quinta-feira, 16 de maio de 2024

catástrofe Rio Grande do Sul

Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant
Custo de deslocar cidades no RS chega a R$ 30 bi, estima governo
Cruzeiro do Sul, Roca Sales e Muçum ficam à margem do rio Taquari, um dos mais afetados pelas fortes chuvas.

A notícia é velha, os números agora são outros, o tamanho da catásfrofe também. Tudo muito muito maior. 

Um dos prefeitos reuniu seus secretários, depois chamou a população e disse que a cidade tem que mudar de lugar para que novas catástrofes não se repitam. 

Conversei com uma amiga de lá, que foi pouco atingida, e pela primeira vez que ouvi que o Rio Grande do Sul tem que se repensar para se reconstruir. Ou as catástrofes continuarão como continuam em Blumenau e região.

Estou em NY, cidade que desde 2007 vem recebendo mudanças sensíveis no uso do espaço público das ruas. O que vem sendo feito tem dado resultado. A razão é simples: projetos eficientes, sérios, bem pensados, que atendem a um macro planejamento de longo prazo, discutidos civilizadamente com a população, um cronograma de trabalho realista, bem estabelecido e cumprido, correção dos possíveis erros e imprevistos, e principalmente execução final com qualidade. Foi assim que Jeanette Sadik-Khan, ex comissária do Departamento de Transportes de NY, conseguiu implantar uma radical transformação em 20 quarteirões na Broadway Ave. que abriu as portas para uma transformação no pensar o espaço público e o espaço privado de uso público de Manhattan e a cidade de NY como um todo. 
Jeanette Sadik-Khan só pôde realizar o que realizou, e definitivamente foi não pouco, porque no final da década de 70, ou seja mais de 30 anos antes, as autoridades decidiram dar um basta no caos que NY vivia. Você acha que o Rio de Janeiro é violento? Pena que você não viveu em NY nos anos 80 para entender o que é violência, sujeira, baderna urbana, desalento, depressão econômica, miséria... 
Como NY reverteu isto? Foi feito o que era necessário fazer para resolver os inúmeros problemas. Muito diferente de bla bla bla, de programa deste ou aquele governo, que não raro é só propraganda de governo, onde cada um faz e desfaz o que bem entender porque não atende a seus princípios políticos e ideológicos, e outros mais. É deprimente, realmente deprimente, mas é o cheiro que está vindo dos pampas. 

NY hoje é uma outra cidade. Tive a sorte de conseguir acompanhar de perto a impressionante transformação que segue vindo. Outro dia caminhei na Amsterdam Ave. entre a 77th St. e a 85th St. As mudanças implantadas, principalmente a diminuição do espaço para automóvies e as vagas vivas, transformaram o local que bem conhecia. No lugar de pequenos comércios de sobrevivência, daqueles que vendem baratinho quinquilharias, surgiram pequenos restaurantes de todos tipos. Mudou radicalmente a vida na rua, que agora está cheia de vida, gente sentada, caminhando, conversando, comendo, gente com expressão feliz, amigável, cidade viva. Não citei a ciclovia, por que? A população entende que ajudaram muito na transformação, mas por ela praticamente só circulam entregadores a milhão, e os atropelamentos de pedestres são frequentes. Precisam repensar a situação, o que pelo que entendi já vem acontecendo.

Tudo são maravilhas? Não. Toda transformação tem seu preço. A questão é colocar na balança os prós e contras com dados, informação correta, e um olho no futuro melhor para a maioria. 

Interesse público ou da cidade? Não é a mesma coisa? Não necessariamente. Fosse levado em consideração o interesse público, ou de boa parte da população, a Paris que está aí, a Paris de Hausmann, que foi toda reurbanizada e reconstruída, jamais teria se transformado na capital do mundo. O Central Park de NY continuaria sendo terra para pequenos fazendeiros e favelas. As cidades continuariam sendo as cidades do automóveis. Etc... 

Com a catástrofe do Rio Grande do Sul está em jogo muito mais do que a recuperação de um estado ou de sua população. Está em jogo o futuro do Brasil, não porque os gauchos são a 4ª economia do país, mas porque o que for decido e realizado lá pode e deve servir de refererência para o resto do país. Eu acredito nos gauchos, mas guardo o direito a dúvida que o resto do país aprenda algo com o que aconteceu e acontecerá. Não aprendeu em outras catástrofes...

Não dá para fazer errado, não dá para brincar de politica ou ideologia, onde quer que seja. É deprimente, mas já se divulga discordâncias políticas eleitorias que podem atrapalhar e muito a recuperação do Rio Grande do Sul. Começou muito mal.

Um dia me explicaram a diferença entre o Brasil e os Estados Unidos da América
Pegue um problema ou um projeto. Dê para um brasileiro, ele vai se sair bem e ter boas ideias. Brasileiro é inventivo, desprendido. Junte a ele outro brasileiro, os dois vão pensar e trabalhar melhor. Adicione mais outro brasileiro e as discordâncias se iniciarão. E quantos mais brasileiros estiverem trabalhando no problema ou projeto, mais confuso será o processo. 
Peque o mesmo problema ou projeto, dê para um americano. No geral os americanos são mais amarrados, tem menos jogo de cintura, mas o sujeito fará tudo para conseguir dar seu melhor. Junte um segundo americano e as ideias vão começar a surgir. Mais outro e o processo será mais produtivo. E assim por diante. 

Confio nos gauchos, confio na união que sempre tiveram. Espero que sejam ajudados e não atrapalhados.   

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