Baseados em fato reais; personagens fictícios
- Como assim ele tomava pico?
- Você acha que ele pedalava daquele jeito por que?
- Nunca ouvi falar. Era um cavalo pedalando. Mas pico; tem certeza? Ninguém nunca falou uma palavra.
- Por que tinha um bocado que tomava e os que eram da turma ficavam quietos.
- O que? Lei do silêncio?
- Cara, deixa de ser mané.
Fui expulso do colégio e meu pai me mandou estudar num colégio interno da Inglaterra. Num dos primeiros dias o Reitor do colégio me pegou fumando, parou olhou para mim e seguiu. Um pouco depois fui chamado pelo coordenador de disciplina que me disse "O Reitor parece ter visto o senhor fumando", e como bom brasileiro respondi "Não estava fumando. Era o vapor de minha respiração por causa da baixa temperatura"; e fui dispensado pelo coordenador. Na hora do almoço me servi e fui sentar numa das mesas onde estavam outros sete alunos e no momento que coloquei a bandeja na mesa todos pegaram suas bandejas e se levantaram. Um pouco depois fui para a sala de estudos, sentei numa mesa e todos pegaram seus livros, se levantaram e se afastaram. Achei estranho, não entendi. Um aluno italiano veio a mim e explicou que a reação de todos se devia a minha falta de palavra. Eu havia mentido. Fui até o coordenador e assumi minha falta e tudo voltou ao normal.
(Contraponto: Brexit, Boris Johnson, masquerade or not masquerade; that's the question)
Palavra ou corporativismo?
Ocultou dinheiro na cueca por impulso - "Era para pagar meus funcionários".
"... até que a morte os separe". Nunca entendi porque quando o padre faz esta pergunta todos os presentes não caem na gargalhada, mas assim é a fé.
A palavra vira dogma pueril que se sopra no sagrado e desaparece no profano. Adoro a expressão argentina "não vale um peido". Assim é
Para que serve a palavra?
Palavra ou coletividade?
Coletividade ou corporativismo?
Entrei no estúdio da rádio, sentamos na sala de espera e tentamos descobrir o que cada um tinha em mãos. Através do grosso vidro do estúdio víamos o radialista movimentando a boca sem emitir um som, o que aumentava a ansiedade. A pesada porta se abriu lentamente e fomos chamados a entrar no "aquário", o estúdio. Nos foi apontado as cadeiras onde devíamos sentar, a porta isolante se fechou e um silêncio surdo, abafado se fez. O apresentador deu boa tarde a todos afastando o microfone suspenso, cabeça baixa olhando papeis sobre a mesa, falou besteiras para descontrairmos tendo ao fundo baixinho o som das propagandas que estavam no ar. Olhou com atenção para cada um de nós três, explicou como seria, pediu os nossos discos que demos a ele com prazer, olhou um por um. Eram discos incomuns não só para a programação da rádio. Pegou um dos meus, o mais raro. Olhou capa, girou, leu a contracapa. "Nunca vi? Que estilo tocam?". "Pesado, denso, tem uma força rara", respondi. "Que faixa vai? O Paul Willian conheço. É muito bom". "A primeira, faixa de abertura, dá o tom do disco, o pessoal vai gostar". Deitou meu disco sobre a mesa e deu uma última olhada com atenção. Pegou no colo o disco do garoto que sentava ao meu lado direito; "Este eu conheço; muito bom. Vai querer tocar o que? Tem umas quatro (faixas) boas", o garoto respondeu voz baixa e mesmo no profundo silêncio do estúdio não consegui ouvir. E finalmente pegou o disco do terceiro garoto; "Muito bom. Posso escolher?"; o garoto riu feliz e respondeu "Vai firme". O som das propagandas parou e uma voz saiu imperativa dos alto-falantes "Silêncio. Vai entrar", e começou o programa. No "Boa tarde a todos..." do radialista aumentou nossa tensão, todos petrificados em suas cadeiras. E durante uma hora falamos grossas besteiras sobre os discos e as músicas que tínhamos escolhido, levado e estavam sendo tocadas. Terminado o programa um dos meninos pediu desculpas, disse que tinha que ir, pegou um disco e saiu rápido. Fiquei conversando com o radialista com o meio silêncio da porta de isolamento aberta, que estendeu a mão e deu o disco do menino que saíra apressado. "Como faz agora? Vocês têm o telefone dele? O disco não é meu, é de um amigo. É raro, muito raro. Você nem sabia da existência". Enrolaram, e inocente fui embora com o que tinha nas mãos. O velho amigo dono do disco, emprestado para ser tocado naquele programa de rádio tão especial, ficou furioso, mais que esperava. Cabisbaixo e irritado prometi "Vou conseguir um novo"; ele sequer respondeu, fechou a cara e se foi, um trauma na amizade que custou alguns anos. Demorei 18 anos para encontrar o disco e devolver.
Hoje, 23 de outubro de 2020, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, declarado, reconhecido e respeitado como o Atleta do Século XX, faz 80 anos.
Quando Pelé estava comemorando 1.000 gols ele saiu falando “Precisamos olhar as criancinhas do Brasil”, isto em 1969, anos de chumbo. Pelé foi pesadamente criticado pela declaração não pelas autoridades, mas por gente de esquerda. (Obrigado Pelé)
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