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O Estado de São Paulo
Passou e muito a hora de discutir a sério o problema das águas. Melhor, água não é problema, é solução, a questão é a forma como é pensada, tratada e trabalhada. Parece que ainda não aprendemos isto. Jardim Pantanal é um ótimo exemplo do que nunca deveria ter acontecido. Permitir que uma população se instale num local que inevitavelmente vai inundar não deixa dúvidas sobre a forma displicente, para dizer o mínimo, como foram e continuam sendo tratadas não só as águas, mas tudo. Empurra-se com a barriga, todos calam, soluções mágicas e populistas saem aos montes, dinheiro público é jogado pela janela ou vai sabe-se lá para onde, e assim vamos. Dinheiro público mal aplicado é um crime contra o futuro. A cada enchente quem sofre, e muito, são os moradores locais, mas quem acaba pagando a conta dos desvarios é a cidade, em outras palavras, somos todos nós. Se temos algum respeito pelos outros, pelo menos pelo próprio bolso, urge retirar toda aquela população do Jardim Pantanal, mas retirar da forma correta, com dignidade, pagando o que for necessário. Pechinchar neste caso é burrice. O que está em jogo é o recado que se dará a todos, ao futuro da cidade. Mantê-los lá é sinalizar que a cidade continuará tentando corrigir dramas crônicos que inevitavelmente voltarão a ocorrer, sob os custos e o futuro de todos contribuintes, sem exceção, aliás, principalmente em cima dos mais necessitados. O verdadeiro futuro está em saber dar um basta e encarar situações difíceis com medidas até desagradáveis. O lenga lenga do populismo mata, não tenham dúvida.
Qual é o custo para toda cidade remover todos com diginidade do Jardim Pantanal? Ouvi que são 45 mil habitantes. Mesmo que sejam mais, estão numa área que foi, é e será alagadiça, ponto final, portanto o drama é eterno. Usar as técnicas holandesas? Não é a técnica, é a postura da população dos Países Baixos, dentre eles os holandeses, que consegue conter as águas. Contem se as águas nos Países Baixos porque eles vivem sob o manto da qualidade total. E nós? Vai dar certo aqui?
Removendo aquela população, qual o recado seria dado para futuras invasões em áreas de proteção ambiental ou alagadiças? Sejam elas legais ou ilegais.
Qual é a quantidade de água que se retem na área do Jardim Pantanal? Qual o reflexo que aquela área desocupada e alagadiça, como deve ser, vai ter em outras áreas da cidade? Qual a diferença de tempo para a chegada das águas em áreas alagadiças rio abaixo? Qual a diferença que faz na prevenção e socorro para quem está rio abaixo?
Quanto foi gasto pelo poder público nestes 40 anos na prevenção e recuperação pós enchente do Jardim Pantanal?
Quantas perguntas não estão respondidas? Como estão sendo tomadas as decisões? Por que não sabemos de praticamente nada?
A história do Jardim Pantanal vem sendo contada sem detalhes. Até agora não sei se foi ou é invasão, se é escritura passada, de quem eram os terrenos, quem e porque permitiriu que o pessoal se instalasse lá. Quem apoiou a permanencia e novos habitantes lá?
Jardim Pantanal é a pauta do dia. Por que não ir fundo? Por que não divulgar como se chegou a isto, dando nomes aos bois? Por que não discutir o tema sem papas na língua?
Por que não ir para o radical? Assume a várzea do rio para a cidade. Assume o erro brutal do passado. Assume o que especialistas sempre disseram: roubaram a várzea do rio, esta é a causa das enchentes. No caso do Jardim Pantanal o agravante é que, pelo que se ouve das notícias, o terreno é mais baixo que o rio.
Não estou falando em chutar a população atingida, mas que todos, a população da cidade, se responsabilizarem pelo erro absurdo cometido no passado.
Eles merecem respeito, assim como todo o resto da população merece. Pensar isolado é não pensar na cidade. Não dá mais para "deixa assim, com sorte não vai acontecer nada". É um posicionamento completamente estúpido, improdutivo, sabotador do futuro.
A questão toda é que se continua pensando local, quando o problema é macro.
Tenho 70 anos e estou farto de ver soluções improdutivas e populistas.
Eldorado FM teve muita importância sobre a mudança do entendimento do que deveria ser os rios e as águas. Por que não aproveitar a oportunidade e levantar a questão das áreas alagadiças? E os córregos? As nascentes?
Não é sobre o Jardim Pantanal, é sobre a cidade.
Até quando vamos ficar pagando por erros de outros, não importa se de boa ou má fé? Basta!
SPTV, 06 de fevereiro de 2025: 71% dos moradores do Jardim Pantanal são mulheres e 32% crianças. Mais uma razão para tirar todos de lá o mais rápido possível. A questão é tirar com respeito, não dando esmola.
Aliás, se o problema se arrasta a 40 anos, como não se fez algo para definir, ou resolver definitivamente o problema?
A discussão sobre o que fazer fica mais insustentável. Tem que ir e resolver, ponto final.
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