Faz
uns dias tive a benção de ver minha neta, Maria Clara, rindo,
feliz, brincando, atormentando o irmão Guilherme. Normalmente está
com cara fechada, enclausurada no celular como a maioria dos de sua
idade adolescente. Seu rosto descontraído, dentes expostos, fala
divertida, gestos soltos e inconsequentes, me fez dormir feito um
anjo. Está viva! Há vida na frente daquela telinha do celular.
Ela
não faz nada além de refletir a sociedade que está em volta. Outro
dia sua mãe teve a ousadia de checar as mensagens dentro do cinema.
Estou furioso até agora. A primeira vez que vi acontecer uma
situação destas metade da plateia se levantou e quase arrancou a
tapas do cinema o idiota e seu celular. Hoje a falta de respeito é
generalizada e é raro alguém reclamar.
Não
é só uma questão de respeito, mas de saúde mental. A cada dia
saem mais estudos científicos provando que a era digital, em
especial o celular, é uma droga viciante tão perigosa quanto bebida
ou crack. Mesmo que não fosse, está sendo um exagero e isto é
perigoso.
A
era digital explodiu o tempo, fragmentou tudo em nano pedacinhos.
Biologicamente somos exatamente os mesmos de sempre. Esta brutal
mudança está pondo a prova nossa incrível, praticamente ilimitada,
capacidade de adaptação. Será
que vai dar certo? Todos estes
progressos
são tão maravilhosos como parecem? Se todo
progresso é assim maravilhoso,
porque o automóvel está sendo tão contestado? É simplesmente uma
questão de equilíbrio. Nos
recusamos a aprender com o passado, com os fatos incontestáveis.
Aos
17 anos vi um amigo, completamente chapado, perder a noção de que
lado do espelho estava. Não sabe até hoje. Surtou e nunca mais
voltou.
Surtamos.
Alguém tem dúvida disto?
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