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O Estado de São Paulo
Pelé não pode ser considerado só o esportista do século XX. Pelé é o maior propagandista do Brasil em toda história. Em qualquer parte do planeta quando se diz que é brasileiro imediatamente vem a palavra "Pelé" acompanhado de um largo um sorriso. Assim como Ayrton Senna, Maria Esther Bueno, e tantos outros esportistas, alguns até mal falados por aqui. Abriram portas que vão muito além das do esporte; tiveram importância inegável em resultados positivos na macro economia e geopolítica deste Brasil.
O Brasil voltou das Olimpíadas de Tokyo com 21 medalhas, sendo que uma de ouro no surf e três de prata no skate. Surf e skate são esportes baratos e por isto populares, só precisam de mar ou uma praça qualquer para serem praticados. As demais medalhas foram alcançadas por atletas abnegados que necessitam de condições específicas para produzir resultados de ponta, algumas inexistentes no Brasil.
A principal atleta dos Estados Unidos teve a coragem de "desmontar" emocionalmente e mostrar ao mundo que atletas são humanos. No ciclismo profissional sabe-se que pelo menos 30% do resultado vem do emocional, o que deve valer para todo atleta de ponta. Os nossos medalhista tiveram que superar suas ansiedades inerentes ao esporte mais o desprezo que recebem por aqui por parte do poder público, das empresas privadas e de uma sociedade para qual o "segundo colocado é o primeiro perdedor", como dizia Nelson Piquet. Tirando as 4 medalhas do surf e skate o nosso resultado foi pior que na Olimpíada do Rio, onde boa parte do Centro Olímpico já está caindo aos pedaços.
Esporte deveria ser política pública de estado para a saúde preventiva, o que custa muito menos que internações, tratamentos, dispensa de trabalho, dentre outros. Definitivamente não é. E parece que ninguém se interessa que seja, que os resultados venham, que se tenha bons exemplos.
O fato de uma cidade de 11 milhões de habitantes, metrópole de 17 milhões, a maior, mais ativa, mais rica e mais importante cidade do Brasil e América Latina ter tido uma única piscina olímpica pública, 50 m X 25 m, completamente livre para o uso da população, a do Pacaembu, fechada há dois anos é prova escandalosa, vergonhosa, incompreensível desta realidade. Nela, entre nadadores comuns, treinaram dois campeões de maratona aquática e um dos brasileiros que cruzou o Canal da Mancha e o Estreito de Gibraltar, dentre outros. Na mesma piscina do Pacaembu vi um mágico projeto de polo aquático para garotos de favela. Era a única e está fechada! Não vou falar de como estão as outras piscinas públicas de São Paulo porque todas apresentam problemas. Não procurem pistas de atletismo abertas para a população porque inexistem. Acabaram os campos de várzea!...
É praticamente assim com todos esportes. Quer praticar, quer treinar? Vai para a academia, paga ou restrita. Como assim? Ou se junta a um grupo específico, tipo o ótimo pessoal de corrida de rua que organiza provas que normalmente ocorrem em horários da madrugada para não atrapalhar o trânsito. Como assim?
Durante esta pandemia foram divulgados estudos internacionais que com base científica que apontam que pessoas que não pararam atividade física tiveram menos risco de pegar a Covid19 ou se pegaram foi mais fácil de tratar. Detalhe importante: atividades praticadas ao ar livre, fora de academia, fora de ambiente fechado.
A situação do esporte no Brasil pode ser refletida pelo desprezo mostrado pelo Governo Federal e o Presidente da República aos nossos atletas que estiveram em Tokyo. Nenhuma palavra, nenhuma reação, nenhum aplauso, nada. E toda sociedade assistiu este silêncio de desprezo sem reagir.
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