"...mas é mobilidade, vai ajudar a melhorar..." sobre os patinetes elétricos circulando na cidade.
Será? "... este é o preço do progresso..." Será? Creio que já ouvi (muitas vezes) isto antes e creio que algumas vezes o resultado não foi exatamente o esperado.
Ontem fiquei feliz. Conversei com dois ciclistas que afirmaram que só saberemos o que realmente aconteceu no acidente com vítimas, três fatais, na rodovia Bandeirantes depois de concluído todo processo, que antes disto tudo são suposições que não servem para melhorar a segurança dos ciclistas.
Mariana
Vamos ao que o povão gosta; acusar, encontrar responsáveis:
Quem fazia parte do conselho da Vale na época de do desastre de Mariana e até um ano e meio atras? De quem foi a indicação? Qual foram os critérios para a formação daquele conselho? Quais são os nomes dos políticos que não aprovaram as medidas necessárias para evitar a repetição da tragédia, todos nomes, do Congresso Nacional, da Assembléia de Minas Gerais, dos Vereadores, técnicos, secretários, e demais autoridades responsáveis então?
Brumadinho
Mais de 70% das entradas de Brumadinho vem de impostos pagos pela Vale. Na cidade quase tudo gira em torno da Vale, do público ao privado. Mesmo depois de Mariana a população ficou calada porque precisava dos empregos. "O que fazer sem a Vale?" pode ser ouvido em várias entrevistas depois do desastre. Se não tivesse acontecido o desastre a Vale continuaria a ser bem falada, apreciada.
E, me corrijam se estiver errado, mas ouvi que a Vale precisava de uma assinatura do poder público liberando o descomissionamento da barragem. Ouvi isto numa das coletivas e a informação nunca foi negada.
Aprender com os erros está certo. Mas permitir erros grotescos não.
Podemos ter uma oportunidade de ouro se entendermos e tirarmos proveito do que está acontecendo em Brumadinho agora. Há um gabinete de guerra, por assim dizer, para cuidar dos efeitos deste estúpido crime, que está funcionando bem e serve como ótimo exemplo não só para situações de crise e desastre.
Não, não se deve culpar ninguém, porque quem não faz a mais remota ideia do que significa a palavra 'prioridade' procura ou indica culpados neste momento. Agora é colher os corpos e tentar frear as consequências mais imediatas. O passo seguinte é, tendo o máximo de informação possível em mãos, entender o que aconteceu para que nunca mais se repita, sem buscar culpados ou a investigação cria vícios. Só depois, quando todo o processo investigativo estiver concluído é que se deva falar em culpados e vai com calma. Em qualquer das etapas perdeu a cabeça perdeu a oportunidade.
A história da Investigação sobre causas de acidentes com um padrão alto de precisão está ligada ao início das operações de trens, isto faz mais de 150 anos. E a referência mais longínqua sobre investigação com metodologia para entender o que realmente estava acontecendo vem da época da caça às bruxas numa região basca, faz mais de 200 anos. Desde então se sabe que quando se começa pela busca dos culpados não se encontram as causas e se repete o erro. Foi para frente quem respeitou estas regras. Empobreceu quem não entendeu.
Não, não se deve culpar ninguém, porque quem não faz a mais remota ideia do que significa a palavra 'prioridade' procura ou indica culpados neste momento. Agora é colher os corpos e tentar frear as consequências mais imediatas. O passo seguinte é, tendo o máximo de informação possível em mãos, entender o que aconteceu para que nunca mais se repita, sem buscar culpados ou a investigação cria vícios. Só depois, quando todo o processo investigativo estiver concluído é que se deva falar em culpados e vai com calma. Em qualquer das etapas perdeu a cabeça perdeu a oportunidade.
A história da Investigação sobre causas de acidentes com um padrão alto de precisão está ligada ao início das operações de trens, isto faz mais de 150 anos. E a referência mais longínqua sobre investigação com metodologia para entender o que realmente estava acontecendo vem da época da caça às bruxas numa região basca, faz mais de 200 anos. Desde então se sabe que quando se começa pela busca dos culpados não se encontram as causas e se repete o erro. Foi para frente quem respeitou estas regras. Empobreceu quem não entendeu.
Patinetes.
Ontem vi o primeiro chão com um patinete. O cara não conseguiu fazer a curva na ciclovia, caiu de frente por sobre o patinete da namorada, que por sorte ficou em pé. Todo ralado e sem graça levantou-se rindo.
Tem muita gente se esborrachando com os patinetes, aqui, lá, acolá, em qualquer lugar. Outro dia recebi as primeiras matérias (links no fim do texto) sobre problemas causados por patinetes em Los Angeles, Califórnia. Sempre é assim, só depois que vira um caos é que se sabe das mazelas . Até então "...é mobilidade, faz bem para a cidade..." De fato, mas o que mais? É bom, mas para quem? Por que?
É fácil e interessante esconder a realidade. Mariana e Brumadinho que o digam.
Para entender melhor a segurança dos patinetes gostaria de ver os dados sobre acidentes com patinetes não elétricos em Paris, onde são muito comuns já faz tempo. Eles provavelmente devem ter dados precisos que indiquem as causas e apontem algumas soluções. Só então creio que se conseguiria começar a entender as razões dos acidentes com estes elétricos.
De qualquer forma a física e suas resultantes de forças devem explicar 'alguma' coisa. O fato é que o brinquedo é perigoso, pelo diâmetro da roda, pela possibilidade de efeito alavanca, pelo diferencial de velocidade com veículos e pedestres, pelo poder de frenagem que não deve ser lá estas coisas, e porque é de difícil visualização no trânsito, muito menos visível que um ciclista. E neste país de ruas tão perfeitas (para a prática do mountain bike).... Não precisa muito: presta atenção no shimming que estes patinetes elétricos tem.
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