sábado, 31 de agosto de 2024

Estar em campanha eleitoral

Mãe.... mãe.... mãe.... mãe.... mãe.... Mãe, me dá....
Quem é mãe ou tem filhos sabe muito bem o que é esta tortura.

- Tio! me dá uma moeda? Esta era a frase que me enlouquecia, isto no tempo que ainda tinham moedas e estas valiam alguma coisa. Bons tempos, mas o "tio! me dá uma moeda?" me tirava fora do sério. Hoje é "Compra um paninho..." Como são chatos! Como é ineficaz!

Os dois exemplos acima são ótimos para fazer entender o que passa um candidato a cargo eletivo. Imagina a paciência que eles têm que ter para ouvir tudo que o povo reinvidica na orelha, sempre lembrando que impropérios, mandar lembranças para suas mães e possibilidade de agreções físicas fazem parte do jogo. "Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão..." ouve se ao fundo (por favor, não generalise).

O primeiro exemplo pode ser definido naquela marchinha de carnaval "Mamãe eu quero", o segundo inclui uma enorme massa de necessitados, uns de verdade, outros não, fora os paus mandados, inocentes úteis, aproveitadores e os de ocasião, sem contar os mendigos profissionais.

História de ótimos políticos mal humorados é que não faltam. Políticos bem humorados, atenciosos, que parecem prestativos, mas que nunca produziram nada de bom está cheio, um deles chegou ao cargo máximo. Tem de tudo, acredite, eles são humanos. Fato é que o sistema que vivemos, de eleições, com possibilidade de escolhas, continua sendo a melhor solução. Então temos que escolher nossos candidatos. O certo mesmo, o que nos falta, é escolher e cobrar, mais ainda e importantíssimo: acompanhar.

Se eu consegui uma parte do que cobrei, qualquer um consegue, mas precisa entender como funciona e o que tem que fazer para ter resultados. Saber comunicar-se. Aliás, vale para qualquer coisa na e da vida.

Não tenha a mais remota dúvida, quem está em campanha não tem tempo sequer para ir ao banheiro em paz, quanto mais para parar e ficar ouvindo algo cheio de detalhes, mesmo que seja interessante e importante. Nem ele, nem seus assessores. Falou demais, falou baboseira, esteja certo. Não que ele, político, não se interesse pelas informações. Qualquer bom político, e há, somos todos humanos, não só ouve como vai agir se for o caso, mas no tempo possível e devido. Lembre-se sempre, quanto mais alto o cargo, mais curto fica o tempo. Não dá para generalizar como regra os incompetentes e os folgados. 

Somos uma sociedade imediatista, infantil, queremos tudo já, mas aceitamos passivamente que aconteça sabe se lá quando, se acontecer. O erro não é do sistema, mas de cada um de nós.

O segredo para conseguir o que se quer está sempre em ser objetivo, claro, curto, entendendo com quem se está falando e principalmente sabendo o que está falando.
"Não interessa o que você está falando ou quer dizer. Interessa o que o outro entende."

O que você quer do novo prefeito? Melhor, o que você quer para sua cidade? Melhor ainda, e mais correto, o que você quer para sua vida diária? A terceira pergunta é a mais objetiva porque é a mais assertiva. Falar sobre a cidade e seus problemas gerais é generalizar, é falar ou propor soluções que na maioria das vezes são genéricas, e por diversas razões não raro inviáveis, mesmo que façam todo sentido. Dou um exemplo que está ai: colocar ciclovias e ciclofaixas em toda a cidade, pode ser lindo, mas é absolutamente inviável, não realizável sequer na Holanda. As razões são inúmeras, das técnicas, às práticas, ou completamente ineficientes. Ineficientes? Como assim? Não é porque você acha bom que todos acharão. 

Então, repetindo de maneira mais objetiva: O que você gostaria de alcançar com seu voto? Pense pequeno que o resultado será grande, pense grande que o sonho se perderá como poeira na ventania.

Não importa quais são seus pedidos, não fique guardando eles para si. Fale, escreva, esperneie, corra atrás, entregue. Nossa dita democracia funciona precariamente porque nos calamos. Tem gente que vai atrás, mas de forma indevida ou errônea, aliás, a maioria. Definitivamente improdutiva. Quem é objetivo uma hora consegue.

Pense no candidato. Coloque se no lugar dele.
Quem tem saco para ficar perdendo tempo com gente que não sabe se comunicar? Ou aquele que fala um monte de baboseira? E como ter saco com aqueles que são a solução para todos males. Soluções mágicas? Uau! Ou socorro! Uau para ser gentil; socorro, alguém tira este chato daqui.

Repito, meu candidatos realizaram parte do que eu pedi, nem sempre exatamente como eu propus, mas realizaram.

Um dia consegui sentar com o Miguel Reale Junior. Quando comecei a falar sobre a questão das bicicletas ele me deu uma bronca e terminou a conversa. Ele estava errado? Não. Eu errei a forma de comunicação. Comecei a falar de problemas com ele sobre um assunto que ele não fazia ideia. Em vez de começar com os problemas, eu deveria ter começado com "o Brasil tem 40 milhões de ciclistas circulando no dia a dia, a maioria de baixa renda...", o que com certeza ele não fazia ideia e que mudaria completamente a conversa. A mobilidade ativa precisava e muito de um jurista como ele, e eu desperdicei a oportunidade. Pior: virei o chato da bicicleta. Triste.

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