Cheguei mais cedo do que deveria. Imaginei que sendo Banco do Brasil e
estando na esquina da rua Augusta com av. Paulista, um dos pontos mais
movimentados do país, a agencia fosse estar aberta a partir das 9:00 h da manhã,
como acontece em agencias de grande movimento de outros bancos. Não; horário
padrão, 10:00 h. Cruzei a rua, entrei no adorável Conjunto Nacional e fui tomar
um café na Livraria Cultura. Sentei e comecei a ler o livro que havia levado
para encarar a espera normal do banco. Sentada na mesa ao lado uma menina
digitava seu computador com uma velocidade que me corroeu de inveja. Atrás dela
vi a revistaria ao fundo e imediatamente fiquei saudoso. Lembrei de Paris, suas
livrarias e a impressionante quantidade de publicações especiais com temas os
mais diversos e uma riqueza de inteligência difícil de se ver por aqui. Não
temos tempo para isto - pensar; temos que sobreviver no dia a dia e rezar por
termos terminado o dia vivos.
No fim do mesmo
dia parei num sinal ao lado de uma menina com uma belíssima bicicleta feminina
azul clara novinha em folha, importada, mas sem nenhum refletor. Pouco antes eu
tinha sido ultrapassado por uma mulher negra, vestida com roupas pretas,
pedalando na calçada da av. Rebouças, sem qualquer refletor, absolutamente invisível, mesmo no meio de tantos faróis acesos. Tive vontade de
ir atrás e orientar, mas como seria recebido?
O que atrasa
o Brasil é não reconhecer o óbvio. Uma questão de cultura.
Cultura substantivo feminino
1. 1.
agr ação,
processo ou efeito de cultivar a terra; lavra, cultivo.
2. 2.
bio cultivo de
célula ou tecido vivos em uma solução contendo nutrientes adequados e em
condições propícias à sobrevivência.
Mais, é ciência.
Ciência substantivo feminino
1. 1.
conhecimento atento e aprofundado de
algo.
2. 2.
corpo de conhecimentos sistematizados
adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas
categorias de fenômenos e fatos, e formulados metódica e racionalmente.
"homem de c."
Como
chegamos a este grau de desinformação geral? Falta de cultura, falta de
educação, falta de vontade. Segurança a sério não é esta nossa brincadeira de achismos e interesses particulares, é matéria multidisciplinar. Cultura
No começo
da obrigatoriedade do cinto de segurança colou uma besteira sem tamanho:
"E se eu cair num lago? Morro por que vou estar preso no cinto",
afirmação imbecil, típica de incultos. Não ter refletores na bicicleta colou. Aposto que esta quase ojeriza a ter refletores
na bicicleta vem da completa irresponsabilidade dos fabricantes nacionais de terem vendido bicicletas com refletores frágeis, mal projetados, que desalinhavam e caiam com
facilidade, não serviam para nada. Dava raiva. A maioria das fatalidades acontece a noite
por pura invisibilidade do ciclista. "E se o carro estiver com os faróis
apagados?" No que respondo: “E se a bateria da luzinha acabar e você não
perceber, como fica sem refletor?” Não entro numa discussão mais profunda sobre
a luta para que todos tenham consciência de acender os faróis por que é perda
de tempo; mas este é o ponto.
Em Amsterdam as bicicletas circulam do
jeito que estão. Muitas não tem luzinhas ou perderam seus refletores, por que foram entortados nos estacionamentos, caíram ou
estão velhos e sujos, o mais comum dos problemas. Porque não fazer um paralelo
com a nossa situação e aliviar nossos erros? Simples: a cultura de vida deles (e de qualquer país minimamente civilizado) levou a
transformação das cidades, a bicicleta foi um dos meios empregados para se chegar ao fim,
uma cidade mais segura, hoje o trânsito é bem seguro, não perfeito ainda, mas
tranquilo, e por cultura todos cuidam de todos. Não tem esta coisa de usar a
cultura como elemento de poder típico de república de bananas.
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