Comprovei que estava ficando velhinho quando numa largada de prova fui ultrapassado por uma gurizada que mais pareciam foguetes. A princípio não entendi nada, mas caiu minha ficha e comecei a gritar as gargalhadas para aquela massa de foguetes "Vocês não respeitam os mais velhos?" Era o que me restava. Em seguida começou a chuva, ficou escorregadio, e a situação ficou de igual para igual, ou melhor para mim com os guris apanhando do barro ou indo para o chão.
Hoje, até com os pentelhos brancos, me divirto de vez em quando dando chinelada na molecada e em alguns marmanjos com suas bicicletas caras. Ah! a experiência! Lógico que não dá para ir muito longe, brincar por muito tempo, mas dá para perturbar o outro, o que acaba lavando a alma. Tenho meu momento, meu ego sorri, volto para casa leve porque o velhinho ainda está vivo e bem.
Pedalar é a arte da suavidade, suavidade é técnica em estado de arte, só se chega a arte com disciplina trabalho e trabalho, disciplina é autoconhecimento e autorrespeito, enfim maturidade.
Sou menos disciplinado, ou menos neurótico com disciplina, do que era quando tinha lá meus 30 e poucos anos. Aos 30 olhava demais a técnica de pedal e menos do que deveria para o respeito ao próprio corpo. Abusei, sem dúvidas, e abusar é uma besteira. E algumas vezes fiz menos que poderia por erro de avaliação. Talvez porque ter boas informações disponíveis não era tão fácil na época. Hoje não me resta dúvida que ficar no meio termo, o do bem estar, faz milagres. De qualquer forma só tenho que agradecer por ter sempre procurado pedalar da melhor forma / qualidade possível. Quando se cuida ou faz bem no começo se tem bons resultados no final. Meu corpo agradece os cuidados tomados no passado assim como meu pedal agradece o respeito à técnica que sempre tive.
Do Budismo para o ciclista:
- compreenção correta
- aspiração correta
- fala (comunicação) correta
- conduta correta
- meio de subsistência correta
- esforço correta
- atenção correta
- contemplação correta
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