A lei 8.666 foi
criada na melhor das intensão e tem por princípio que as licitações devem ter
como prioridade o menor preço. Qualidade fica em segundo lugar, mas com uma
série de instrumentos de controle. Instrumentos de controle? No Brasil,
principalmente no Brasil atual? Piada! Não funciona! O resultado é o que se vê
por ai, em todas as partes: péssima qualidade, tudo desfazendo rapidamente,
perdas imensas, impossibilidade de bom uso; problemas com transporte, saúde,
educação, serviços públicos de toda ordem... Um lixo.
Mesmo quem sempre
defendeu esta Lei de Licitação está mudando o discurso. A boa intensão não
funciona, nunca funcionou, é um desastre. O Brasil empobreceu muito depois
dela. Vale para tudo, da compra de papel a construção dos estádios da copa, da
falta de papel higiênico nos aeroportos a ambulância do SAMU quebrada.
Um dos
problemas para a lei 8.666 não dar certo é a baixíssima qualidade do trabalho
prestado pela grande maioria dos brasileiros, tanto na habilidade específica,
quanto no caráter. O prazer, correção e a honra do trabalho estão hoje passados.
Bernardo,
ótimo ciclista, preocupado com a qualidade, faz mecânica e manutenção de suas
bicicletas em casa por que praticamente não há mecânicos de qualidade no
mercado. E a situação só piora. Não é só nas bicicletarias, mas na maioria dos
setores, públicos e privados, a qualidade da mão de obra só piora. Mas porque acontece
isto?
Olho para o
que aconteceu em meu banheiro e para minha vivência com a Argentina, junto os
dois e tenho uma teoria, senão uma certeza: o problema é o caráter coletivo no
ar, desintegrado por este populismo barato e extremamente perigoso.
Continuo
buscando resposta e olho mais longe, para o Brasil de “antes”. Sempre tivemos
um problemão de educação formal, escola, mas também sempre tivemos uma mão de
obra que se esforçava muito para trabalhar direito, para crescer, progredir. Progredir!
E construímos um país. Não se pode negar que naqueles tempos, do antes, construímos
um país, andamos para frente, que as coisas que foram feitas naquela época duravam.
Havia muitos e graves problemas, mas aos poucos fomos para frente.
O
desrespeito que o trabalhador (?) tem pelo trabalho é notável. Trabalho hoje é quanto
e ponto. Perdeu-se a noção de trabalho ligado a honra, a uma obra, ao futuro
coletivo. Eu sou pobre e tenho direito vem em primeiro e disparado no frente. Vale a pena ver a fala do Alexandre Garcia no Bom Dia Brasil de 04 de Maço de 2013: http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-brasil/v/alexandre-garcia-questiona-a-ma-qualidade-das-estradas-brasileiras/2438901/
E o texto de
Renato Janine Ribeiro, “Ciclistas apoiam a democracia?”, publicado no Valor
Econômico também de 04 de Março de 2013: http://www.valor.com.br/politica/3029706/ciclistas-apoiam-democracia#ixzz2MZu3JCWa
Arturo, belo post. Essa república das banânias estão falidas tanto moralmente como funcionalmente. Hoje morreu mais um, o Hugo Chavez, que ótimo para a humanidade. Faltam o Maduro e outros ditadores terem o mesmo fim. O pior é que o Lula se tivesse poder suficiente faria o mesmo.
ResponderExcluirÉ tudo muito triste, mas graças a Deus não dependemos diretamente dessa gentalha. Vamos vivendo como dá. Abração
Arturo,
ResponderExcluirÓtimo post. Concordo com o Luiz, sobre a grande ilusão que está sendo promovido neste país. Há dez anos atrás ainda se falava em qualidade, por causa da globalização, Brasil em busca de mercados, etc. Hoje, o importante é ter carteira assinada, e se trucida os empresários, com essa legislação trabalhista absurda. Há dez anos atrás se falava em reforma trabalhista, hoje no entanto, pôs-se mordaça nisto.
Em casa aqui aconteceu a mesma coisa, sumiram algumas das minhas ferramentas, fizeram trabalho razoável, mas que preciso fazer alguns ajustes. O que entendo da situação é que a construção civil está absorvendo muita mão-de-obra, e o que está no mercado para nos atender, ou é pessoal que tem algum problema, ou tem falta de sorte. Como disse, carteira assinada é importante hoje em dia, empreitada individual, como são os que pagamos por empreitada, passam por problemas, e, na cabeça deles a situação é temporária, até arranjar algo mais estável, como construção civil.
Bem, em relação a qualidade, temos que também mostrar qualidade na hora de negociar o trabalho e no pagamento. Se fazemos também nas coxas, o desempenho deles também sofre. Conheci um gestor de projetos que desenhou todas as tarefas e atrelados a entrega, com verificação da qualidade, faz-se o pagamento.
Teve sucesso, mas claro, com muita reclamação do empreendedor. :-).
Este tópico me lembra do seu artigo, "Pelo menos fez algo." (http://www.viaciclo.org.br/portal/artigos/99-artigos/370-fez-algo), em relação a serviço público. O problema é como controlar a execução da obra, ou os serviços. Na verdade, a grande parte da população, e nós mesmos, não fazemos este acompanhamento. Nós nos omitimos desta tarefa, recusamos em participar de obras públicas. Depois que fica pronto e fica uma porcaria, ficamos apontando o dedo e dizendo "Eu não te disse ? Político são corruptos."
Bem, concluindo, nós também temos culpa na história ( calhou o significado e a grafia :-)), porque somos omissos, não colaboramos e participamos, o que nos torna um tanto hipócritas. Tem os ferramentas para denunciar, como SAC, 156, CET, 1188, ouvidoria, etc ... Digamos que alguns destes canais são um S***, mas tem muitos destes serviços destes canais que funciona. Então temos que usar estes canais para de certa forma atuar, acompanhar e participar da vida pública. Os franceses tem razão em falar que nós não somos um país sério, porque se fóssemos, tivessemos esta qualidade, estariamos sendo admirados, não ridicularizado. Vindo de um país que fez uma revolução que lutaram para dar certo, é de certa forma um atestado da nossa qualidade como nação.
Então Arturo, há caminho sim, mas se não formos no caminho certo, cada um, e uma grande parte da população esclarecida, não haverá como endireitar este país.