quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Caprichos de funcionários públicos - "Vamos fazer tudo para dar errado"

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo
 
Está em pauta a reforma administrativa do serviço público. Seria de grande interesse para o país que fosse revisto ou repensado o poder que certos servidores públicos, em especial os concursados, têm de frear ou sabotar projetos de interesse público. A confusa infinidade de leis e interpretações dá todo espaço e direito legal ao funcionário ter liberdade de fazer o que bem entender. Prova pode ser fartamente encontrada nos acontecimentos da pandemia que custaram milhares de vítimas, dentre outras histórias triviais. Por razões de trabalho e responsabilidade cidadã tive convívio com a coisa pública, convivi e vi todo tipo de funcionários públicos, alguns excepcionais, assim como vi com muita tristeza trabalhos e projetos promissores sendo jogados no lixo por capricho de um único funcionário, de corporativismo fantasma ou de pressões particulares que atrapalhariam o ganha pão de alguém. O bem público não é sobre gostar ou não gostar, não é sobre me interessa ou não interessa, é sobre fazer o que deve ser feito, ou pelo menos deveria ser. A finalidade do serviço público brasileiro não raro está longe do que deveria ser, disto ninguém tem dúvida. Temos que acertar a administração pública e é bom que se faça de forma a que idiocracias não gerem tanto desperdício de dinheiro público, trabalho, esforço e esperanças. Temos que parar com a guerra de foice no escuro que acontece a cada mudança de governo. Funcionário público está lá para servir a coisa pública e não para ser baluarte de ideias próprias, ideologias ou de interesses nada públicos. Histórias de vacas sagradas, cardeais, e outros que mandam no pedaço a bel prazer dentro do serviço público são fartas e vêm de longo tempo, ou desde sempre; e se tem que dar um basta, não faço ideia como. Com a política que se está praticando hoje no país acho difícil, mas de alguma forma temos que conseguir. Neste fim de semana ouvi com profunda tristeza de fonte respeitável responsável por um belíssimo projeto (não cito o nome e fato para não piorar a situação) que abriram o jogo para ele: "Vamos fazer de tudo para dar errado", o que será grande perda para todos. A diferença para outras vezes que vivenciei tais situações é que a facada final não virá pelas costas dada por um inimigo invisível e protegido pelo corporativismo. Não deveria me espantar; nada diferente do "quanto pior, melhor" que impera entre nós faz muito. Fato inegável é que nossa história prova que a coisa pública que temos é muito disfuncional, sem dúvida uma das razões de nossa pobreza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário