quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Postagem 1500, fiz o que luto contra

Exatamente nesta postagem, a de número 1.500, venho a público pedir desculpas. (Deveria ter pedido muito antes.) Gravei um vídeo e enviei para um grupo com uma tremenda besteira (que novidade!). Em vez de calar a boca e dar um tempo para ver, analisar, entender, buscar mais informações, mandei mensagem de bate pronto. Bingo! Bati exatamente onde vivo criticando.

Ontem foi uma ventania danada aqui. Caiu a energia por conta de uma rede de proteção da obra de um edifício em construção que saiu voando e caiu na fiação. Foi uma beleza... E, para espanto geral da nação, leia-se moradores das ruas escuras (sem energia), os caras vieram e religaram a energia meia hora antes do que foi dito.

No meio deste apagão comecei ouvir de casa uma senhora lá na Estação Pinheiros gritando para o povo pegar o Paese. 'Uai? Trem ou metrô, quem parou?'

Pela manhã descobri que a grade da ponte passarela recém inaugurada estourou, caiu e foi parar na linha do trem. Fui lá ver. E aí comecei a ter um surto de boçalidade. Olhei, olhei, olhei, tirei conclusões apressadas, gravei alguns vídeos sem pensar e soltei. Coloquei na rede besteira explícita.
Felizmente não demorou tive uma luz e percebi o tamanho do erro. Mais um vídeo e alguns áudios tentando corrigir, mas sem saber o que fazer ao certo com toda besteirada dita. Catar os cacos e colar? Dependendo da situação não dá.


Fatos:
Um dos lados da grade de proteção que fica em cima da linha férrea não aguentou a ventania e caiu sobre a rede elétrica.
A gritaria foi geral porque a ponte passarela foi inaugurada faz só 40 dias.
Por lei a norma técnica de qualquer viaduto,  ponte ou passarela, é obrigatório ter uma área de proteção mais ampla que o gradil e parapeito no espaço que fica sobre a linha férrea, o que foi respeitado. Duas, uma de cada lado. Uma destas proteções não aguentou a forte ventania.
Por que uma só?  

Sai de casa com a informação que o corrimão estava solto. Estranho, eu vi sendo soldado. E está aparafusado e soldado para não ser roubado.

Prestei mais atenção nas marcas de terra e deformações na grade causadas pelo vento do que deveria, sem olhar para a solda recém feita na base da grade que indicava que havia sido reinstalada. Não sabia que tudo havia despencado, nem pensei na hipótese.
Os vídeos que fiz foram em cima de uma análise rasa preocupada com as marcas de terra no corrimão, o que foi causado pela queda da estrutura no gramado da linha férrea e ciclovia. Burrice minha.
O que refresca minha consciência, se é que refresca, é que jornalistas tarimbados falaram também um monte de besteiras.

O que foi feito está mal feito? Não. Então por que estourou e caiu? Por que não aguentou a ventania? Posso até não gostar da qualidade do material usado nas grades e corrimões, mas quem sou eu para fazer está análise.

Meu palpite é que houve uma forte turbulência junto a grade de proteção causada pela proximidade desta com a Ponte Bernard Goldfarb. Há vários vídeos, de várias partes do mundo, mostrando ruptura de elementos por terem entrado em ressonância causada por turbulência de vento. Um deles mostra a causa da queda de um avião comercial em razão da turbulência vinda do avião que decolou a frente. Alguns filmes mostram pontes entrando em ressonância e colapsando. 
Dá para prever? Deve dar, mas é um estudo complicado, caro, que só se faz em situações muito específicas, não para uma grade de ponte passarela.  

Quando passei de novo por lá a tarde conversei com um engenheiro e ele também acredita em turbulência. Enquanto conversava com ele,  a grade de proteção do outro lado da ponte passarela, intacta, estava sendo retirada. Absurdo. Um elemento de proteção obrigatório por lei foi retirado por que a imprensa diz que está mal feito? Mais, num dos jornais televisivos o apresentador afirmou que a construtora deveria ser proibida de fazer obras públicas. Como é que é?
Numa das entrevistas passadas na TV um conhecido disse que não se sentia seguro ao cruzar a ponte passarela. Não acreditei.

É insegura? A pergunta só pode ser brincadeira. 

E eu envergonhado com minhas besteiradas. Sim. Continuo. Errar acontece, mas não deveria, e que sirva de lição.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Lugar e momento certos, ou errados

A execução absurda de Vitor Medrado, que com certeza estava no lugar e momento errado, me tirou fora do ar. Aliás, meio que ainda estou. Este é um exemplo horroroso que jamais gostaria de postar aqui. Doi muito.

"Nesta vida você precisa sorte, competência e estar no lugar certo e hora certa". Verdade verdadeira que já ouvi de vários conhecidos, entrevistados e exemplos. O inverso também vale, e como! 

O título deste texto saiu de uma conversa sobre o abençoado que me sinto e sou. Sou de uma das gerações do pós WWII, 1955, que  viveram o que de melhor este planeta podia oferecer e o ser humano podia deleitar sem culpa (na época). Mais, nasci classe média alta na América Latina, um dos poucos pedaços deste planeta que não foram afetados pela barbárie dos dois maiores conflitos que este planeta sofreu em sua história. Mais ainda, exatamente por esta distância dos países conflituosos do hemisfério norte, alguns países do hemisfério sul tiveram a grande vantagem de serem fornecedores de alimentos e matérias primas durante e, mais ainda, no imediato pós guerras. Argentina muito em especial e Brasil bem menos. Sou paulista, paulistano, outra sorte, além de tudo tive mais sorte ainda de ter convivido com muitos dos que construíram este país moderno, em vários sentidos, dos ditos de direita, centro e esquerda, intelectuais e outros mais. Posso dizer que, com raríssimas excessões, gente boa, trabalhadora, responsável, civilizada e cidadã.

Hoje deito todos dias e agradeço as bençãos que tive e tenho. Religioso? Não, definitivamente não. Acredito. Yo no creo en brujas, pero que las hay las hay! Ou seja, acredito que tem alguma coisa, uma magia (ou não), um estar no lugar certo na hora certa que é dfinido sei por o que ou quem.
Olhando para meu passado, confesso que não consigo entender como ainda estou vivo, qual é a "benção".: aquilo que vem a calhar, que é oportuno, benéfico, de grande ajuda; bem.

"A tua missão é que define tua sorte". Cuma? Missão? Que missão? MIssão definida pela religião, a igreja, os crentes na fé? Se tenho uma missão nesta vida eu prefiro defini-la no "Yo no creo en brujas, pero que las hay las hay!". Sorte, seria? 

Agradeço porque olho para os outros, ou pelo menos procuro olhar e fazer comparações. Confesso que não tenho como agradecer e não tenho como sentir (culpa?) pelos que não são tão agraciados (?) como fui.

Corri uma São Silvestre com costela quebrada. Não ia correr, mas fui tomar um expresso com um tio e vi a largada dos deficientes físicos, como eram conhecidos e chamados então. Passou de tudo. Meu queixo quase caiu vendo aqueles bravos guerreiros da vida, herois, passarem e a pergunta caiu na minha cabeça como uma bomba: Estou com uma única costela quebrada e fazendo cú doce (para correr)? Telefonei para meu médico e ele disse que fora a (discreta) dor, não haveria outros problemas. Lá fui eu. Só de raiva fiz meu melhor tempo. Como meu médico disse, descer a av. Consolação é que seria divertido (bem dolorido), depois esquentava e ia. Fui.

Quantas oportunidades perdi pela vida por não saber avaliar bem? Quantas vezes estive no lugar e hora certa e deixei passar. O simples fato de digitar isto me revira o estômago. Hoje tenho consciência das besteiras sem fim que fiz.
Será que em nossa educação geral somos educados para perceber as oportunidades? Tem alguma forma de se educar para esta sensibilidade? 

Um dos fatos que mais me marcaram foi a história da Escola Base. Uma série de informações erradas levaram ao linchamento de seus donos, absolutamente inocentes. Os donos estavam no lugar e momento errados. 
Vi e convivi com tristeza pela vida muitos que tiveram a mesma sorte, sorte de urubu (o de baixo caga no de cima), não necessariamente numa situação tão grotesca quanto dos donos inocentes da Escola Base. 

Meu pai foi embora deixando para trás uma vida repleta, bem vivida, mas também alguns passivos chatos que nem sei se ele percebeu ou se interessou. As informações que tive sempre me levaram a fazer um juízo. Várias informações e fatos concretos construíram uma história, a dele, e por consequência a minha. E só agora alguns fatos vieram a tona e mostraram que o que se sabia não era bem como se pensava. A história dele não foge a regra geral do que se sabia. Não sabemos nada de ninguém e religiosamente julgamos sem levar em consideração o lugar, o momento e contexto. Acabei descobrindo que parte do que sempre tive como certo sobre ele não era bem assim. Ele foi brilhante no aprovitar as oportunidades que o bom viver lhe deu, o resto talvez tenha sido o resto para ele, nunca saberei, nunca conversamos aberta e honestamente. 

O lugar e o momento certos não vem de conversas abertas e honestas, mas da capacidade de julgamento da situação que se vive. Em outras palavras, educação cultura, e uma sensibilidade específica, sem o que não se pode ter uma percepção correta do que está acontencedo e o que dali pode surgir.

Lugar e momento certo em nosso tempo está muito ligado à vitória, ao vencedor. Besteira. Óbvio que tem quem nasça para midas e os nascem para merdas, mesmo sendo competentes. Não tem nada a ver com ser ou não vencedor ou  perdedor. Quem ou que se é nesta vida vem sofrendo um julgamento muito muito raso, a beira do estúpido, se não completamente estúpido. 

Os grandes fatos históricos vem sendo revisitados, reavaliados e tendo seus fatos colocados nos devidos lugares. Muito dos vencedores (e perdedores) estão sendo reposicionados na ordem dos fatos. Alguns nem mesmo continuam sendo vencedores.

Sorte estar no lugar e momento certo da vida? Não só. Entra neste cálculo muito o fator "quem não chora, não mama" e esforço, persistência. Como sempre ouço: "os chatos conseguem mais fácil". Ou correm atrás de seu lugar e momento. Não é simples assim, pero "no creas solamente en brujerias. Pero que las hay las hay"

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Brasil, ame-o ou deixe-o?

O Brasil aceitou a troca de todas tomadas em nome da segurança de seus cidadãos. Dentre outras "melhorias" apareceu o terceiro pino, o terra. Para que serve se a imensa maioria das residências não tinham e seguem não tendo fiação terra e muito menos aterramento que funcione? Boa pergunta. Melhorou a segurança da população? É mesmo? Não é o que os números do Governo Federal apontavam. Não acabaram os gatos, nem a falta de padronização do sistema elétrico. O único lugar do planeta que usa este padrão de tomada é o Brasil. Antes fazíamos parte de um grupo de 34 países que continuam usando o padrão que aqui foi trocado na marra, na base da ameaça do Governo Federal, sem que ninguém entendesse porque e sem que houvesse uma manifestação coletiva para frear o absurdo. 
A melhor definição, trágica, de como foi eficiente a ação em nome da segurança de todos, foi o Museu Nacional ter virado cinzas.
De quem é a responsabilidade? Teria sido do silêncio geral? Da aceitação coletiva de cabaça baixa?

Em 2012 fiz um curso e nos três meses que estive fora minha casa foi invadida quatro vezes. Quando voltei descobri que mais quatro terrenos, ou casas, como queiram, vizinhos, tinham tido problemas semelhantes. O mesmo ocorrera do outro lado da rua, onde mais outras cinco casas vizinhas, ou terrenos contiguos, como queira, também tinham sofrido ação da bandidagem no mesmo período. Dos dez invadidos fui o único que fez B.O.. 

No dia do desmoronamento das obras do metrô terminal Pinheiros, homens da PM tiveram que obrigar funcionários de um escritório da rua Capri  a deixar o imóvel antes de terminar uma reunião de trabalho e sair da casa. Protestaram, mesmo sabendo que estavam praticamente pendurados na imensa cratera que seguia ruindo. 
No edifício Passareli, que também beirava a instável cratera, a rampa do estacionamento congestionou e parou, mesmo sob a ordem para todos deixarem tudo para trás e evacuar imediatamente o local. 
No meio do caos generalizado das ruas do entorno da cratera que se abrira, um morador do bairro ficou na esquina da rua Para Leme com Eugênio de Medeiros organizando o trânsito. Chegou um carro da Choque e um dos PMs ordenou que ele saísse de lá ou seria preso. O povo que estava em volta só olhando falou em alto e bom tom que ele estava ajudando e que se tentassem prender iria ter confusão. O homem continuou cumprindo meu dever de cidadão. Eu não entendi se a reação foi pelo bem de todos ou porque quem ordenara tinha sido um PM. De qualquer forma, o sujeito ficou ali só, com todos em volta olhando a confusão sem fazer absolutamente nada.

São inúmeros os casos onde o brasileiro simplesmente se omite, diz que não é problema dele, mesmo quando pode e deve agir ou reagir. Não resta dúvida que muito dos dramas que estamos vivendo são resultado direto da negativa de entender e assumir o básico: unidos venceremos. 
Como é cada um por si, e todos com medo de reagir, o pior da bandidagem não só faz o que quer e bem entende numa festa macabra, como deve estar rindo da covardia. Quem ganha? Alguém tem dúvida?

Em 1975 três rapazes de classe média foram metralhados e mortos pela ROTA 66, uma gota d'água num processo de saturação social com os acontecimentos de então, principalmente com a violência. O assassinato de Wlado Herzog no mesmo ano foi bem mais que do que simplesmente outra gota d'água, mas um transbordar do copo, da pia, da banheira... A partir daqueles e de outros fatos a população reagiu e acabou dando um fim na ditadura. 
Eu conhecia de vista os três, sendo que vez ou outra conversava com Pancho, um deles. Estive na missa de 7º dia numa igreja pequena de Higienópolis. Fato é que a sociedade reagiu e começou a por fim, pelo menos diminuir e muito, a violência policial.

A manifestação contra a violência realizada pelos amigos, conhecidos de Vitor Medrado, mais cidadãos, reuniu 400 ciclistas, o que gerou notícias em todos meios. 

"Não pode continuar assim! Temos que fazer alguma coisa!" ouví de vários. 

Em dois palitos chegaram à primeira pessoa que pode ter relação com a execução. A notícia só não teve mais repercussão porque o ex prefeito de sei lá onde encomendo um auto atentado.
E no Rio estão tentando a todo custo prender um traficante que, pelo que entendi, criou o TC, Traficante de Cristo, numa área ou bairro chamado "Israel". Acredite se quiser.

"Brasil, ame-o ou deixe-o", adesivo da época da ditadura.
Desculpem, mas este caos completo que vivemos não é uma continuação macabra de nossas opções?

   

A história do cornowagen e o que somos


Lhes apresento o "cornowagen". 
Mas não é um Fusca? perguntarão.
Sim, é um Fusca com teto solar original de fábrica. Foi fabricado no Brasil em 1966. Foram vendidas algumas unidades, mas logo foi retirado de produção. 
Por que? perguntarão.
Simples, no Rio de Janeiro apelidaram o bendito Fusca de cornowagen, a piada colou, e ninguém mais queria ter ou comprar um. 
Para mim a história do cornowagem define com perfeição o que somos nós, brasileiros, e faz tempo, muito tempo, afinal, num país tropical, quente, uma piada matar um carro que com teto solar aberto era uma delícia rodar, só aqui. A piada foi boa, o comprar a besteira como verdade foi uma vergonha, um símbolo inequivoco de ignorância e insegurança sem tamanho.  
Detalhe: não se fazia a mesma piada com os carros importados. Muito pelo contrário, aí teto solar era chique, objeto de desejo. Corno rico é outra coisa? 
O modelo da fotografia é alemão. O brasileiro tinha uma segunda barra de proteção no para-choque.

Que Brasil você quer?
Que cidade você quer?

Quantos de nós seremos ameaçados, espancados ou executados por um celular?

Não entendeu o que o cu tem a ver com as calças? 
O Brasil é o país das jabuticabas, dos jabotis que sobem em árvores. Esta é nossa escolha. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Vitor Medrado. Mais um assalto? Ou excução? Quem se importa?

SP Reclama
Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Vitor Medrado sofreu um latrocínio ou uma execução? A filmagem mostra Vitor parado ao lado de sua bicicleta, desce o carona da moto, levanta o braço e dá um tiro, Vitor cai e o atirador se abaixa para pegar algo. A cena é brutal, remete a tantas histórias que se tem ouvido cada dia com mais frequência, primeiro atira, depois assalta, violência pura. Sou de uma época que mesmo bandido sabia de limites que não devia passar - até no meio dele. Não existem mais. Por que? O que fazer? Se está dando um revide contra as ações policiais desmedidas na periferia e favelas? O que interessa, e não é de agora, é encontrar uma forma de parar com a barbárie institucionalizada e geral, e só vai parar quando soubermos o que realmente está acontecendo. Por que esta mudança de comportamento? Sem o fortalecimento da perícia, legistas e investigação não se vai conseguir dados. Sem a troca de dados entre polícias, estados e federação não teremos dados confiáveis. Sem dados corretos e confiáveis até a justiça não consegue executar a contento seu trabalho. A quem interessa? Pelas notícias políticas que temos é justo desconfiar. A questão, de novo, não é esta. É dar um basta, que não se dá. É apavorante! Apavorante não é mais a barbárie, mas o silêncio da sociedade. Então vem a pergunta pertinente que não quer calar: quem será a próxima vítima de latrocínio ou execução? Aguardem, porque virá, isto é líquido e certo. Sem dados, sem conhecimento, sem universalidade, ou, sem saber o que está realmente acontecendo, mostramos que aceitamos isto tudo como normal.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Educação digital aqui e no Uruguai

O JN / TV Globo fez uma série de matérias sobre a nova era digital e como estamos o Brasil. Digo eu: mal, muito mal. A matéria comparando a educação no Uruguai com a que temos aqui no Brasil nos diz que temos uma uma situação vergonhosa, em vários sentidos. A meu ver, a Globo suavizou um pouco o que acontece por aqui, mas faz parte do jogo. 
Foi uma semana de matérias de 10 ou 15 minutos cada, enfocando diversos aspactos da situação geral do que acontece no setor digital,  e porque não dizer, de nosso futuro. Uma destas matérias, a das centrais de super computadores, eu comentei em um post passado. 
Para mim foi um choque a comparação entre a educação digital no Uruguai e aqui. Aliás, não foi muito porque conheço o Uruguai e as diferenças gritantes entre nós e eles começam, ou passam, ou terminam na educação formal, informal, e social dos dois países. Me foi comentado que eles são um país pequeno e que administrar e resolver problemas fica muito mais fácil, o que está correto, mas está longe de ser o âmago da questão.

Fato é que, aqui nem quando entram numa escola e depredam ou roubam a reação da sociedade é a devida, lembrando que polícia, investigadores, e justiça são parte do que se chama sociedade, fora o povo, que se entendesse de fato sobre o que se trata educação e o valor de uma escola jamais permitiria tantas barbaridades.

Os governos querem o povo educado? Tudo indica que não, inclusive aqueles que se dizem donos da justiça social. Se quisessem de fato boa parte de nossos problemas estariam resolvidos, inclusive a alfabetização, o b a ba, o 2+2=4, coisas assim. Dizer-se protetor dos fracos e oprimidos e com 20 anos de governo não ter mudado radicalmente os números vergonhosos que temos é o que? A universidade nos salvará? Piada! 

Educação digital? Mais que urge, mas quanto se tem que corrigir para não ser um simples ato de populismo? Notebook em escola que é um forno e tem goteiras, quando não falta energia ou internet? Quando não entram e roubam tudo? Etc...
(Esquece o esgoto. Não dá para ver. O que não se vê não dá voto)

Eu recomendo muito, para quem se interessa pelo assunto, que busque as matérias do JN TV Globo. Ótimas!






quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

O que fazer com o Jardim Pantanal?

Rádio Eldorado FM 
SP Reclama
Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Passou e muito a hora de discutir a sério o problema das águas. Melhor, água não é problema, é solução, a questão é a forma como é pensada, tratada e trabalhada. Parece que ainda não aprendemos isto. Jardim Pantanal é um ótimo exemplo do que nunca deveria ter acontecido. Permitir que uma população se instale num local que inevitavelmente vai inundar não deixa dúvidas sobre a forma displicente, para dizer o mínimo, como foram e continuam sendo tratadas não só as águas, mas tudo. Empurra-se com a barriga, todos calam, soluções mágicas e populistas saem aos montes, dinheiro público é jogado pela janela ou vai sabe-se lá para onde, e assim vamos. Dinheiro público mal aplicado é um crime contra o futuro. A cada enchente quem sofre, e muito, são os moradores locais, mas quem acaba pagando a conta dos desvarios é a cidade, em outras palavras, somos todos nós. Se temos algum respeito pelos outros, pelo menos pelo próprio bolso, urge retirar toda aquela população do Jardim Pantanal, mas retirar da forma correta, com dignidade, pagando o que for necessário. Pechinchar neste caso é burrice. O que está em jogo é o recado que se dará a todos, ao futuro da cidade. Mantê-los lá é sinalizar que a cidade continuará tentando corrigir dramas crônicos que inevitavelmente voltarão a ocorrer, sob os custos e o futuro de todos contribuintes, sem exceção, aliás, principalmente em cima dos mais necessitados. O verdadeiro futuro está em saber dar um basta e encarar situações difíceis com medidas até desagradáveis. O lenga lenga do populismo mata, não tenham dúvida. 


Qual é o custo para toda cidade remover todos com diginidade do Jardim Pantanal? Ouvi que são 45 mil habitantes. Mesmo que sejam mais, estão numa área que foi, é e será alagadiça, ponto final, portanto o drama é eterno. Usar as técnicas holandesas? Não é a técnica, é a postura da população dos Países Baixos, dentre eles os holandeses, que consegue conter as águas. Contem se as águas nos Países Baixos porque eles vivem sob o manto da qualidade total. E nós? Vai dar certo aqui? 
Removendo aquela população, qual o recado seria dado para futuras invasões em áreas de proteção ambiental ou alagadiças? Sejam elas legais ou ilegais.
Qual é a quantidade de água que se retem na área do Jardim Pantanal? Qual o reflexo que aquela área desocupada e alagadiça, como deve ser, vai ter em outras áreas da cidade? Qual a diferença de tempo para a chegada das águas em áreas alagadiças rio abaixo? Qual a diferença que faz na prevenção e socorro para quem está rio abaixo?
Quanto foi gasto pelo poder público nestes 40 anos na prevenção e recuperação pós enchente do Jardim Pantanal?
Quantas perguntas não estão respondidas? Como estão sendo tomadas as decisões? Por que não sabemos de praticamente nada?

A história do Jardim Pantanal vem sendo contada sem detalhes. Até agora não sei se foi ou é invasão, se é escritura passada, de quem eram os terrenos, quem e porque permitiriu que o pessoal se instalasse lá. Quem apoiou a permanencia e novos habitantes lá?    

Jardim Pantanal é a pauta do dia. Por que não ir fundo? Por que não divulgar como se chegou a isto, dando nomes aos bois? Por que não discutir o tema sem papas na língua?

Por que não ir para o radical? Assume a várzea do rio para a cidade. Assume o erro brutal do passado. Assume o que especialistas sempre disseram: roubaram a várzea do rio, esta é a causa das enchentes. No caso do Jardim Pantanal o agravante é que, pelo que se ouve das notícias, o terreno é mais baixo que o rio. 

Não estou falando em chutar a população atingida, mas que todos, a população da cidade, se responsabilizarem pelo erro absurdo cometido no passado.
Eles merecem respeito, assim como todo o resto da população merece. Pensar isolado é não pensar na cidade. Não dá mais para "deixa assim, com sorte não vai acontecer nada". É um posicionamento completamente estúpido, improdutivo, sabotador do futuro.
A questão toda é que se continua pensando local, quando o problema é macro.
Tenho 70 anos e estou farto de ver soluções improdutivas e populistas.

Eldorado FM teve muita importância sobre a mudança do entendimento do que deveria ser os rios e as águas. Por que não aproveitar a oportunidade e levantar a questão das áreas alagadiças? E os córregos? As nascentes?

Não é sobre o Jardim Pantanal, é sobre a cidade.
Até quando vamos ficar pagando por erros de outros, não importa se de boa ou má fé? Basta!

SPTV, 06 de fevereiro de 2025: 71% dos moradores do Jardim Pantanal são mulheres e 32% crianças. Mais uma razão para tirar todos de lá o mais rápido possível. A questão é tirar com respeito, não dando esmola.
Aliás, se o problema se arrasta a 40 anos, como não se fez algo para definir, ou resolver definitivamente o problema?
A discussão sobre o que fazer fica mais insustentável. Tem que ir e resolver, ponto final.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

"O desafio do ambientalismo responsável", Estadão

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo


"O desafio do ambientalismo responsável" publicado no Opinião do Estadão deveria ser matéria de capa. Somos a sociedade dos exageros, em todos sentidos. Quanto mais melhor, e desta verdade não escapamos sequer quando o assunto é sério e nos afeta profundamente. Tenho 70 anos, o que me fez ver uma transformação ambiental que, sem exageros, se pode dizer assustadora - para pior. Mas bem antes da minha terceira idade (?), e por causa da sua consequente maturidade (?), caiu a ficha que para resolver de verdade um problema se deve buscar olhar para tudo que é correlato, e tentar avaliar causas e consequências. Fazer no impulso ou com miopia não raro não resolve como agrava a situação. Trabalhei uns 30 anos com segurança no trânsito para ciclistas, ou como prefiro dizer, a transformação do meio ambiente, leia-se cidade e cidadãos, para o bem de todos, sem excessão, através da implementação do uso racional e sensato dos modos ativos de transporte, incluindo a bicicleta. Modos ativos eram então chamados de "não motorizados", o que incluia pedestres, o que diz muito sobre aqueles tempos. Misturar segurança de ciclistas com "quantos km a mais, melhor" incorre em vários erros, inclusive na segurança do próprio ciclista, mas não vamos entrar aí. É necessário ter consciência de pelo menos as variáveis momento / viabilidade / custo / benefício. Muito além do politicamente correto "um carro a menos", como é o discurso corrente entre ciclistas. O ideal é ter muito muito menos veículos particulares circulando, ninguém nega, mas como, de que forma? Eis a questão. O que se discute há tempo é raso, cheio de propostas mágicas, inconsistentes da forma como são apresentadas. É óbvio um monte de coisa que se fala, a princípio e sem uma análise mais apurada. O que em toda a questão de transformação ambiental urgente não foi nada óbvia foi o como fazer com inteligência, sabedoria e sensatez. O "engulam por que é legal" definitivamente não é legal, mais, é sabidamente improdutivo. Passamos da hora de ouvir, entender, conversar e acertar, em tudo, não só na urgente causa ambiental. O buraco é muito mais embaixo, o que dá medo, o que leva a acreditar em contos da carochinha.
Parabéns pelo sensato texto publicado. A única crítica é que, um texto como este, pela sua importância, deveria ser aberto a todos, não só assinantes. 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Reportagem JN sobre gasto de energia com IA

O que é uma internet? Todo brasileiro bem ou mau sabe responder. Agora, o que deveria ser uma internet, esta é uma pergunta que não sei quantos sabem responder. O que temos como internet pode ser considerada uma internet digna de um dos países mais ricos, portanto  mais adiantados do planeta, como o Brasil, a 11º economia?


Em 2007 o I-ce, Interface for Cycling Expertise, ONG holandesa, levou um grupo de brasileiros para participar do Velo City, o mais importante congresso sobre segurança no trânsito de ciclistas, realizado então em Munich. De lá fomos levados para conhecer o que se faz pela bicicleta, leia-se pela cidade, na Holanda. Foram dias memoráveis, principalmente meu primeiro contato com Internet holandesa no hotel (maravilhoso) de Utrech.
No mesanino estavam os computadores para os hóspedes. Zé Lobo foi o primeiro a sentar e abrir. Deu um sorriso enigmático e trabalhou. Vagou o computador ao lado, lá fui eu, sentei na banqueta alta, digitei o endereço e a coisa abriu tão rápido que tomei um susto e quase cai para trás. Zé Lobo tirou um sarro, perguntou se eu tinha gostado e seguiu trabalhando.
Nas viagens posteriores que fiz para Europa e Estados Unidos descobri que a internet que tínhamos (e continuamos a ter) aqui no Brasil está mais para carro de boi, nem carroça é. Melhorou muito, mesmo assim é obsoleta, falha, lenta, não raro dá pau...


O JN, Jornal Nacional, colocou no ar a matéria "Inteligência artificial: tecnologia demanda geração colossal de energia elétrica" (24/01/2025; 21h07). O resumo da ópera é que o mostro que suporta a internet instalado em Barueri tem o gasto de energia correspondente a uma Brasília, Capital Federal. E no Rio Grande do Sul estão construindo uma nova que consumirá 10 vezes o consumo de Brasília, simples assim.
Tendo dito isto, tenho a dizer: nossa! que maravilha! temos postes, tudo está pendurado em postes! Brilhante!

Só lembrando, Brasil é o 11º PIB do planeta. Até quando? Se a dependência de internet, mundo digital e inteligência artificial cresce numa velocidade que assusta até quem trabalha com o assunto, como ficamos? Empostados? Emaranhados? 
Viva o poste! 
OK, provavelmente todo sistema de alimentação e distribuição destas estações deve ser subterrâneo, mas dali em diante...

O que foi aproveitado do esforço dos holandeses em mostrar quais são os caminhos para ter cidades mais humanas? Com eles, especialistas em transformações para uma vida de qualidade alta, aprendemos que as mudanças visam as cidades e todos, não especificamente os ciclistas. Bicicleta é um instrumento. Em outras palavras, não só sobre quantos km de ciclovias, como se quer aqui. O que aprendemos com eles? Sei lá, mas a gritaria é por quantos mais quilômetros melhor. Será? O resto que se dane?

Mais ou menos na mesma época a Sabesp lançou o Projeto Córrego Limpo. Com apoio da Prefeitura de São Paulo, o esgoto clandestino tinha fim, as margens eram tratadas, e em vários córregos foi realizada uma reurbanização com criação de parques lineares. O primeiro que vi na TV foi o córrego São José, na Guarapiranga. Logo fui atrás e fiquei maravilhado com o projeto, que óbvio foi jogado numa gaveta com a mudança de administração e partido político.  

Lá, na Holanda, a internet funciona porque todo sistema que a suporta funciona. Em outras palavras, não cai a energia, nem os cabos de fibra ótica correm o risco de serem cortados por um caminhão caçamba, a cidade não gera tensões sociais desnecessárias e os roubos de cabos não acontecem, o número de problemas urbanos diminuem o que faz com que as autoridades possam se preocupar com o que realmente faz diferença...
Postes? A bem da verdade não me lembro, o que por si já é uma maravilha visual. 

O número de acidentes fatais que temos é altíssimo para um país dito civilizado. Peço aos caríssimos leitores que a próxima vez que forem caminhar reparem que postes alinhados forma uma barreira visual para o trânsito que passa. Peço também que olhem com atenção para cima, para o céu. Será normal ver o azul do dia picotado por fios para tudo quanto é lado? Peço, por favor, que nas esquinas contem quantos postes tem, os de sinalização, de fiação elétrica e internet, e outros que sempre existem. Quando eu fazia o Bike Repórter da Rádio Eldorado FM, contei ao vivo na esquina da av. Faria Lima com a Al. Gabriel Monteiro da Silva exatos 29 postes. Fiz o mesmo com outras esquinas. Moral da história: fui literalmente ameaçado de morte sei lá por quem.

A quem interessa os postes? Por que não se aterra tudo, ou pelo menos o que mais importa? 

Se você tiver a pachorra de conversar com o pessoal de manutenção das prestadoras de serviço vai ouvir que muitos dos fios pendurados ninguém faz ideia de quem são. Foram esticados lá em cima, usados, e quando trocados por novos muitos simplesmente foram largados onde estavam. Mais, uma boa parte não tem sequer autorização para estar instalado onde está. Enfim, uma baderna.
O que isto tem a ver com enterrar a fiação? Tudo. A possibilidade de acabar na justiça é grande, e parou lá esquece.

Estive com dois cardeias da CET SP e um deles disse que finalmente os mapas das consecionárias está sendo entregues a Prefeitura e cruzados. E outras palavras, é possível que venhamos a ter mapas de subsolo que sejam confiáveis, o que ainda não tínhamos, ou não temos, sabe-se lá.
O que isto tudo tem a ver com as centrais de internet e inteligência artificial? Mais ou menos a mesma coisa que ter um Porche, Ferrari ou um treco do gênero e só poder sair nos fins de semana escolhendo ruas menos esburacadas que não quebrem o fundo ou a frente dos carros. 
Ou o Brasil embarca de vez na era digital, o que não fizemos até agora, ou...

Nossa que maravilha, IA! É mesmo? E o resto, como fica? 

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

São Paulo, cidade: o último que sair apaga a luz

Segundo pesquisa da Nova São Paulo, divulgada na Rádio Eldorado FM, 62% dos paulistanos se pudessem sairiam da cidade. Razões não faltam.
Depois das chuvas torrenciais, eu também, a remo.


"
São Paulo não pode parar", puta besteira! Besteira em vários sentidos, sendo o mais claro, o que está acontecendo já faz um tempo, verdade inegável: quando São Paulo não está quase parada (pelo trânsito), ela está completamente parada (pelas enchentes). Tem solução? 
Tem solução, óbvio que tem solução, mas alguém se interessa? Quem quer?

Nós nos acostumamos com o ruim. 

Ontem estive num evento com dois dos cardeais da CET, senhores que trabalharam praticamente toda a vida na empresa, conhecem o recado de ponta cabeça e de trás para frente, e estão lá, aposentados, porque gostam e porque o atual presidente da empresa pediu que ficassem. Por que? Simples, porque eles têm experiência, conhecimento e sabem o que se tem que fazer. E porque a nova geração, afirmo eu, não tem km rodados (na vida), cultura e experiência para tocar aquilo tudo para frente. Claro que tem gente boa, que é bem capaz, mas falta km, como disse o cardeal. Um outro que estava na conversa contou que as novas gerações assistem aulas ou fazem reuniões com um olho na aprovação ou no salário e outro no celular, muito mais prático e atual que um olho no peixe e outro no gato, o que é bem provável que nunca tenham ouvido falar, nem conseguem imaginar o que signifique.
 
Dirão os críticos de sempre é ocasião: "A CET é uma merda, não sabe o que faz, e o trânsito de São Paulo é o que é por causa deles". É mesmo? Por favor, explica? A culpa aqui no Brasil sempre é do outro. Mesmo sem saber a história completa, sem saber detalhes, bastidores, sem saber se havia e há apoio e colaboração da população para a coisa funcionar. Óbvio que a culpa é do outro, a culpa sempre é do outro, não resta dúvida.

Estou velho, meu grande prazer é pedalar e trabalhar. Adoro onde moro, a bagunça durante a hora do almoço, no fim de tarde e aos fins de semana, o silêncio e tranquilidade à noite, mas estou cansado de ter que me locomover pela cidade e não conseguir passar nem de bicicleta. Estou cansado de ouvir baboseira, fórmulas mágicas, burrices risíveis que não se pode rir no momento. Estou cansado de não conseguir colaborar para melhorar, aliás, é o que mais me dói. 

Estou desesperado para dar uma fugida não tanto da cidade que me cansa, mas de uma série de problemas pessoais que estão me atropelando irremediavelmente no dia a dia. Se fugir, provavelmente volto mais calmo e consigo respirar um pouco mais a cidade que amo.

Fato é que a cidade fez 471 anos, o que pouco significa. Como assim? A cidade que que as gerações mais antigas (?) conheceram e amavam praticamente desapareceu, foi linchada. Uma coisa é transformação urbana, outra é a barbárie que vem acontecendo nestes últimos anos, já disse isto e ainda não estou cansado de repetir. Quem te viu, quem te vê. 

Placa de sinalização furada a tiros

Outro dia fui ao Tatuapé, que conhecia bem, e simplesmente não consegui reconhecer. Mandaram abaixo tudo e transformaram num treco alto e chique, sei lá para quem e para que. É assim por tudo quanto é canto. A história da vida na cidade está sendo apagada sem piedade e com a concordância dos mesmos que não sabem o que significa um olho no peixe e outro no gato. Eles são o futuro. Futuro? 

Quando mandaram abaixo um dos pontos mais importantes da história desta cidade, o Largo da Batata, parada dos tropeiros, e criaram uma praça que era um deserto e hoje é um pátio cimentado com árvores, caiu minha ficha que São Paulo estava morrendo. Aquela morreu e seu restos forram jogados sabe-se lá onde no meio do entulho da demolição. 

Quem te viu, quem te vê. A pesquisa da Nova São Paulo diz muito.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Avião dos deportados

Fórum dos Leitores
O Estado de São Paulo

É literalmente deprimente a forma como Trump e seu governo estão tratando a questão dos ilegais, tão deprimente que está encobrindo questões que não deveriam ser esquecidas, como por exemplo a segurança de vôo. Qualquer passageiro que saia do comportamento normal e esperado durante um vôo pode colocar em risco todos. Supor que todos (os 80 e tantos) deportados vão se comportar como passageiros que vão fazer turismo na Disney ou votam para pegar uma praia tropical é ser mais que inocente, é de uma imprudência inominável. Numa situação destas, a possibilidade de surgir um "herói libertador" deve ser seriamente considerada, portanto conter os passageiros com algemas e outros não espanta. Já, deixá-los nas condições precárias que vieram é outra história. Aliás, por que só viemos descobrir a história das algemas agora, quando sempre foram prática dos americanos nas deportações?
Os passageiros deportados relataram para autoridades brasileiras falta de ar condicionado e, muito pior, falha em um dos motores. Estando em território brasileiro e não sendo avião oficial do Governo Americano, não seria obrigação das autoridades reter o avião para checagem e, caso necessário, revisão e manutenção antes de partir? O que aconteceria caso o avião caísse em território nacional com todos deportados abordo? O que aconteceria se caísse na região da América Central? Qual seria a reação de Trump e seu governo? Acusaria qual governo de derrubar os deportados? Usaria como álibi para uma ação militar, ação esta que já afirmou querer realizar?
 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

O julgamento do atropelamento da Marina Harkot

Estou no grupo da Bicicletada no WhatsApp. Estou orgulhoso deles. Tiveram o estômago de ir ao fórum acompanhar o julgamento do atropelador, coisa que definitivamente não tenho. Já fui atrás de B.O. de acidente que vitimou conhecidos, amigos, e outros, o que não é muito fácil de encarar. Por aí descobri que alguns acidentes a dita vítima tinha sido o causador de sua própria morte. Descobrir a causa real, ouvir depoimentos pesados, até ver fotos, consigo encarar. Julgamento, definitivamente não, principalmente com nossa baderna legal, precariedade na perícia e do trabalho legista, e ignorância geral sobre segurança viária, o que me revira o mais fundo de minhas dores e raivas.
No Brasil morre se as pencas por achismo, que começa e termina nas autoridades e no sistema legal que os suporta. Educação?

Conheci Marina um pouco antes de seu atropelamento fatal. Era uma jovem brilhante, destas que um país não pode se dar ao luxo de perder. 

O que li no WhatsApp Bicicletada sobre o andamento do julgamento é... A defesa do motorista usou tudo o que podia, não podia e não deveria para passar a culpa do atropelador para a vítima atropelada, inclusive argumentos que não encontram respaldo na lei, capacete em particular. Não li uma palavra sobre o juiz dizer "menos" para o advogado da defesa, o que nem sei se pela lei processual brasileira é permitido. Com o nível educacional que temos provavelmente baboseira deve ser tomada como licença poética mesmo num julgamento, imagino eu.

Marina estava fora da ciclovia por medo de ser assaltada. Responsabilidade do poder público. Segundo a defesa a responsabilidade do acidente é dela. 

Hoje, estive numa bicicletaria e lá, com o dono e uma ciclista semi profissional, veio a conversa sobre medo de pedalar nas ciclovias e ciclofaixas. Conheço vários ciclistas para valer e profissionais que têm pânico de pedalar no sistema cicloviário que temos, pelas mais diversas razões. Vão pela rua, exatamente como fazia Marina.
Nenhum cidadão é obrigado a expor-se ao perigo por erro ou ausência do poder público. 

O motorista estava a 92 km/h em uma via, e cidade, onde o limite é de 50 km/h. Falta gravíssima pelo CTB. Ponto final, ou inicial.
Pelos noticiários soube que há indícios claros que ele havia bebido, falta gravíssima pelo CTB. 
Falta gravíssima pelo CTB? O que significa na prática? Alguém aí pode explicar?

Falando nisto, como estão os processos dos motoristas dos Porches? 

Não faço ideia no que vai dar este julgamento. Tenho muitas razões para acreditar que pode ser mais um no qual a vitima sai mais vitima ainda, ou até culpada. 
Ou que a defesa do réu use recursos mais recursos mais recursos mais recursos e ou saia limpo por tempo corrido ou amenize tudo pela mesma razão. 

O julgamento desta mais outra morte violenta começa passados 4 anos, o que só ajuda o réu. E, tendo em vista o que normalmente acontece, 4 anos é pouco, começou cedo. 

Fato é que morre se as pencas. Quem se interessa? Só quando é um dos seus. De resto, como dantes no quartel d'Abrantes.

PS.: minha crítica às perícias e legistas vai à precária condição de trabalho que eles têm, não aos profissionais, os quais não tenho dados para julgar. Mas, perícia aparecer horas depois, ou laudo dos legistas demorar, com frequência é noticiado, é uma prova de precariedade. Aliás, nem precisa ir tão longe. Deixar precário parece ser uma estratégia de certas certezas se transformarão em nãotãocertezas, principalmente as que vão em benefício de alguns.

A lei, ora a lei!


quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Quem tem mais poder, as moto taxi ou as autoridades?

Esta história das moto taxi vai muito além da permissão oficial. Expõe a brutal crise da autoridade legalmente constituída neste Brasil. Será a apoteose do samba do crioulo louco que esqueceu de cantar que aqui tem lei que cola e lei que não cola?

A verdade é que a tropa que invadiu os três poderes nem precisava. A depredação do poder e da autoridade, está aí como sempre esteve. Vem do íntimo de cada brasileiro. O nosso atávico jeitinho especial de cada dia que o diga.

Como reverter? Reverter? Não! Medão de uma reversão. Voltar a uma depredação reguladora? Não

Como estabelecer credibilidade civilizatoria? Como construir uma autoridade crível?

As moto taxi que nos digam. A resposta parece não estar mais no centro de poder eleito.

Autoridade? Quem? O que?



A discussão é muito mais profunda. De qualquer forma o que está claro é que o sentido de autoridade está indo ou já foi para o saco. A história ensina que temos tudo para não dar certo.
Eu gosto ou não gosto desta ou daquela autoridade definitivamente não é critério para estabelecer a efetividade desta autoridade. 
Como se deve relacionar com as autoridades, esta é a questão. Ou, melhor, e mais em baixo, quem de fato é autoridade. Há uma grande diferença entre a autoridade do momento e os que são autoridade de fato. "Eu vou fazer...", primeiro é uma afirmação perigosa e não raro vazia. "Precisa ver quais são as variáveis...", ou o "não sei" costuma ser caminho mais seguro para a cosntrução do correto. 
Com as redes sociais o "eu quero já e da minha forma" é uma realidade, a bem da verdade, a realidade mais perigosa que se pode ter.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

O que se faz numa situação desta?

No meio da tempestade furiosa, o carroceiro para ao lado da caçamba de entulho vazia e descarrega nela todas as sete paredes divisórias que transportava sabe-se lá de onde. A caçamba vazia foi contratada para o entulho de uma reforma que será realizada num apartamento cujo dono sei quem é. Com tudo que foi colocado pelo carroceiro, a caçamba está praticamente cheia. Se eu convencer o carroceiro a retirar as divisórias da caçamba ele as levará para uma pracinha que tem um pouco mais a frente e largará tudo ali mesmo, como todos fazem.  
Pergunta: o que se faz numa situação destas? 

Numa igreja, pequena e lotada, foram colocadas cadeiras do lado de fora até o portão de entrada da rua. Os que vão chegando atrasados, missa já começada, vão entrando e para isto fazem com que a senhora sentada na cadeira quase encostada no portão tenha que se levantar para dar passagem. Das vinte pessoas contadas que pediram "licença", nem todas, a bem da verdade, só uma teve a inteligência, sensibilidade e educação de simplesmente fechar o portão para passar sem incomodar a senhora sentada.
Pergunta: o que se faz numa situação destas?

A criança passa aos berros de lá para cá e seus pais pouco se importam que todo o povo que está no restaurante queira um pouco de paz para almoçar. O incomodo geral é patente porque a criança é espalhafatosa. O pai dá corda para a algazarra do filho menor, enquanto a mãe continua mandando em voz alta que o maior, pré adolescente esparramado na mesa, largue o celular e coma a comida.
Pergunta: o que se faz numa situação destas?

Em cima da hora, aliás, passado da hora, acabo sabendo que tudo que preparei com carinho para receber uma pessoa não vai valer para nada. A convidada passou batido pelo meu endereço, dispensou o que ela própria tinha pedido, foi para casa da irmã, onde, aliás, ela tem sérias restrições, da irmã e do local. Mais uma vez me sinto um idiota. Não é primeira vez que acontece.
Pergunta: o que se faz numa situação destas?

A pessoa é de uma cultura e inteligência incrível. Sair com ela são duas experiências concomitentes; ouvir histórias e análises interessantíssimas, e ficar (quieto) muito ansioso, temeroso de quando vem a discussão ou briga que ele certamente vai ter com o garçom ou quem quer que seja que esteja lá ou passe por perto. Na maioria das vezes de certa forma ele tem razão, mas não consegue em nada ceder para ter um convívio social aceitável.
Pergunta: o que se faz numa situação destas?

Cansei de me sentir um trouxa. Cansei de ser bonzinho e tomar tapa na nuca. 
Só mais velho é que caiu minha ficha que há uma diferença enorme entre fazer-se de trouxa e ser condescendente. Ou ser bom ou bonzinho. Gentileza gera gentileza, disto não tenho duvida, mas na bagunça que vivemos gentileza pode ser tida como "bonzinho", aí no sentido pejorativo. E uma reação de desagrado pode ser tomada como sei o que, o que eleva o problema a níveis mais desagradáveis. 
Pergunta: o que se faz numa situação destas?

Já faz um bom tempo que tomei bronca por tentar colocar em ordem ou consertar o que é bem público, como, por exemplo catar lixo das ruas e jogá-lo no devido lixo. De fato estava exagerando. Exagerando? Sim, para Brasil eu estava exagerando. Lá fora seria e é dever de cidadão. Que as ruas fiquem sujas, assim mantenho meu equilíbrio mental. Este é o preço?

O que fazer? Como agir? Esta é a pergunta que não sai de mim no meio desta baderna que vivemos.

Devo ir até o carroceiro e mandar ele esvaziar a caçamba, colocar as paredes divisórias de volta na carroça? Se fizer, ele vai descarregar na praça, calçada ou rua, como muitos fazem e ninguém faz absolutamente nada, inclusive a polícia.
Na igreja devo pegar todos que pediram licensa para a senhora e interromperam seu ato de fé e mostrar que o simples movimento do portão, que existe para ser movimentado, cria espaço para passar sem incomodar ninguém?
No restaurante devo ir até os pais e contrariar a "boa educação" que eles estão dando aos filhos? Se eu for e assim fizer, o que acontecerá com meus convivas e com o resto do restaurante? Vão agradecer ou ficar mais tensos ainda? Como os pais vão reagir? Nada indicava que reagiriam bem. Então, fazendo assim, da criança que incomoda passo a fazer todos em volta sentirem um mal estar com a minha reação?

Pergunta: o que se faz numa situação destas? 

Ontem, enquanto pedalava, vi um carro fechando outro de forma muito agressiva. Seu motorista abriu a janela, começou a gritar com o outro, fechando a passagem definitivamente. O motorista fechado desceu do carro com uma automática imensa e foi para a janela do outro discutir. Larguei a bicicleta e fui acalmar a situação, o que consegui. O idiota gritava que o armado o tinha fechado e xingado lá trás. A mulher dele desceu do carro e teve um ataque histérico indossando a posição do marido. O armado me ouviu, voltou para o carro, onde estava toda sua família que permaneceu olhos esbugalhados e calada.
A verdade é que o idiota que fechou e gritou estava completamente errado perante a lei, o CNT, perante a civilidade, e o bom senso, desde o momento que havia iniciado a situação, lá atrás. Tivesse desacelerado uns segundos chegaria em casa em paz e sem o risco de tomar um tiro. Adiantava falar? 
E o armado... não preciso dizer. Adiantava falar?

Pergunta: o que se faz numa situação destas? Deixa que se matem? É, parece que é. Parece que hoje esta é a resposta para tudo.
Pelo jeito, a torcida é pelo "que se foda!" e "fodam-se todos!"

Entro no banheiro do cinema e dou com um sujeito mijando propositalmente na parede ao lado do mictório. Vou falar com o gerente que me diz que acontece sempre. 
O que fazer numa situação destas?

Inacreditável é que não falta quem acredita que só maluco resolve situação. Hoje viramos uma página da história e confesso que não quero sequer ver o noticiário. Deprimente!

Preciso repetir a mesma pergunta? 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Liberou geral nas redes, uma oportunidade

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Sobre a regulação das redes sociais.
É possível olhar o liberou geral de uma outra forma? Será a primeira vez na história da humanidade que o zoológico furioso estará completamente "livre" e com autorização oficial para fazer o que bem entender, o que pode fornecer dados valiosos sobre quem ou o que de fato somos. Até aqui havia uma "liberdade" que de certa forma restringia uma boa parcela da população, aqueles que por medo de uma possível vigilância, ou "censura", ou por timidez restringiram suas opiniões ou se imponham limites.
No final da década de 30 nem todos embarcaram de corpo e alma no nazismo, nem mesmo em seu auge, mas acompanharam ou se integraram para não ter problema ou ser caçado, literalmente (um outro tipo de "censura").
Nem todos que votaram em Trump, Bolsonaro, Milei, Lula e outros, estavam de pleno acordo, mas expressaram de certa forma sua insatisfação. Expressar em voto é expressar em silêncio, sem palavras, sem o fundo da questão. 
Este pessoal insatisfeito vai embarcar no liberou geral que está vindo aí? Por que sim, embarca? Por que não? Se o fizer, e é provável que muitos o façam, não será uma oportunidade de ouro para saber de fato para onde caminha a humanidade?

É no extremo, no limite, na faca afiada no pescoço, que vem à tona quem realmente se é.
Se ainda não chegamos ao limite, então quem somos nós?

Não tenho a mais remota dúvida que não estamos sequer perto do limite. O ponto final deixamos para trás faz tempo.

Bravo! João Fonseca

Rádio Eldorado FM

Bravo! João Fonseca

Muito  feliz com o sucesso do tenista João Fonseca. Espero que tenhamos, nos brasileiros e governos, aprendido que um ótimo esportista deve ser alavanca para o desenvolvimento de um esporte. Temos que parar de desperdiçar os valores que temos por aqui.

Guga, Guga..., carinho por tudo que é e fez, mas do que ele deixou, de suas conquistas, restaram pouco mais que lembranças, nada mais. Tenistas novos formados pós Guga? Foi e é assim em todos esportes. O desperdício que temos de boas oportunidades no Brasil é absurdo.
 
Precisamos de uma política esportiva inteligente, ou seja, com viés de saúde pública. Sim, saúde pública. Feito isto o resto vem a reboque, resto 

Futebol, ótimo. Só futebol, que mediocridade! Futebol bet? Pense bem! Quem acha legal que se levante um monumento a Castor de Andrade e seu Bangú. Como dizia o canto de sua torcida,

"Bangú, bola na rede e pau no cú". Profético.
Vai firme, trouxa, aposta nas bets para pagar suas dívidas!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

99 e moto táxi e o "eu faço o que quero"

Foram inúmeras as mensagens para a Rádio Eldorado FM sobre a chegada na cidade dos moto taxis, a maioria deixando sua discordância baseado nos "perigos da moto". Só um dos ouvintes relatou que usou o serviço de moto taxi na Bahia e teve uma experiência segura. 
Um dos ouvintes falou sobre um perigo além do trânsito, o assalto, possibilidade real não só para levar a moto, como também uma mochila mais ajeitada que o passageiro possa estar usando.  

Fato é que faz alguns bons anos ocorriam 70/dia motociclistas acidentados que precisavam atendimento no local por bombeiros ou SAMU. Qual será o número hoje? De qualquer forma, o custo cidade / econômia é absurdo, fora o já sabido "foi para o hospital". 
A maioria dos acidentes são causados por ciclistas jovens, inexperientes. Não duvido que por erros de condução básicos. Quanto mais velho e experiente o motociclista, menor o índice de acidente. Quem serão os condutores destas moto taxi? Como serão escolhidos? Um outro ouvinte mandou mensagem que o medo dela seria estar de passageira numa moto roubada.

Por outro lado, a 99 não difere de outras empresas que pensam e agem no "faço o que quero". Segundo a Eldorado, Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, teve uma reunião com eles, 99, faz alguns meses, quando disse não para as moto taxis na cidade. A razão para a 99 começar a operar mesmo sem autorização é simples: o poder regulatório dos governos praticamente inexiste nos dias atuais. Virou um esculhambo já faz tempo. "Eu faço o que quero" é regra aceita por toda a sociedade, com raríssimas excessões.

Para terminar, morre-se as pencas no trânsito brasileiro porque quem conduz bate o pé na certeza de que "eu sei o que estou fazendo", o que vai no mesmo caminho da forma que agem algumas empresas (ou muitas, sabe-se lá). 
Repito, somos um país onde cada um faz o que quer, ou pelo menos tem um grau de permissividade absurdo. Foda-se o outro, foda-se tudo, eu estou certo e ponto final.

Conclusão: tem lei que cola e lei que não cola. 

Agora a tarde a justiça mandou parar a operação das moto taxi. Conhecendo como funciona a coisa digo: aguardem os próximos capítulos.

Terceira pista para Santos e Trens

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Quem já viajou de carro ou ônibus para Santos em qualquer dia do ano sabe da urgência de se resolver o caos que se forma ao se aproximar da cidade e de seu porto. Se for época de safra pior ainda. Urge uma nova pista para descer e subir a serra ou a economia deste país ficará mais estrangulada que já está. O projeto apresentado para a terceira via fala sobre uma descida mais suave que as existentes para que possa facilitar a movimentação de caminhões. A recomendação técnica é que a via ideal seja de 5% de declividade, não muito longe da declividade máxima permitida para trens que é de 3%. De 5% para 3% parece que é pouco, mas não no projeto de engenharia. Não sei qual será a declividade, já que para caminhões varia entre 12% máxima aos 5% ideais. Deixo uma pergunta como leigo, mas também como cidadão preocupado com o futuro: porque não projetar a terceira via de forma que no futuro possa ser transformada em ferrovia? É de conhecimento que o transporte por caminhões não é o ideal, principalmente na escala que se tem da produção nacional, assim como para o fluxo ideal e necessário no porto de Santos. Tenho plena consciência que o problema é muito mais complexo, mas por que não investir já pensando em possíbilidades futuras? A pergunta é pertinente. Especialistas dizem que o correto seria levar em consideração desde já a ampliação viária que se fará necessária a médio prazo. 


Ainda  sobre trens, copio a resposta que dei num Whatsapp:

Eu amo trens, uma paixão que vem desde pequeno quando eram maria fumaça, ou a vapor. Tenho memória vivida das vezes que viajei em maria fumaça. Também lembro bem de minha ida de São Paulo para Corumbá e Bolívia em trem, bancos de madeira. 

Tenho livros sobre o assunto, li um pouco, trabalhei com holandeses, enfim, conheço superficialmente o assunto e algumas coisas posso afirmar sem errar.

Trem de passageiro é muito deficitário em todo planeta. Para ser viável é necessário que o sistema de trens de carga funcione bem e seja muito rentável, o que não acontece aqui por diversas razões.

Ficamos falando a besteira de trem bala quando sequer fazemos a união de trilhos bem. Aliás o brasileiro no geral não faz ideia que um trem de passageiro normal da Europa consegue rodar numa média de 180 km/h, basta que o sistema funcione. 

Uma viagem São Paulo - Rio a 180 km/h demoraria um pouco mais que de avião, se tanto. Simples, para pegar um avião você tem que chegar com antecedência, mais o tempo de voo, mais o tempo de desembarque. Ou seja, de trem seria algo por volta de 3 horas, mais ou menos a mesma coisa que em avião. Trem bala? para que?
Implantar trens normais é uma coisa, uma engenharia, um custo, um tempo, tudo realizado a partir do que já existe. Mais, urge a modernização da linha existente, a de carga. 
Já o trem bala, custos, engenharia, trajeto, tudo novo... 

Em outras palavras, precisamos mudar o foco da discussão. Trem sim, com certeza, mas o que realmente precisamos ter para que seja real, fazer funcionar, ser viável? A meu ver, primeiro passo, saber sobre o que se está falando e acertar a conversa. Pensar errado custa caro.

Vamos ver como caminha o trem para Campinas, que creio seja o primeiro passo para uma solução realista. 

Trem para Santos... que saudades. Era divino. Infelizmente deixaram tudo apodrecer. Triste. Perdemos mais um patrimônio histórico valiosíssimo.

Trem de passageiros para Santos? A velha não dá, não agora. Restaurando, só para turismo histórico, de pequena escala. O que seria necessário para ser viável a descida que passa pela linha que corre passando pelo Grajaú e de lá desce a Serra do Mar? Uma das coisas que diziam os especialistas seria o anel ferroviário que viabilizaria as cargas, dando outra escala econômica. Provavelmente reformar tudo, rever ou trocar trilhos e dormentes, o sistema de tráfego e sei lá o que mais, que mui provavelmente deve estar obsoleto.

Piuiii! Adoro! Torço para que volte ontem.

abraços