica. Solta a boiada livre pelos pastos, despreocupada. Que arrebentem as cercas, que invadam terras vizinhas, que cruzem os rios sem destino, caiam na erosão... Depois se pensa como fica o rodízio de pasto, o controle das águas, a higiene, a erosão...  No olhar inocente do Passe Livre e da Tarifa Zero fica descartada toda sabedoria acumulada pela história que nos leva aos caminhos mais fáceis ou viáveis. Pois é... Vide Cristina Kirchner, Maduro e tantos outros ‘zeros’ utópicos.

2 comentários:

  1. Ótimo texto, só discordo do "olhar inocente do Passe Livre". De inocente eles não tem é nada, jovens de classe média e alta que são cooptados por movimentos ultra esquerdistas, instruídos por professores petistas em escolas particulares.
    Duvido que tenha jovem de escola pública ou da periferia lá.
    Agora eles estão contra o latifúdio rural e ...urbano ? ( o que quer que isso signifique)

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