quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Ai! meu saco! A história dolorida de minhas bolas

Ai meu saco!

A primeira experiência foi ainda na escola. Num jogo de futebol de campo, debaixo de muita chuva e lama, a bola foi cruzada na área e eu vim correndo desesperado e tentei cortar a jogada num carrinho, e fui escorregando, escorregando, escorregando, vi a trave chegando, chegando, chegando, fui fechando as pernas com toda a força que tinha, a trave bateu exatamente no meio das pernas e... "Na trraave! Na trraave!" ...uma bola para cada lado. Óbvio que passei batido pela bola, a do jogo. E num jogo com a molecada encharcada, um barro só, ninguém parou, ninguém socorreu, todos caíram na gargalhada e seguiram o jogo. 
Primeiro tempo.

Guarujá, 1969
segundo tempo:
Depois de dias chovendo o céu abriu e eu e a Renata pegamos as bicicletas e saímos para pedalar. As chuvas fortes tinham derrubado folhas e flores das árvores na calçada, a maioria delas já estava meio podre, gosmenta, escorregadia. Numa irregularidade do cimento dei um pulo com a bicicleta, os pés escorregaram dos pedais, a ponta do selim desceu, e bati o saco no tubo superior, já dolorido e ainda com algum controle, a roda da frente passou sobre uma flor podre e escorregou, a bicicleta apontou para uma árvore e uma perna foi para cada lado do tronco. De novo, "Na trraave!" ou, "no troonnco!". Cai no chão, e eu e Renata tivemos um acesso de gargalhada que não parava, daquelas de doer o estômago, óbvio que eu com as mãos nas bolas que gritavam de dor, e como gritavam!
No dia seguinte, com o saco preto do tamanho de uma bola de futebol de salão - literalmente, Yeda, a santa mãe de meus primos e minha santa segunda mãe, não teve outra alternativa que me devolver para Lollia, minha santíssima mãe. Tenho a complementar que, naquele tempo, o de nossa infância, junventude, e adolescência, Yeda praticamente virou sócia do Pronto Socorro do Guarujá para atender seus anjinhos Renata, Roberto, Ricardo e eu, sendo que o campeão de acidentes fui eu. Ela me devolver para minha mãe foi um sinal inequívoco da gravidade da situação. De minha parte, me lembro estar sentado no carro de Yeda vestindo um short largo, talvez do Henrique, o mais velho dos filhos (de Yeda), que mesmo assim expunha meu lindo e enorme saco negro transbordando para os lados. Mui macho!

Tudo tem seu lado positivo: foi de foder! Fodi, fodi, fodi, fodi... e para felicidade da mulherada nada de gravides. Fui abençoado, não tive filhos. 
A bem da verdade eu sempre disse que queria ter tido seis filhos. Doce ilusão. Escapei desta e eles, meus desejados filhos, também (escaparam do pai Arturo). Enfim, deu tudo certo. 
Hoje tenho enteados. No final das contas dá na mesma.

Ai! meu saco!

Vamos ao caso atual: Nenhuma menina acabou grávida, mas alguma coisa tinha que crescer, e não foi a barriga delas, está sendo meu saco. Não o da paciência, o que é definido pelos médicos como "saco escrotal", que lindo!
 
Passei a vida ouvindo histórias de um dos principais banqueiros da época de meu bisavô que, como sutil e nada discreta peculiaridade, tinha um enorme saco plenamente visível e pendurado dentro das largas calças. A sua fortuna era conhecida e tão famosa quanto seu "saco escrotal", mas esta ninguém via. Pelo que conto era muito maior que o saco do homem.
Não sei qual a vantagem que tenho de ter um saco que cresce com minha velhice sem ter uma fortuna que cresça igualmente para me consolar. Então fui fazer imagens para saber o que acontece. 
O que deu as imagens? Ainda não sei.

Um dia a veterinária disse que seria melhor para a saúde do Billy, querido poodle, castrar. Senti arrepios ouvindo. Levamos ele ao veterinário e não sei porque a cada segundo eu tinha que me controlar para não por as mãos em cima de meu saco, um puro instinto de proteção, preservação ou sobrevivência, não sei bem. A castração correu bem e a saúde dele melhorou sensivelmente. Seu instinto de trepar no Mickey Mouse de pelúcia da Bel continuou o mesmo. Espero que seja um bom presságio.

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