Outro dia vi na TV o filme TheFreedom Writers Diary, história real sobre uma professora, Erin Gruwell, que
transformou a vida dos alunos problemas de uma escola usando a inteligência e
sensibilidade fazendo com que eles escrevessem um diário sobre suas próprias
vidas. Os diários foram publicados em livro de sucesso e o trabalho realizado
pela professora Erin Gruwell na High School Woodrow Wilson, em Long Beach,
Califórnia, virou referência educacional colocando em cheque métodos
tradicionais de pedagogia em classes de alunos ditos problemas.
Encontrei e pedalei com um dos
garotos que fizeram parte do núcleo do cicloativismo na época que São Paulo
recebeu as melhorias, eficientes ou não, que estão aí. Ele disse que está trabalhando
em outra área, não mais no cicloativismo. Como é muito tranquilo achei que tinah
saído do movimento por conta do que considero radicalismo de então.
"O que é radical?" respondeu ele completando "Foi a forma de
conseguir resultados". Conseguiram, mas não poderia ser diferente?
Estávamos pedalando para o
mesmo lado e ele fez questão de seguir na ciclofaixa, pelo que entendi até como
uma forma de reafirmar suas posições e realizações. Como a conversa estava
interessante eu o segui, mesmo tendo críticas sobre o trajeto da ciclofaixa e
principalmente pela qualidade técnica e de segurança do que foi implantado. Ao
nos despedirmos coloquei que "Vocês (movimento cicloativista daquela
época) pensaram dentro das ciclovias e ciclofaixas (fazendo um movimento cartesiano
com as mãos). A cidade é toda possibilidades".
A história dos alunos e alunas
do Freedom Writers prova mais vez que com a forma correta de comunicação e
estímulo é possível tirar leite de pedra mesmo do mais duro dos jovens. Bater
de frente pode ser produtivo a curto prazo, mas raríssimamente o é a longo
prazo. Os cicloativistas paulistanos fizeram muito, não resta dúvida. Boa parte
do resultado é facilmente questionável, até porque as ciclovias que realmente
deram certo estavam na lei muito antes deles entrarem em ação, mas a mudança
está ai, eles realizaram, colocaram a discussão na ordem do dia. Tem que se
levar em consideração que é questionável porque o país chamado Brasil é questionável,
duvidoso, ineficiente, errado, insensato. O resultado que eles tiveram é
coerente com nossa realidade.
Paul McCartney em entrevista diz
que nos Beatles sempre houve uma preocupação em ter limites no que as letras
colocavam. Questionar sim, criticar também, mas ultrapassar certos limites não.
Estimular violência de qualquer tipo não. Deu certo. Os Beatles mandaram
mensagens positivas que foram 'compradas' por todas sociedades e simplesmente
viraram o planeta de ponta cabeça, revolucionando costumes com resultados
positivos que estão aí e ninguém pode negar. Revolution, que abre um dos dois
discos do álbum branco deixa esta posição pacifista muito clara.
Procurando algo na estante dei
de cara com o livro "A 3° visão" de T. Lobsang Rampa, um dos
primeiros livros que li com interesse para valer. Logo depois li Sidarta, o
mais marcante de minha vida. Estes e outros livros fizeram parte de uma geração
pacifista, até porque ainda se vivia as feridas abertas do horror da Segunda
Guerra Mundial. Não que fossemos uns anjinhos 'paz e amor', fazíamos das
nossas, mas a imensa maioria tinha um norte e limites muito claros, não
violentos, independente do lado que se estava, o que não vejo agora. Aqui tem
história para mais de mil, mas aceitem pelo quanto a simplicidade e
simploriedade.
País questionável, duvidoso,
ineficiente, errado, onde um único funcionário pode, num chilique ou atendendo
interesses muito particulares, melar todo um projeto de grande interesse da
população. Ou fazer o contrário, como queira. A estrutura do
funcionalismo público e as leis que o regem permitem esta absurda distorção.
Como vi e vivencie coisa
surrealistas acontecerem posso não gostar do aconteceu, mas não resta dúvida
que aconteceu. Poderia ser diferente? Com certeza, em qualquer lugar
minimamente civilizado.
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