sexta-feira, 15 de março de 2024

Quando seu valor é o da sua bolsa, ou bolso


O pequeno detalhe na foto acima é o preço. Quanto? R$ 239.810,00. Não, a vírgula não está errada. Você entra na loja e eles confirmam, "duzentos e trinta e nove mil e....". Uma bolsa. Não é o código? Não, não é. Tem quem compre? Tem. E não é a mais cara. 
Numa papelaria de bairro, tirando um sarro da loucura do preço, e perguntando para a mulher simples que estava ao lado se ela pagaria, ouvimos lá no fundo uma voz de uma bela menina, "Se eu tivesse dinheiro para pagar, compraria. A (não me lembro o nome da cantora americana) tem dinheiro e comprou, eu também compraria, se tivesse dinheiro compraria". Ups! Vai responder o que?

A questão é "quem sou eu?", que já faz tempo se pode traduzir em "quanto eu valho?". Entro e saio rapidamente da discussão sobre capitalismo que talvez passe pela cabeça. Quanto mais eu leio, mais fica claro que o "quanto eu valho" definitivamente não é uma questão capitalista, de política, mas humana, que acontece em toda e qualquer ideologia, religião ou o que quer que seja. Ser ou ter é uma questão humana e não só, é um dilema que atinge todos animais e insetos, todos, sem exceção. Regra de sobrevivência, simples assim, só isto e nada mais.

Agora, bolsa de R$ 20.000,00, 30.000, 40.000,00..., R$100.000,00 (?)..., R$ 240.000...? E não para por aí, acreditem se quiser. Não sei o que estão pensando, mas eu não consigo entender. Ou consigo e não aceito, nem sei se tenho direito de aceitar ou não. Para mim é um símbolo de extrema pobreza. Não tem nada a ver com ser chique. 

"Vão se os dedos e ficam os anéis", ou, "Vão se os anéis e ficam os dedos"; that's the question! A versão original e popular é "Vão se os anéis e ficam os dedos", ou seja, tudo é possível recuperar, mas não a vida. Por um outro lado tem a questão religiosa, a da vida eterna, o quem eu sou hoje para ser lembrado amanha, e daí caímos no "Vão se os dedos e ficam os anéis" (para a minha lembrança quando chegar a minha vida eterna). Os dois tem seu valor, guardadas as devidas racionalidades.
 
A questão ambiental está provando que nem tudo que se perde é possível recuperar, aliás, dependendo do que está envolvido a perda pode ser simplesmente irreparável. Pensou nas brutais perdas com queimadas e desmatamento, na extinção em massa de espécies? Pensou correto, mas definitivamente não só. O incêndio no Museu Nacional foi uma perda simplesmente irrecuperável para a humanidade, para citar um único exemplo, completamente estúpido e trágico, dentre os infinitos que temos tido neste Brasil. 
O mesmo Museu Nacional era uma forma e eternizar um legado de cultura não só para os brasileiros, mas para a história do mundo, para a compreensão do planeta. Perda deprimente!

A preocupação com a perda dos anéis ou dos dedos define quem é cada um e quem somos nós em grupo. Por que não equilibrar prática e racionalmente o ter e o ser? Deste dilema simplesmente não escapamos. O desvario do ter nos trouxe pela história evolução que acabou por ser socializada para o bem de todos, sem exceção, ao mesmo tempo que o desvario do ter é um grave problema para o planeta. Uma bolsa de R$ 240.000,00? Aí é loucura, insanidade, para mim não faz o mais remoto sentido. E para mim não faria se tivesse todo dinheiro do planeta.

"Vai se o planeta e fica a humanidade", ou, "Vai se a humanidade e fica o planeta"? Este é nosso dilema do qual não há como fugir. A saída talvez, repito em minha santa ignorância "talvez", esteja num meio termo, mas qual? São tantos os meios termos, não são? Ouso afirmar então que a única saída que me parece sensata é colocar na mesa todos números e fazer cálculos de custos \ benefícios, tudo sem emoções, ideologias, religiões, o mais pragmático possível, para saber como se consegue algum equilíbrio que seja. Pelo que dizem os especialista, os anéis já se foram faz tempo. Os dedos? Talvez os tenhamos por uma pura ilusão, tão delirante quanto se achar mais gente porque tem uma bolsa de sei lá quantos mil Reais pendurada na mão ou no ombro. 

Vídeo sobre quanto realmente custa a fabricação de uma bolsa destas.





Quanto você pedala? Quanto você precisa de uma bicicleta top? Você quer sentir o prazer de pedalar ou se mostrar? That's the question!

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