Exatamente nesta postagem, a de número 1.500, venho a público pedir desculpas. (Deveria ter pedido muito antes.) Gravei um vídeo e enviei para um grupo com uma tremenda besteira (que novidade!). Em vez de calar a boca e dar um tempo para ver, analisar, entender, buscar mais informações, mandei mensagem de bate pronto. Bingo! Bati exatamente onde vivo criticando.
Ontem foi uma ventania danada aqui. Caiu a energia por conta de uma rede de proteção da obra de um edifício em construção que saiu voando e caiu na fiação. Foi uma beleza... E, para espanto geral da nação, leia-se moradores das ruas escuras (sem energia), os caras vieram e religaram a energia meia hora antes do que foi dito.
No meio deste apagão comecei ouvir de casa uma senhora lá na Estação Pinheiros gritando para o povo pegar o Paese. 'Uai? Trem ou metrô, quem parou?'
Pela manhã descobri que a grade da ponte passarela recém inaugurada estourou, caiu e foi parar na linha do trem. Fui lá ver. E aí comecei a ter um surto de boçalidade. Olhei, olhei, olhei, tirei conclusões apressadas, gravei alguns vídeos sem pensar e soltei. Coloquei na rede besteira explícita.
Felizmente não demorou tive uma luz e percebi o tamanho do erro. Mais um vídeo e alguns áudios tentando corrigir, mas sem saber o que fazer ao certo com toda besteirada dita. Catar os cacos e colar? Dependendo da situação não dá.
Fatos:
Um dos lados da grade de proteção que fica em cima da linha férrea não aguentou a ventania e caiu sobre a rede elétrica.
A gritaria foi geral porque a ponte passarela foi inaugurada faz só 40 dias.
Por lei a norma técnica de qualquer viaduto, ponte ou passarela, é obrigatório ter uma área de proteção mais ampla que o gradil e parapeito no espaço que fica sobre a linha férrea, o que foi respeitado. Duas, uma de cada lado. Uma destas proteções não aguentou a forte ventania.
Por que uma só?
Sai de casa com a informação que o corrimão estava solto. Estranho, eu vi sendo soldado. E está aparafusado e soldado para não ser roubado.
Prestei mais atenção nas marcas de terra e deformações na grade causadas pelo vento do que deveria, sem olhar para a solda recém feita na base da grade que indicava que havia sido reinstalada. Não sabia que tudo havia despencado, nem pensei na hipótese.
Os vídeos que fiz foram em cima de uma análise rasa preocupada com as marcas de terra no corrimão, o que foi causado pela queda da estrutura no gramado da linha férrea e ciclovia. Burrice minha.
O que refresca minha consciência, se é que refresca, é que jornalistas tarimbados falaram também um monte de besteiras.
O que foi feito está mal feito? Não. Então por que estourou e caiu? Por que não aguentou a ventania? Posso até não gostar da qualidade do material usado nas grades e corrimões, mas quem sou eu para fazer está análise.
Meu palpite é que houve uma forte turbulência junto a grade de proteção causada pela proximidade desta com a Ponte Bernard Goldfarb. Há vários vídeos, de várias partes do mundo, mostrando ruptura de elementos por terem entrado em ressonância causada por turbulência de vento. Um deles mostra a causa da queda de um avião comercial em razão da turbulência vinda do avião que decolou a frente. Alguns filmes mostram pontes entrando em ressonância e colapsando.
Dá para prever? Deve dar, mas é um estudo complicado, caro, que só se faz em situações muito específicas, não para uma grade de ponte passarela.
Quando passei de novo por lá a tarde conversei com um engenheiro e ele também acredita em turbulência. Enquanto conversava com ele, a grade de proteção do outro lado da ponte passarela, intacta, estava sendo retirada. Absurdo. Um elemento de proteção obrigatório por lei foi retirado por que a imprensa diz que está mal feito? Mais, num dos jornais televisivos o apresentador afirmou que a construtora deveria ser proibida de fazer obras públicas. Como é que é?
Numa das entrevistas passadas na TV um conhecido disse que não se sentia seguro ao cruzar a ponte passarela. Não acreditei.
É insegura? A pergunta só pode ser brincadeira.
E eu envergonhado com minhas besteiradas. Sim. Continuo. Errar acontece, mas não deveria, e que sirva de lição.