Os camisas amarelas que fazem protestos por toda a França reclamaram das doações que vem sendo feitas, já próximas a um bi de Euros, direcionadas para a reconstrução da Notre-Dame. Eles não conseguem entender porque não se fez estas doações para causas sociais defendidas por eles. Burrice completa ou má fé, porque não dá para acreditar em inocência.
Notre-Dame tem um público anual de 16 milhões de visitantes e é uma das mais importantes e famosas atrações da França e de Paris, um chamariz para o turismo internacional que rende a todos franceses, todos, sem exceção, uma invejável estabilidade econômica e social. Não reconstruir Notre-Dame ou qualquer outro monumento histórico de tal importância é cometer suicídio bem lento e doloroso. Não sei por quanto o setor de turismo responde no PIB Francês, mas sei é uma montanha de dinheiro. Europa depende de turismo para sobreviver, portanto cidadãos europeus também, incluindo aí esta pouco inteligente esquerda francesa. Toda cadeia produtiva da França (e Europa) tem alguma relação e dependência do turismo; do receptivo à produção de alimentos, do serviço à indústria, da telecomunicação à educação, tudo enfim.
E aqui no Brasil se fez a dolorosa comparação das doações para a Notre-Dame com as que foram realizadas até agora para a reconstrução do Museu Nacional, que são pífias. Não dá para comparar. Lá há um sentimento coletivo, nacional, Francês, Europeu, internacional e histórico que fortalece a preservação do patrimônio e da memória. Aqui nem Deus consegue que nossa história seja preservada, todos conspiram contra. Turismo? Não é só uma questão do Brasil ser um destino distante, mas do medo da violência, do atendimento receptivo de baixíssima qualidade, da falta de respeito com nosso patrimônio histórico que está caindo aos pedaços, do lixo na rua, da poluição em nossas praias...
Museu Nacional faz parte de nossa cultura! Sim, eu sei, mas o brasileiro está cagando e andando para nossa cultura. Funk-se quem puder! Bom mesmo é lá fora; lá é que eles cuidam das coisas! Turismo cultural no Brasil? Como? O que é isso?
Não tenho vontade de doar dinheiro para a reconstrução do Museu Nacional simplesmente porque não confio nem nas pessoas nem no sistema que cuida da cultura no Brasil. Tenho inúmeras razões para tanto. Se eu der dinheiro onde ele irá parar, como será usado? Se não houver desvios, com que inteligência, bom senso e qualidade será aplicado? Que vontade dá de doar dinheiro para o Nacional se outros museus e patrimônios históricos estão largados às traças? Qual é a política de estado para preservação de memória e patrimônio histórico? Qual a pressão ou interesse da sociedade para a real preservação de nossa história? E a Biblioteca Nacional, como está?....
Contribuí com o MUBI durante toda sua existência. Um dia armou-se uma confusão tipicamente brasileira e colocaram Valter Busto e sua coleção para fora, extinguindo o MUBI. Joinville abriu um novo museu de bicicletas no lugar do MUBI pequeno, acanhado, sem curadoria a altura, o museu dos amigos. Valter tem raríssimo conhecimento sobre a história da bicicleta no Brasil, é de fundamental importância para a preservação de nossa história, principalmente a história da população trabalhadora. Felizmente as 43 bicicletas e inúmeras peças e documentos que doei estão com o Valter, e infelizmente estão guardadas num galpão longe do público. História triste que mais uma vez reflete o que pensamos sobre cultura.
Contribuí com o MUBI durante toda sua existência. Um dia armou-se uma confusão tipicamente brasileira e colocaram Valter Busto e sua coleção para fora, extinguindo o MUBI. Joinville abriu um novo museu de bicicletas no lugar do MUBI pequeno, acanhado, sem curadoria a altura, o museu dos amigos. Valter tem raríssimo conhecimento sobre a história da bicicleta no Brasil, é de fundamental importância para a preservação de nossa história, principalmente a história da população trabalhadora. Felizmente as 43 bicicletas e inúmeras peças e documentos que doei estão com o Valter, e infelizmente estão guardadas num galpão longe do público. História triste que mais uma vez reflete o que pensamos sobre cultura.
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