O que é uma internet? Todo brasileiro sabe responder. Agora, o que deveria ser uma internet, esta é uma pergunta que não sei quantos sabem responder. O que temos como internet pode ser considerada uma internet digna de um dos países mais ricos, portanto adiantados do planeta?
Em 2007 o I-ce, Interface for Cycling Expertise, ONG holandesa, levou um grupo de brasileiros para participar do Velo City, o mais importante congresso sobre segurança no trânsito de ciclistas, realizado em Munich. De lá fomos levados para conhecer o que se faz pela bicicleta, leia-se pela cidade, na Holanda. Foram dias memoráveis, principalmente meu primeiro contato com Internet holandesa no hotel (maravilhoso) de Utrech.
No mesanino tinham computadores para os hóspedes. Zé Lobo foi o primeiro a sentar e abrir. Deu um sorriso enigmático e trabalhou. Vagou o computador ao lado, lá fui eu, sentei na banqueta alta, digitei o endereço e a coisa abriu tão rápido que tomei um susto e quase cai para trás. Zé Lobo tirou um sarro, perguntou se eu tinha gostado e seguiu trabalhando.
Nas viagens posteriores que fiz para Europa e Estados Unidos descobri que a internet que tínhamos (e continuamos a ter) aqui no Brasil está mais para carro de boi, nem carroça é. Melhorou muito, mesmo assim é obsoleta, falha, lenta, não raro dá pau...
O JN, Jornal Nacional, colocou no ar a matéria "Inteligência artificial: tecnologia demanda geração colossal de energia elétrica" (24/01/2025; 21h07). O resumo da ópera é que o mostro que suporta a internet que existe em Barueri tem o gasto de energia correspondente uma Brasília, Capital Federal. E no Rio Grande do Sul estão construindo uma nova que consumirá 10 vezes o consumo de Brasília, simples assim.
Tendo dito isto, tenho a dizer: nossa! que maravilha! temos postes, tudo está pendurado em postes! Brilhante!
Só lembrando, Brasil é o 11º PIB do planeta. Até quando? Se a dependência de internet, mundo digital e inteligência artificial cresce numa velocidade que assusta até quem trabalha com o assunto, como ficamos? Empostados? Emaranhados?
Viva o poste!
O que foi aproveitado do esforço dos holandeses em mostrar quais são os caminhos para ter cidades mais humanas? Com eles, especialistas em transformações para uma vida de qualidade alta, aprendemos que as mudanças visam a cidades e todos, não especificamente os ciclistas. Bicicleta é um instrumento. Em outras palavras, não só sobre quantos km de ciclovias, como se quer aqui. O que aprendemos com eles? Sei lá, mas a gritaria é por quantos mais quilômetros melhor. Será? O resto que se dane?
Mais ou menos na mesma época a Sabesp lançou o Projeto Córrego Limpo. Com apoio da Prefeitura de São Paulo, o esgoto clandestino tinha fim, as margens eram tratadas, e em vários córregos foi realizada uma reurbanização com criação de parques lineares. O primeiro que vi na TV foi o córrego São José, na Guarapiranga. Logo fui atrás e fiquei maravilhado com o projeto, que óbvio foi jogado numa gaveta com a mudança de administração e partido político.
Lá, na Holanda, a internet funciona porque todo sistema que a suporta funciona. Em outras palavras, não cai a energia, nem os cabos de fibra ótica não correm o risco de serem cortados por um caminhão caçamba, a cidade não gera tensões sociais desnecessárias e os roubos de cabos não acontecem, o número de problemas urbanos diminuem o que faz com que as autoridades possam se preocupar com o que realmente faz diferença...
Postes? A bem da verdade não me lembro, o que por si já é uma maravilha.
O número de acidentes fatais que temos é altíssimo para um país dito civilizado. Peço aos caríssimos leitores que a próxima vez que forem caminhar reparem que postes alinhados forma uma barreira visual para o trânsito que passa. Peço também que olhem com atenção para cima, para o céu. Será normal ver o azul do dia picotado por fios para tudo quanto é lado? Peço, por favor, que nas esquinas contem quantos postes tem, os de sinalização, de fiação elétrica e internet, e outros que sempre existem. Quando eu fazia o Bike Repórter da Rádio Eldorado FM, contei ao vivo na esquina da av. Faria Lima com a Al. Gabriel Monteiro da Silva exatos 29 postes. Fiz o mesmo com outras esquinas. Moral da história: fui literalmente ameaçado de morte sei lá por quem.
A quem interessa os postes? Por que não se aterra tudo, ou pelo menos o que mais importa?
Se você tiver a pachorra de conversar com o pessoal de manutenção das prestadoras de serviço vai ouvir que muitos dos fios pendurados ninguém faz ideia de quem são. Foram esticados lá em cima, usados, e quando trocados por novos muitos simplesmente foram largados onde estavam. Mais, uma boa parte não tem sequer autorização para estar instalado onde está. Enfim, uma baderna.
O que isto tem a ver com enterrar a fiação? Tudo. A possibilidade de acabar na justiça é grande, e parou lá esquece.
Estive com dois cardeias da CET SP e um deles disse que finalmente os mapas das consecionárias está sendo entregues a Prefeitura e cruzados. E outras palavras, é possível que venhamos a ter mapas de subsolo que sejam confiáveis, o que ainda não tínhamos, ou não temos, sabe-se lá.
Nossa que maravilha, IA! É mesmo? E o resto, como fica?
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