sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Juliana presente. E o valor da violência

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo 

As denuncias sobre violência contra mulheres, incluindo feminicídio, no Brasil vem de muito longe e abriram uma imensa caixa de pandora que escancara quem somos nós. Não dá para escapar desta realidade, não dá para escapar de nossa realidade, nossa realidade somos nós. Houve algum progresso na questão da violência, aqui falo sobre o geral, mas nada que nos deixe tranquilos para sair na rua a qualquer hora, mesmo que seja para esperar um ônibus no ponto. Não interessa mais se é rico ou pobre, homem ou mulher, todos nós somos alvos. É a diferença social, dizem. É a baixa qualidade da educação, dizem. É a ineficiência do poder público e de nossas instituições, dizem. Falem o que quiserem, é a letargia! Nossa letargia atávica. Muito diz que diz, muito pouco resultado. Somos nós. A reforma tributária, que ninguém nunca duvidou que deve melhorar a vida de todos, ricos, pobres, remediados, direita, esquerda, populistas, homens, mulheres, e tem tudo para diminuir a violência, tardou 30 anos sendo discutida, para ser aprovada com ressalvas; 30 anos! Quantos anos tardaremos para ter uma educação que eduque? Violência está intimamente ligada às drogas, dizem. É um dos melhores business existentes. A artista / ciclista / palhaça venezuelana Juliana Hernández, foi brutalmente assassinada em Alter do Chão, Santarém, por um casal depois que ele usou crack. Hoje, sexta-feira, em várias partes do mundo acontecerão manifestações para chamar a atenção sobre a violência contra as mulheres. Até onde foi anunciado serão 140 localidades se manifestando. Gostaria que não fosse mais uma outra manifestação, mas o passado diz que será, que pouco mudaremos, ou vamos demorar para ver algo acontecer.
A única forma de frear esta violência é freando o fluxo de dinheiro, seja ele do capital ou do revolucionário contra capital. Follow the money. A questão é que de um lado ou de outro estamos todos metidos nisto. Ninguém quer perder seu quinhão, isto é certo, direita, esquerda, no meio, em cima do muro, todos, ninguém quer perder. E entra o "eles são os culpados?" Só eles? E o espelho, vai bem?
Qual é o tipo ou forma de violência que te apetece? Sim, apetece. Certamente não é a que te pega na rua. 

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