quarta-feira, 29 de maio de 2019

64 anos, 14º de 678?


Num domingo destes participei de uma corrida a pé beneficente para a Graac. Estou descobrindo agora, muito tarde, o grande prazer de me inscrever nestas corridas. O ambiente amigável me lembra muito o início do mountain bike no Brasil quanto todos se conheciam e as rivalidades eram resolvidas na boa gozação. 
O que me assustou foi meu resultado. Dizem eles que fui o 14º em 678 da minha categoria, 64 anos, para 5 km. Eu duvido, e tenho minhas boas razões para duvidar. Sei quanto corro, qual é meu condicionamento atual, assim como sei que estou mais próximo de uma lesma usando bengalas, ou seja, um pouco mais rápido do que caminhando. Na corrida fui ultrapassado por uma senhora de seus 70 e muitos anos e achei supernatural. Me assusta o resultado porque, tirando a própria gozação, se a cronometragem está correta e fui o 14º na minha categoria o sinal é muito claro: o condicionamento do pessoal vai mal.
Faz uns meses participei de minha primeira corrida a pé beneficente, pró Hospital A C Camargo. Neste fui o 36º na categoria, para 8 km, o que também não faz sentido, mesmo num tipo de evento onde o foco é o encontro, a diversão, zero competição. Ou faz sentido se, de novo, o condicionamento físico do pessoal estiver mal. 
O que me incomoda é o que diz respeito à saúde pública e a reboque a saúde das cidades brasileiras. Felizmente o povão vem se mexendo e melhorando sua condição física, o que é ótimo para a saúde individual e coletiva. As cidades brasileiras também estão mais preocupadas em abrir espaços para o povo fazer seus exercícios, pedalar, dar suas corridinhas, mas ainda estamos muito longe do mínimo ideal. Nossos índices de área verde por habitante nas cidades é muito ruim, bem abaixo do índice considerado ideal pela UNESCO.
Ouvi de um participante de uma etapa amadora do Tour de France que ficou impressionadíssimo com o nível de todos ciclistas, incluindo idosos e velhinhos. Ele foi muito bem preparado, se comparado com o que pedalam aqui, e não acreditou quando não conseguia acompanhar ciclistas da idade do pai dele. Eu várias vezes pendurei a língua para acompanhar velhinhos e velhinhas holandeses pedalando suas Old Dutch sem marcha. Já corri a pé lá fora, mas nunca acompanhado ou em local que poderia dar uma base de comparação com os daqui, mas fico imaginando que sejam mais rápidos. Lá é muito mais fácil e seguro sair para rua e simplesmente correr ou treinar. O trânsito é muito mais amigável, o número de parques é maior e sempre há algum por perto. A poluição é muito, mas muito mesmo, menor que a nossa. Enfim, tudo joga a favor.

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