Como você lida com seus erros?
Começaria com como eu lidei num passado próximo com meus próprios erros.
Tive... Melhor, e recomeçando, estou tendo semanas de pequenos (?) problemas irritantes, alguns minha responsabilidade direta, portanto erros meus, outros causados pela forma como o país funciona, portanto como nós permitimos que funcione. Vai aqui a lista de "diversões" (irritantes)
- Vivo: 3 ou mais anos para resolver a questão da minha linha fixa por fios metálicos
- Eletrolux: comprei 220 V. Diz uma amiga que trabalha com seguros que é uma espécie de pegadinha. O clique para 127 (110) V ou 220 V está em baixo do pedido e muita gente passa batido.
- óculos: o mostruário de escolha das lentes multifocal mostra um ângulo de visão sensivelmente diferente da realidade.
- compra errada dos raios para uma roda nova que tive que montar: a explicação é longa, deixa para lá, mas a dor de cabeça foi uma ..... Aliás, um dos aros veio meio oval.
- Dasa, laboratórios de análise clínica: fizeram mais uma vez uma confusão com agendamento de meus exames e pagamento. Saúde, incluindo a paga, está um caos
- ..., ...., ....
Muitos diriam: "a culpado é o outro". Eu fui educado e treinado para sempre olhar qual a minha responsabilidade sobre os erros cometidos pelos outros.
O caso da Vivo... Desde 1987 tinha uma linha telefônica fixa, 3816-1166. Com muita frequência parava de funcionar, piorou mais ainda quando aterraram os fios. Vinham consertar e nunca resolveram para valer. Numa delas ligaram no vizinho. Noutra, consertando a linha do vizinho conseguiram derrubar minha internet e liga-la no vizinho. Dentre outras. Faz uns 5 anos, ou mais, fiz o pedido para desligarem a linha. Para que pagar se não usava, melhor, não conseguia usar? Foram a minha casa duas vezes e as tentativas de desligar a linha fixa por fios derrubava minha internet por fibra ótica. Como é que é? Sim, entenderam bem, a explicação é longa, mas certeira, e paro por aqui.
Bom, encurtando, finalmente desligaram o 3816-1166 sem derrubar a internet. Ufa!
O que aconteceu no caso Vivo? Simples: o setor vendas conversa com o setor de atendimento técnico interno, que conversa com setor técnico externo, de rua, que conversa com os técnicos de rua que são terceirizados, que por sua vez tem que conversar com os técnicos da Vivo que não são os primeiros técnicos da Vivo aqui citados, mas os que habilitam o serviço prestado pelos terceirizados... Opa, quase esqueci do setor de engenharia, que faz seu trabalho, entrega, e tchau! Enfim, quem conta um conto, aumenta um ponto. No caso em questão, diminui um ponto, ou muitos. O setor de vendas não faz a mais remota ideia do que acontece na rua, mas acredita e tem como única referência o que diz o setor de atendimento técnico interno. E assim vai.
Vivo é exatamente a mesma companhia que no passado se chamava Telefonica, que teve que mudar seu nome para Vivo para apagar a péssima imagem que tinha perante o público.
Deixo a pergunta: o que realmente aconteceu para o Centro de São Paulo ficar sem energia elétrica por mais de uma semana? Culpa da Enel? Só culpa da Enel? De minha parte definitivamente não acredito. É uma resposta muito simples para ser verdade. O que mais? Quem mais? Por que?....
Repito exatamente a mesma pergunta para o caso Vivo. E para o caso Dasa, óculos...
Acredito a cada dia mais e mais que a palavra culpa é um erro terrível, um termo que não deve ser usado. Em vez de "culpa", prefiro pensar em "o que aconteceu de verdade?". Quando se tira a palavra culpa e se livra dos acusatórios, as respostas e os resultados são sempre melhores que culpando, dito tenho toda certeza.
Repito com todas as palavras: os problemas que nos atormentam no dia a dia são resultado de nosso silêncio absolutamente vergonhoso.
Perguntarão vocês a este que escreve: então por que não foi lá e reclamou. Responderei: reclamei, mas estou cansado, já paguei minha cota de tentar ajudar nesta vida. Reclamei um monte de vezes no passado via Procon, desta vez via ouvidoria, escrevendo para jornal e por outras vias.
Minha casa e mais outras nove casas foram invadidas num curto período, cinco terrenos vizinhos de um lado da rua e cinco vizinhos do outro lado da rua. O único que foi fazer boletim de ocorrência fui eu. O delegado que atendeu disse que não era coisa de ladrão. Uns dias depois apareceu uma corretora imobiliária perguntando a todos se queriam vender suas casas. O único que fez B.O. fui eu.
Esta história dá a resposta do porque estou cansado. Ainda vou para as ouvidorias, mas é triste constatar que nem nelas acredito mais.
Sobre o Brasil de hoje: quem cala consenti.
- Não me interessa o que o outro fez para você, mas o que você fez para ele fazer o que fez - Dona Lollia, minha sábia mãe.
Sobre esta frase quero fazer uma explicação preciosa. Lollia, minha mãe, foi uma mulher comum, muito inteligente, mas comum, até fazer uma mastectomia radical e entrar num tratamento de câncer brutal. Belíssima, vaidosa, detalhista, viu todos seus valores serem varridos pelo tsunami. Poderia ter qualquer resultado, mas Lollia reviu todos os seus valores e descartou as besteiras, os erros grosseiros, as inconsistências, e construiu uma linha de posições sensatas, pragmáticas, eficientes. Resumindo: dar valor ao que realmente tem valor. Parece fácil, mas não é, ou se tem noção do que é valor, do que realmente vale, ou se valoriza o que não serve.
Aprendi ou estou aprendendo a respirar. Ou fico mais louco que já sou. Ainda me sinto louco, insano. Reclamo demais, critico demais. Estou de saco cheio. Gostaria de viver em paz, mas o Brasil que temos é exatamente o que o caso Marielle está expondo, com todas letras, pontos e vírgulas, sobre o que se tornou o Rio de Janeiro e, para bom entendedor, o que é todo o Brasil. Quem delira o contrário?
Pouco ou nada adianta só reclamar; aliás, é muito perigoso só reclamar porque quem só reclama e não exige ver resultados fica sujeito a ouvir "Vai mané!". E nós, brasileiros, não paramos de ouvir deboches.
Pedro e o lobo!
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