Estou limpando os meus rascunhos, a maioria vou publicar, mesmo consciente que se pensasse em público não deveria.
Faz algum tempo tenho sido atropelado por minhas próprias ações. Não faz muito fui atropelado por um erro grosseiro de posicionamento familiar que me deixou estendido na cama, muito pior que se tivesse sido atropelado por uma betoneira. A zonzeira pós o infeliz ocorrido durou até o dia que me olhei no espelho e sorri: "Ok! Errei pesado, mas estou livre. Estou consciente e não estou nem um pouco a fins de repetir a mesma besteira de novo", e pensei isto com uma certeza que poucas vezes na vida tive.
Um dia, no meio de uma festa, tive uma morte - literalmente. Provavelmente minha glicemia zerou por alguns minutos. Voltei ao normal sem me dar conta do que tinha acontecido. No dia seguinte passei por um jardim que eu via todos dias, parei, voltei para trás e me dei conta que eu nunca tinha visto aquele jardim, aquelas flores, folhagens, arbustos, insetos..., nunca com tanta consciência. Até então eu vivia, a partir de então eu passei a viver, há uma monumental diferença aí. Mais ou menos a mesma coisa que aconteceu agora.
Aviso aos navegantes: fui atropelado emocionalmente e não fisicamente. Minha bicicleta está bem, inteira, bonitinha e funcional como sempre. Também não fui atropelado caminhando. A bem dizer, atropelei-me.
Sou magro, alto, e não tenho um corpo forte, muito pelo contrário. Adorava jogar futebol, jogava como líbero, na frente da defesa. E cheguei a jogar algumas partidas com jogadores que participavam do campeonato municipal de várzea, o que é futebol para valer, sem moleza ou cordialidades. Lá ou você aprende a se posicionar como homem ou está morto, vão passar por cima de você, isto se não te machucarem só por diversão. E aprendi a ser respeitado, a ter uma postura que não permitisse que passassem por cima de mim. Infelizmente o aprendizado não foi replicado no dia a dia do trabalho, nem na minha vida social e de família.
Com um perfil muito crítico e um tanto agressivo, ou arrogante, ou sei lá o que, ou tudo junto, decidi que para não criar mais problemas para mim e para os outros tinha que abaixar a cabeça e aceitar o posicionamento do outro. Erro estúpido, erro grosseiro, se arrependimento matasse eu estaria morto, enterrado e virado cinzas.
Um neto, pré adolescente, o segundo mais alto da classe, forte feito um cavalo para sua idade, outro dia foi empurrado para a grade por um baixinho, e não reagiu. Por que? Medo de machucar o baixinho aceitou a situação. Ups!
É muito difícil saber colocar-se bem numa sociedade, mais ainda nesta baderna que vivemos. Vivemos uma redefinição de valores que navega sem bussula por mares atormentados. Que seja. Mesmo em sociedades mais calmas e estáveis posicionar-se bem socialmente não é para qualquer um, mas se não é fácil, pelo menos que não se cometa erros crassos.
Olho para trás e fico impressionado com o que consegui se comparado com o que poderia ter conseguido se não tivesse sido tão "bonzinho". Arreganhar os dentes de vez em quando faz bem, ô!, como faz.
"Os chatos sempre conseguem mais", a frase não é minha, mas cabe bem aqui ou em qualquer momento da vida. Entenda-se, chato é o que corre atrás, o que persiste, insiste, mas... com jeitinho, educação, com respeito pelo próximo.
Peça! Reinvidinque! Proponha! Insista! se for necessário arreganhe os dentes. Seja um chato (sem exclamação! com exclamação é muito chato, aí fica chato e nada pior que um chato).
Aprenda a se posicionar socialmente. Se acha que sabe, cuidado! Olhe-se no espelho.
Não fique em silêncio.
Aparte: rede social, como é comumente usada, não é posicionamento, mas vômito.
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