segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Mais uma perda com a saída de Marta Suplicy


Nunca gostei da Marta Suplicy em si, mas não só reconheço o seu precioso valor na luta vitoriosa por causas nobres que vinham secularmente sendo consideradas menores ou ridículas, como fico triste em saber que ela está definitivamente fora da política, mesmo não concordando com alguns pontos de vista dela. 
Meu problema com Marta vai além da forma política que ela adotou. Para mim uma coisa é vaidade e a busca pela beleza; outra é exagero, chegar a situações que fogem à normalidade e podem prejudicar a saúde para atender parâmetros sociais, para mim uma forte expressão de fraqueza na justa ambição feminina. Ai a mulher Marta, cheia de plásticas e outros, me incomoda.
Marta e Eduardo moravam próximos de minha casa. Encontrei inúmeras vezes Eduardo na rua, sempre acessível, sorridente e mentirosamente político nas respostas e ações em relação ao que eu lhe falava sobre a situação dos ciclistas. Resposta zero, desinteresse absoluto, sorrisos inúteis mil! Detalhe: na época bicicleta, década de 80, bicicleta era o veículo mais usado no Brasil (IBGE 1981), era sim coisa de pobre, de operário de fábrica, com bicicletários monstros espalhados pelo ABC, berço do PT, e em todos cantos onde houvesse uma fábrica ou obra. O Bicicleta era sim prioridade social (IBGE), artigo de primeira necessidade para os miseráveis do interior deste país. Marta era uma loira que passava na rua de nariz em pé, na época bonita aliás, e só. A minha impressão cada vez pior de Eduardo colou em Marta. 
Marta fez o útil programa na TV voltado às mulheres. Logo após saiu candidata, se elegeu, e veio a público com o discurso de PT populista, já um tanto nós e os outros. Mesmo nas vezes que Marta teve razão a forma do discurso azedou muito a compreensão de sua boa causa, não só para mim. Um dia saiu com o famoso "Relaxa e goza"; depois a história do namorado golpista argentino e suas palmeiras imperiais..., e a venda da casa deles, Marta e Eduardo, com contrapartida da troca do terreno onde estão uma escola, posto de saúde, teatro, AACD, tudo muito mal explicado... Marta, vaidosa e cheia de si, não foi reeleita para a Prefeitura de São Paulo muito por causa da imagem que deixou. Depois foi eleita Senadora. Inteligência e energia ela tem de sobra para fazer bom trabalho, mas a vaidade atrapalha.
Não perdoo a grosseria com que fomos tratados, eu, Renata Falzoni, Sérgio Luís Bianco (petista de carteirinha) e mais alguém que estava conosco, creio que Teresa, quando entregamos reivindicações para os ciclistas que por pouco não foram jogadas no chão por Marta. O encontro desastroso aconteceu num evento na Praça Patriarca, onde Marta vomitou toda sua prepotência em breves palavras e gestos ásperos, inclusive pelo ostensivo do segurança ameaçador ombro a ombro com ela. Saímos de lá com uma Renata dizendo "Queria estar com a filmadora ligada".
É inegável a importância de Marta em causas cruciais para a construção de uma sociedade justa. Não ter simpatia pela causa da bicicleta é um posicionamento completamente aceitável. Ser grosseria, pesada, prepotente, não. Lembro a ela que a bicicleta foi de grande importância para a causa feminista em seus primeiros passos no final do século XIX, assim como para a causa operária e o nascimento da esquerda. “Ao socialismo se vai de bicicleta”. Marta não tem obrigação de saber, mas dado a sua brilhante inteligência e viés de esquerda, sendo ela atrelada a um partido operário, era de se esperar que pelo menos entendesse.
Infelizmente o Brasil, no meio desta baderna, deste caos, desta guerra civil não declarada, tem perdido inteligências imperdíveis. Marta é uma destas. E assim a cada dia imbecis ganham mais espaço. Só posso dizer uma coisa: estamos fu!
Marta, obrigado.

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