segunda-feira, 10 de junho de 2019

Sem patinetes, com patinetes, sem...


Atropelado por outras notícias sobre segurança no trânsito, as mais variadas, deixei este texto nos rascunhos. Sem os patinetes é coisa do passado, eles estão de volta para ficar. A vida é assim. Nada contra, muito pelo contrário.

O parágrafo abaixo ainda tem validade, mesmo passados mais de 10 dias:

Tem sido uma delícia pedalar na ciclovia da Faria Lima, prazer que havia até esquecido. A razão é simples: a ciclovia está vazia porque estão dando um rapa nos patinetes. O título da matéria no O Estado de São Paulo do hoje, 31 de Maio de 2019, página A20, Metrópole, "Empresa de patinete não fica acima da lei, diz Covas (o Prefeito)", diz tudo: as empresas donas dos patinetes não legalizaram os mesmos, não tinham autorização para colocar milhares no meio do trânsito. Tenho dito e repito: a questão da mobilidade não pode ser resolvida de qualquer forma ou a qualquer custo. O que está acontecendo com os patinetes é mais um caso emblemático da improvisação que é tratado trânsito e mobilidade aqui em São Paulo. Aliás em todo planeta.

O problema começa porque simplesmente as leis de trânsito ainda não sabem o que fazer com estas coisas novas, as novíssimas geringonças movidas a motor elétrico e aplicativos. Na rua não dá por "n" razões de segurança principalmente o diferencial de velocidade para os carros e quase invisibilidade para o motorista dos patinetes e seus condutores; calçada é e deve continuar sendo para pedestres; e nas ciclovias vira mais bagunça que já é. Como a lei não responde o patinete vai por onde der, que se dane os outros. E os inúmeros acidentes não param de crescer. Então, o que se faz? Boa pergunta. É certo que se acredita ser uma boa opção de mobilidade. Será?

Patinete tem muito de contracultura, mas também de salve-se quem puder. Ninguém acredita mais em solução pelas vias normais, principalmente nestas pastagens sempre melancólicas, lentas, muito lentas, isto quando chegam. Contracultura não é nenhuma novidade. "Se a lei (ou regra, ou cultura, ou...) é injusta desobedecer é uma virtude". Bicicleta já rodou por aí, o automóvel também. A questão é como se faz uma boa ideia se tornar viável e prática, com mais benefícios que custos. Faz e depois a gente acerta, um pouco da contracultura, neste país do improviso tem tudo para criar novos problemas, como está mais que provado. Por outro lado, aceitar que uma empresa simplesmente resolva seu problema imediato e que se foda o resto, como acontece com as mobilidades de aplicativo, é aceitar o capitalista selvagem em nome do social, e porque não dizer do socialismo.

Porque estão parando ou proibindo patinetes em todas as partes do planeta se eles são mais uma possível solução? Para começar patinetes tem um altíssimo custo para a saúde pública, os hospitais estão metendo a boca no trombone. O número de acidentes vai diminuir com o tempo? Provavelmente sim, diz a história da bicicleta. Os usuários se acostumam, aprendem com os erros, a novidade passa, diminui o entusiasmo, o povo vai ficando mais cuidadoso, sabendo o quanto dói um tombo, e diminuem os acidentes. A diferença do patinete para a bicicleta é o nível de instabilidade de qualquer patinete ou outras geringonças elétricas de rodas bem pequenas. As empresas de aplicativos estão preocupadas? Responda você. E você, está preocupado?

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