quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Silêncio - por Lúcia Guimarães

Minha opção pela bicicleta se deu muito pelo seu silêncio. A possibilidade de passar pelas situações e lugares e ouvi-los plenamente foi importantíssimo para meu crescimento, minha vivência e sobrevivência. Para ouvir é necessário silêncio. Neste momento estou ouvindo Concert for George (Harison), com o Paul McCartney abrindo com um uma espécie de cavaquinho, e agora vai entrar á tropa convidada, com o Eric Clapton solando e cantando; impossível de continuar escrevendo. Eles precisam do silêncio do teclado e de minha cabeça, principalmente pelo mais puro respeito.

O dia que li Sidarta pela primeira vez, que pensando bem talvez seja a mesma época que comecei a caminhar longas distâncias e depois a pedalar, foi quando percebi o como uma das melhores riquezas.

Sinto muita falta do silêncio. É muito pior quando se volta de viagem, de lugares longínquos que funcionam bem justamente pela inteligência do silêncio. A cada volta para nosso batuque de bateria de escola de samba no recuo da avenida lembro da funcionária do aeroporto de Miami (1991) que me indicou o caminho do gate do voo de volta para o Brasil: “Siga os berros das crianças (brasileiras)”, disse ela sem apontar. Não teve erro.

O texto da coluna de Lucia Guimarães no O Estado de São Paulo sobre o silêncio é brilhante e recomendo a leitura com atenção. De fato, uma das prerrogativas da democracia é o silêncio.

 
Depois de ler ouçam no mais profundo silêncio
 

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