Nunca gostei da Marta Suplicy
em si, mas não só reconheço o seu precioso valor na luta vitoriosa por causas nobres
que vinham secularmente sendo consideradas menores ou ridículas, como fico triste
em saber que ela está definitivamente fora da política, mesmo não concordando
com alguns pontos de vista dela.
Meu problema com Marta vai
além da forma política que ela adotou. Para mim uma coisa é vaidade e a busca
pela beleza; outra é exagero, chegar a situações que fogem à normalidade e
podem prejudicar a saúde para atender parâmetros sociais, para mim uma forte
expressão de fraqueza na justa ambição feminina. Ai a mulher Marta, cheia de
plásticas e outros, me incomoda.
Marta e Eduardo moravam
próximos de minha casa. Encontrei inúmeras vezes Eduardo na rua, sempre
acessível, sorridente e mentirosamente político nas respostas e ações em
relação ao que eu lhe falava sobre a situação dos ciclistas. Resposta
zero, desinteresse absoluto, sorrisos inúteis mil! Detalhe: na época bicicleta,
década de 80, bicicleta era o veículo mais usado no Brasil (IBGE 1981), era sim
coisa de pobre, de operário de fábrica, com bicicletários monstros espalhados
pelo ABC, berço do PT, e em todos cantos onde houvesse uma fábrica ou obra. O Bicicleta
era sim prioridade social (IBGE), artigo de primeira necessidade para os
miseráveis do interior deste país. Marta era uma loira que passava na rua de
nariz em pé, na época bonita aliás, e só. A minha impressão cada vez pior de
Eduardo colou em Marta.
Marta fez o útil programa na
TV voltado às mulheres. Logo após saiu candidata, se elegeu, e veio a público
com o discurso de PT populista, já um tanto nós e os outros. Mesmo nas vezes
que Marta teve razão a forma do discurso azedou muito a compreensão de sua boa
causa, não só para mim. Um dia saiu com o famoso "Relaxa e goza";
depois a história do namorado golpista argentino e suas palmeiras imperiais...,
e a venda da casa deles, Marta e Eduardo, com contrapartida da troca do terreno
onde estão uma escola, posto de saúde, teatro, AACD, tudo muito mal
explicado... Marta, vaidosa e cheia de si, não foi reeleita para a Prefeitura
de São Paulo muito por causa da imagem que deixou. Depois foi eleita Senadora.
Inteligência e energia ela tem de sobra para fazer bom trabalho, mas a vaidade atrapalha.
Não perdoo a grosseria com que
fomos tratados, eu, Renata Falzoni, Sérgio Luís Bianco (petista de carteirinha)
e mais alguém que estava conosco, creio que Teresa, quando entregamos reivindicações
para os ciclistas que por pouco não foram jogadas no chão por Marta. O encontro desastroso
aconteceu num evento na Praça Patriarca, onde Marta vomitou toda sua
prepotência em breves palavras e gestos ásperos, inclusive pelo ostensivo do
segurança ameaçador ombro a ombro com ela. Saímos de lá com uma Renata dizendo
"Queria estar com a filmadora ligada".
É inegável a importância de
Marta em causas cruciais para a construção de uma sociedade justa. Não ter simpatia
pela causa da bicicleta é um posicionamento completamente aceitável. Ser grosseria,
pesada, prepotente, não. Lembro a ela que a bicicleta foi de grande
importância para a causa feminista em seus primeiros passos no final do século
XIX, assim como para a causa operária e o nascimento da esquerda. “Ao
socialismo se vai de bicicleta”. Marta não tem obrigação de saber, mas dado a
sua brilhante inteligência e viés de esquerda, sendo ela atrelada a um partido
operário, era de se esperar que pelo menos entendesse.
Infelizmente o Brasil, no meio
desta baderna, deste caos, desta guerra civil não declarada, tem perdido
inteligências imperdíveis. Marta é uma destas. E assim a cada dia imbecis
ganham mais espaço. Só posso dizer uma coisa: estamos fu!
Marta, obrigado.
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