segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Qualidade das ciclovias ou segurança no trânsito?


Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Segurança, não só no trânsito, só ocorre quando são tomadas medidas necessárias para a correção de erros e distorções do sistema, sem interferências de paixões, achismos, políticas, ideologias ou de qualquer fator que não seja a lógica e a razão. Neste sentido o estudo realizado pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) é mais que louvável. Realizado em 257 km dos ditos 484,8 km de malha cicloviária da cidade de São Paulo aponta para o reconhecimento que 227,8 km, praticamente 47%, não interessam ou não atendem a critérios de avaliação dos próprios ciclistas. Ou 143 km (28%) descartáveis se forem levados em consideração os tão gritados 400 km de ciclovias de Haddad. O estudo aponta para o abandono da infraestrutura existente, principalmente no que diz respeito a sinalização, o que o ocorre não só na malha cicloviária, mas em tudo. O apagado da tinta vermelha de solo se deve ou por bom uso, grande número de ciclistas circulando, ou pela baixa qualidade do material empregado, o que demonstraria mau uso de dinheiro público. Avaliar bem a qualidade do tipo de pavimento só é possível quando se tem como referência a péssima qualidade geral de todo pavimento viário da cidade e desconhecendo o significado da palavra drenagem. Ou ciclista não tem direito de pedalar na chuva? O estudo da Ciclocidade é honesto, dá a São Paulo nota correspondente a 10% do ideal estabelecido por um índice criado em Recife e que vem sendo usado no Brasil. Lembro que o primeiro encontro internacional para troca de experiências e busca de boas e inteligentes soluções para as grandes cidades ocorreu em Nova Iorque em 1898 e que desde então estas trocas de conhecimento vem ocorrendo, o que influenciou muito na melhora da segurança no trânsito e principalmente na qualidade de vida geral de todo cidadão. A palavra de ordem para um futuro melhor hoje é integrar, não segregar, inclusive no trânsito. Intensificar o uso da bicicleta e de outros modais ativos é ponto pacífico para esta melhora, mas com bom senso, inteligência e racionalidade, e educação de seus usuários. Total respeito aos pedestres, como diz a lei. São Paulo (e o Brasil) insiste em encontrar soluções próprias, muitas delas mágicas duvidosas. Não dá certo e custa caro, a verdade está aí.

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