terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Brasil, ame-o ou deixe-o?

O Brasil aceitou a troca de todas tomadas em nome da segurança de seus cidadãos. Dentre outras "melhorias" apareceu o terceiro pino, o terra. Para que serve se a imensa maioria das residências não tinham e seguem não tendo fiação terra e muito menos aterramento que funcione? Boa pergunta. Melhorou a segurança da população? É mesmo? Não é o que os números do Governo Federal apontavam. Não acabaram os gatos, nem a falta de padronização do sistema elétrico. O único lugar do planeta que usa este padrão de tomada é o Brasil. Antes fazíamos parte de um grupo de 34 países que continuam usando o padrão que aqui foi trocado na marra, na base da ameaça do Governo Federal, sem que ninguém entendesse porque e sem que houvesse uma manifestação coletiva para frear o absurdo. 
A melhor definição, trágica, de como foi eficiente a ação em nome da segurança de todos, foi o Museu Nacional ter virado cinzas.
De quem é a responsabilidade? Teria sido do silêncio geral? Da aceitação coletiva de cabaça baixa?

Em 2012 fiz um curso e nos três meses que estive fora minha casa foi invadida quatro vezes. Quando voltei descobri que mais quatro terrenos, ou casas, como queiram, vizinhos, tinham tido problemas semelhantes. O mesmo ocorrera do outro lado da rua, onde mais outras cinco casas vizinhas, ou terrenos contiguos, como queira, também tinham sofrido ação da bandidagem no mesmo período. Dos dez invadidos fui o único que fez B.O.. 

No dia do desmoronamento das obras do metrô terminal Pinheiros, homens da PM tiveram que obrigar funcionários de um escritório da rua Capri  a deixar o imóvel antes de terminar uma reunião de trabalho e sair da casa. Protestaram, mesmo sabendo que estavam praticamente pendurados na imensa cratera que seguia ruindo. 
No edifício Passareli, que também beirava a instável cratera, a rampa do estacionamento congestionou e parou, mesmo sob a ordem para todos deixarem tudo para trás e evacuar imediatamente o local. 
No meio do caos generalizado das ruas do entorno da cratera que se abrira, um morador do bairro ficou na esquina da rua Para Leme com Eugênio de Medeiros organizando o trânsito. Chegou um carro da Choque e um dos PMs ordenou que ele saísse de lá ou seria preso. O povo que estava em volta só olhando falou em alto e bom tom que ele estava ajudando e que se tentassem prender iria ter confusão. O homem continuou cumprindo meu dever de cidadão. Eu não entendi se a reação foi pelo bem de todos ou porque quem ordenara tinha sido um PM. De qualquer forma, o sujeito ficou ali só, com todos em volta olhando a confusão sem fazer absolutamente nada.

São inúmeros os casos onde o brasileiro simplesmente se omite, diz que não é problema dele, mesmo quando pode e deve agir ou reagir. Não resta dúvida que muito dos dramas que estamos vivendo são resultado direto da negativa de entender e assumir o básico: unidos venceremos. 
Como é cada um por si, e todos com medo de reagir, o pior da bandidagem não só faz o que quer e bem entende numa festa macabra, como deve estar rindo da covardia. Quem ganha? Alguém tem dúvida?

Em 1975 três rapazes de classe média foram metralhados e mortos pela ROTA 66, uma gota d'água num processo de saturação social com os acontecimentos de então, principalmente com a violência. O assassinato de Wlado Herzog no mesmo ano foi bem mais que do que simplesmente outra gota d'água, mas um transbordar do copo, da pia, da banheira... A partir daqueles e de outros fatos a população reagiu e acabou dando um fim na ditadura. 
Eu conhecia de vista os três, sendo que vez ou outra conversava com Pancho, um deles. Estive na missa de 7º dia numa igreja pequena de Higienópolis. Fato é que a sociedade reagiu e começou a por fim, pelo menos diminuir e muito, a violência policial.

A manifestação contra a violência realizada pelos amigos, conhecidos de Vitor Medrado, mais cidadãos, reuniu 400 ciclistas, o que gerou notícias em todos meios. 

"Não pode continuar assim! Temos que fazer alguma coisa!" ouví de vários. 

Em dois palitos chegaram à primeira pessoa que pode ter relação com a execução. A notícia só não teve mais repercussão porque o ex prefeito de sei lá onde encomendo um auto atentado.
E no Rio estão tentando a todo custo prender um traficante que, pelo que entendi, criou o TC, Traficante de Cristo, numa área ou bairro chamado "Israel". Acredite se quiser.

"Brasil, ame-o ou deixe-o", adesivo da época da ditadura.
Desculpem, mas este caos completo que vivemos não é uma continuação macabra de nossas opções?

   

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