Este texto sobre o Centro de São Paulo já estava em fase de revisão quando Tereza me mandou um artigo do NY Times sobre as redes de padarias que estão entrando em NY. E parei e repensei não só o texto, mas tudo, com um nó na garganta. Pobre São Paulo!
A quantidade de textos e artigos publicados sobre a vida de NY é grande e variada, apontando para uma cidade que sim tem seus problemas, mas sobretudo vibra progresso no espírito, olha para frente, busca constantemente o caminho da qualidade de vida para todos, num norte claro, bem iluminado, preciso, inquestionável: a da própria cidade. Em publicações de outras cidades, metrópoles, de diversas partes do mundo, se vê o mesmo foco positivo, construtivo, mesmo na crítica imbuído do bem da cidade. Funciona, está cientificamente provado!
Como são as notícias que temos diariamente? Como são nossas programações da TV, rádio, Internet....?
São Paulo deu um salto impressionante no sentido das liberdades individuais, mas com que efeitos colaterais?
Tenho 64 anos, creio que sou dos paulistanos que de fato conhece um pouco desta imensidão chamada São Paulo, cidade riquíssima de vida e detalhes, e nunca, nunca, nem em pesadelo, vi tudo tão largado como está agora, principalmente o Centro. Sou de uma época que se dizia que em São Paulo só tinha gente na rua a trabalho ou fazendo compras. Estranho dizer, mas era uma sociedade fechada mas coletiva, o espírito era pelo sim ou pelo não “vamos, paulistanos, construir nossa cidade, São Paulo”. Hoje temos pessoas nascidas nesta cidade muito mais abertos, mas individualistas. Paulistanos? "Eu!? - selfie!, sou mais eu. E minha rede social...”.
Liberdade a qualquer custo? A cidade é meu direito, para meu proveito?
Em nome da liberdade individual é possível justificar a situação histórica de Maria, a moradora de rua da Oscar Freire e redondezas, uma das mais velhas, sofridas e resistentes mendigas da cidade? É possível justificar no que o Centro de São Paulo se transformou? O título de "cidade mais pixada do mundo" é merecedor de aplausos? Justificar o comportamento dos usuários das novas mobilidades com os pedestres? Justificar o silêncio frente ao lixo nas ruas e a inacreditável depredação generalizada? Justificar pequenos crimes?....
Deveríamos ter cuidado ao resmungar sobre nossa preciosa liberdade individual, principalmente quando usamos um rígido discurso ideológico. Nestes termos não tem desculpa que se encaixe para dar justificativa plausível. Liberdade fajuta não é exatamente uma liberdade, mas engodo, quando não massa de manobra.
Liberdades individuais são muito mais que bem vindas, deveriam ser sagradas, mas só vão se sustentar quando respeitarem e se encaixarem no macro espírito coletivo, no espírito da cidade.
Do Budismo: não existe liberdade sem disciplina.
Da história, do bom senso, do 1+1=2:
Não existe cidade sem regras.
Não existe justiça sem princípios.
Não existe equidade sem disciplina.
Cidades ou comunidades que construíram uma boa qualidade de vida trataram todos pelas mesmas regras, até os miseráveis e os excluídos. E os resultados foram melhores que o esperado, mesmo que carregando algumas distorções sociais. Não só é utópico, é completamente fantasioso acreditar que não vai se ter um sistema sem pobres, mendigos, alternativos, fora do contexto, viciados... É biológico. O que alguns sistemas conseguiram foi esconder a realidade, tirar de circulação os indesejáveis. A maioria, 90% ou mais, se encaixam nas regras, 7% mais ou menos aceitam com restrições, uns 3% correm por fora curva, mas vivem dentro do sistema. E ai entram os sociopatas, que são traço, mas um traço perigoso.
Aí entra a teoria do vidro quebrado. Quando você não conserta rapidamente um vidro quebrado de uma janela outros vidros serão quebrados, e se não consertar o quebra quebra se alastra com rapidez. Para manter a ordem troca-se rapidamente o vidro quebrado. Hoje isto não é mais teoria, é dado comprovado pela ciência, é a base do Tolerância Zero tão conhecido por NY, mas na realidade há muito aplicado em todo planeta sempre com bons resultados. Com as coisas em ordem e funcionando bem a imensa maioria ganha liberdade individual, o que ajuda muito inclusive os marginalizados a ter uma vida com mais qualidade.
Convívio social é elemento básico e essencial para a saúde física e mental individual e coletiva. Só existe convívio social com respeito a regras, que por diversas razões são bem elásticas, mas são regras, ou princípios, como queira. Por mais diferentes que venham a ser as regras sempre haverá algum vínculo entre elas. É humano, é biológico, é animal, é regra de sobrevivência.
Mijar e cagar, deitar onde bem entender, beber sem parar, conversar aos berros em local público é improdutivo para os próprios miseráveis. Quanto menos pessoas passarem pela Praça da Sé pior ficará a situação de todos aqueles miseráveis até porque circulará menos dinheiro, haverá menos trabalho, menos impostos, menos verba para assistência social, a vida ficará mais dura, o distanciamento da sociedade aumentará, o número de cidadãos circulando diminuirá, o ambiente ficará mais pesado, a rua ficará mais violenta... Um círculo vicioso cada vez mais difícil de ser vencido.
A quantidade de textos e artigos publicados sobre a vida de NY é grande e variada, apontando para uma cidade que sim tem seus problemas, mas sobretudo vibra progresso no espírito, olha para frente, busca constantemente o caminho da qualidade de vida para todos, num norte claro, bem iluminado, preciso, inquestionável: a da própria cidade. Em publicações de outras cidades, metrópoles, de diversas partes do mundo, se vê o mesmo foco positivo, construtivo, mesmo na crítica imbuído do bem da cidade. Funciona, está cientificamente provado!
Como são as notícias que temos diariamente? Como são nossas programações da TV, rádio, Internet....?
São Paulo deu um salto impressionante no sentido das liberdades individuais, mas com que efeitos colaterais?
Tenho 64 anos, creio que sou dos paulistanos que de fato conhece um pouco desta imensidão chamada São Paulo, cidade riquíssima de vida e detalhes, e nunca, nunca, nem em pesadelo, vi tudo tão largado como está agora, principalmente o Centro. Sou de uma época que se dizia que em São Paulo só tinha gente na rua a trabalho ou fazendo compras. Estranho dizer, mas era uma sociedade fechada mas coletiva, o espírito era pelo sim ou pelo não “vamos, paulistanos, construir nossa cidade, São Paulo”. Hoje temos pessoas nascidas nesta cidade muito mais abertos, mas individualistas. Paulistanos? "Eu!? - selfie!, sou mais eu. E minha rede social...”.
Liberdade a qualquer custo? A cidade é meu direito, para meu proveito?
Em nome da liberdade individual é possível justificar a situação histórica de Maria, a moradora de rua da Oscar Freire e redondezas, uma das mais velhas, sofridas e resistentes mendigas da cidade? É possível justificar no que o Centro de São Paulo se transformou? O título de "cidade mais pixada do mundo" é merecedor de aplausos? Justificar o comportamento dos usuários das novas mobilidades com os pedestres? Justificar o silêncio frente ao lixo nas ruas e a inacreditável depredação generalizada? Justificar pequenos crimes?....
Deveríamos ter cuidado ao resmungar sobre nossa preciosa liberdade individual, principalmente quando usamos um rígido discurso ideológico. Nestes termos não tem desculpa que se encaixe para dar justificativa plausível. Liberdade fajuta não é exatamente uma liberdade, mas engodo, quando não massa de manobra.
Liberdades individuais são muito mais que bem vindas, deveriam ser sagradas, mas só vão se sustentar quando respeitarem e se encaixarem no macro espírito coletivo, no espírito da cidade.
Do Budismo: não existe liberdade sem disciplina.
Da história, do bom senso, do 1+1=2:
Não existe cidade sem regras.
Não existe justiça sem princípios.
Não existe equidade sem disciplina.
Cidades ou comunidades que construíram uma boa qualidade de vida trataram todos pelas mesmas regras, até os miseráveis e os excluídos. E os resultados foram melhores que o esperado, mesmo que carregando algumas distorções sociais. Não só é utópico, é completamente fantasioso acreditar que não vai se ter um sistema sem pobres, mendigos, alternativos, fora do contexto, viciados... É biológico. O que alguns sistemas conseguiram foi esconder a realidade, tirar de circulação os indesejáveis. A maioria, 90% ou mais, se encaixam nas regras, 7% mais ou menos aceitam com restrições, uns 3% correm por fora curva, mas vivem dentro do sistema. E ai entram os sociopatas, que são traço, mas um traço perigoso.
Aí entra a teoria do vidro quebrado. Quando você não conserta rapidamente um vidro quebrado de uma janela outros vidros serão quebrados, e se não consertar o quebra quebra se alastra com rapidez. Para manter a ordem troca-se rapidamente o vidro quebrado. Hoje isto não é mais teoria, é dado comprovado pela ciência, é a base do Tolerância Zero tão conhecido por NY, mas na realidade há muito aplicado em todo planeta sempre com bons resultados. Com as coisas em ordem e funcionando bem a imensa maioria ganha liberdade individual, o que ajuda muito inclusive os marginalizados a ter uma vida com mais qualidade.
Convívio social é elemento básico e essencial para a saúde física e mental individual e coletiva. Só existe convívio social com respeito a regras, que por diversas razões são bem elásticas, mas são regras, ou princípios, como queira. Por mais diferentes que venham a ser as regras sempre haverá algum vínculo entre elas. É humano, é biológico, é animal, é regra de sobrevivência.
Mijar e cagar, deitar onde bem entender, beber sem parar, conversar aos berros em local público é improdutivo para os próprios miseráveis. Quanto menos pessoas passarem pela Praça da Sé pior ficará a situação de todos aqueles miseráveis até porque circulará menos dinheiro, haverá menos trabalho, menos impostos, menos verba para assistência social, a vida ficará mais dura, o distanciamento da sociedade aumentará, o número de cidadãos circulando diminuirá, o ambiente ficará mais pesado, a rua ficará mais violenta... Um círculo vicioso cada vez mais difícil de ser vencido.
Em algum canto coloquei um link sobre um artigo publicado em grande imprensa europeia sobre a importância do estado de espírito da cidade. Não sei onde está, nem consegui achá-lo, infelizmente. Quanto mais se respira leve mais se caminha para frente. Precisamos reaprender a respirar. Nosso ar brasileiro está incrivelmente poluído.
Infelizmente nos acostumamos com o ruim, com o mal feito, com princípios errados, com besteiras, burrices inomináveis. Pior, de uma certa forma sentimos prazer com tudo isto. Num ambiente pesado qualquer momento de descontração, de liberdade, tem ares de solução, de futuro promissor. Pode não ser.
Espírito leve só se constrói com um norte comum, ou seja, com um mínimo de regra coletiva. A busca das liberdades individuais deve ser uma constante, mas com jogo de cintura para não ser mal entendida ou embaçar o bem coletivo. Dar um passo para frente e dois para trás pode parecer uma dança libertadora, mas não é. Exemplos não faltam.
De uma maneira ou outra todos, sem exceção, buscamos a paz, o equilíbrio, o prazer. É muito mais fácil encontrá-los e vivê-los numa cidade que tenha espírito leve.
Infelizmente nos acostumamos com o ruim, com o mal feito, com princípios errados, com besteiras, burrices inomináveis. Pior, de uma certa forma sentimos prazer com tudo isto. Num ambiente pesado qualquer momento de descontração, de liberdade, tem ares de solução, de futuro promissor. Pode não ser.
Espírito leve só se constrói com um norte comum, ou seja, com um mínimo de regra coletiva. A busca das liberdades individuais deve ser uma constante, mas com jogo de cintura para não ser mal entendida ou embaçar o bem coletivo. Dar um passo para frente e dois para trás pode parecer uma dança libertadora, mas não é. Exemplos não faltam.
De uma maneira ou outra todos, sem exceção, buscamos a paz, o equilíbrio, o prazer. É muito mais fácil encontrá-los e vivê-los numa cidade que tenha espírito leve.
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