Atropelado por outras notícias sobre segurança no trânsito, as mais
variadas, deixei este texto nos rascunhos. Sem os patinetes é coisa do passado,
eles estão de volta para ficar. A vida é assim. Nada contra, muito pelo
contrário.
O parágrafo abaixo ainda tem validade, mesmo passados mais de 10 dias:
Tem sido uma delícia pedalar na ciclovia da Faria Lima, prazer que havia
até esquecido. A razão é simples: a ciclovia está vazia porque estão dando um
rapa nos patinetes. O título da matéria no O Estado de São Paulo do hoje, 31 de
Maio de 2019, página A20, Metrópole, "Empresa de patinete não fica acima
da lei, diz Covas (o Prefeito)", diz tudo: as empresas donas dos patinetes
não legalizaram os mesmos, não tinham autorização para colocar milhares no meio
do trânsito. Tenho dito e repito: a questão da mobilidade não pode ser
resolvida de qualquer forma ou a qualquer custo. O que está acontecendo com os
patinetes é mais um caso emblemático da improvisação que é tratado trânsito e
mobilidade aqui em São Paulo. Aliás em todo planeta.
O problema começa porque simplesmente as leis de trânsito ainda não
sabem o que fazer com estas coisas novas, as novíssimas geringonças movidas a
motor elétrico e aplicativos. Na rua não dá por "n" razões de
segurança principalmente o diferencial de velocidade para os carros e quase
invisibilidade para o motorista dos patinetes e seus condutores; calçada é e
deve continuar sendo para pedestres; e nas ciclovias vira mais bagunça que já é.
Como a lei não responde o patinete vai por onde der, que se dane os outros. E os
inúmeros acidentes não param de crescer. Então, o que se faz? Boa pergunta. É
certo que se acredita ser uma boa opção de mobilidade. Será?
Patinete tem muito de contracultura, mas também de salve-se quem puder.
Ninguém acredita mais em solução pelas vias normais, principalmente nestas
pastagens sempre melancólicas, lentas, muito lentas, isto quando chegam.
Contracultura não é nenhuma novidade. "Se a lei (ou regra, ou cultura, ou...)
é injusta desobedecer é uma virtude". Bicicleta já rodou por aí, o automóvel
também. A questão é como se faz uma boa ideia se tornar viável e prática, com
mais benefícios que custos. Faz e depois a gente acerta, um pouco da contracultura,
neste país do improviso tem tudo para criar novos problemas, como está mais que
provado. Por outro lado, aceitar que uma empresa simplesmente resolva seu
problema imediato e que se foda o resto, como acontece com as mobilidades de
aplicativo, é aceitar o capitalista selvagem em nome do social, e porque não
dizer do socialismo.
Porque estão parando ou proibindo patinetes em todas as partes do
planeta se eles são mais uma possível solução? Para começar patinetes tem um
altíssimo custo para a saúde pública, os hospitais estão metendo a boca no
trombone. O número de acidentes vai diminuir com o tempo? Provavelmente sim,
diz a história da bicicleta. Os usuários se acostumam, aprendem com os erros, a
novidade passa, diminui o entusiasmo, o povo vai ficando mais cuidadoso,
sabendo o quanto dói um tombo, e diminuem os acidentes. A diferença do patinete
para a bicicleta é o nível de instabilidade de qualquer patinete ou outras
geringonças elétricas de rodas bem pequenas. As empresas de aplicativos estão
preocupadas? Responda você. E você, está preocupado?
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