Acordei cedo e trabalhei até lá pelas 11:30 h, quando sai para dar uma corridinha a pé antes do almoço. Peguei a bicicleta e sai pedalando como uma criança rumo ao parque... e voltei com duas costelas quebradas para casa. A molecagem resultou num beijo frontal com um Honda Civic, um voo de Superman que acabou num test driver do para-brisa e sua coluna esquerda. Moral da história: "Mamãe, não quero mais brincar de duplê!"
E começaram me perguntar porque estou dolorido e pedir para contar como foi o acidente.
- Fui eu. Eu fui o culpado.
- E o carro, estava devagar?
- Estava devagar, mas ele não teve nenhuma culpa. A culpa foi minha. Eu vinha a milhão feito um moleque e me distrai.
- Mas o carro estava devagar?
- Estava quase parado.
- Mas deveria estar mais devagar...
- A culpa foi minha. Ele estava dobrando uma esquina que é um bico de pato em subida e fica difícil de ver quem vem. Ele estava quase parado e eu estava quase no meio da rua... e me distraí.
- Ele parou para socorrer?
- Parou...
Praticamente a mesma conversa foi repetida algumas vezes, com pessoas diferentes. Todos não conseguiam entender que o culpado fui eu. Ciclista não tem culpa... Não sei quanto aos outros, mas eu sei o que fiz e fiz burrice.
Pensando em detalhes e olhando com os olhos do advogado do diabo foi uma cascata de erros e infrações de trânsito. Vamos lá:
Pensando em detalhes e olhando com os olhos do advogado do diabo foi uma cascata de erros e infrações de trânsito. Vamos lá:
- eu vinha a milhão na descida, talvez acima da velocidade máxima local: erro meu
- com velocidade é bom ficar longe dos carros para evitar pegar uma porta abrindo. Eu estava no limite da minha faixa de rodagem. Não há pintura de faixa no local. O lado direito da via, onde eu estava, tinha carros estacionados onde há duas placas de proibido estacionar.
- na esquina onde bati havia carros estacionados dos dois lados, inclusive no bico de pato onde dobrou o Civic. A lei diz que
Art. 181. Estacionar o veículo:
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo do alinhamento da via transversal: portanto não poderia haver carros estacionados ali. As razões para esta proibição são essencialmente duas: diminuição da visão do motorista (também de pedestres e ciclistas) que está dobrando a esquina e diminuição do leito carroçável o que obriga o motorista fazer uma curva mais aberta. Mesmo assim o erro é meu porque pedalando tenho que prever esta situação, ou seja, tenho que praticar direção defensiva, principalmente conduzindo um veículo de duas rodas. - é praticamente impossível um carro dobrar uma esquina tão fechada como aquela em alta velocidade. A curva do Tabaco, em Mônaco, é feita por um F1 a uns 60 km/h. O Civic no qual bati estava praticamente parado.
- o limite da faixa de rodagem de cada um não está demarcada por pintura, o que deveria estar por ser um local de bom fluxo de veículos. O Hospital São Luis fica logo ali. Erro da CET; mas se eu tivesse feito a aproximação da curva numa velocidade mais compatível com a situação teria tido tempo de desviar. Um erro não justifica o outro. Erro meu.
- o golpe fatal foi que no momento que estava freando olhei para uma placa de sinalização que estava encoberta pelos galhos de uma árvore, que deveria estar podada, responsabilidade da Prefeitura. Quando voltei os olhos para frente já estava batendo; só tive tempo de encolher as pernas. Erro meu.
Quebrei as costelas por causa de uma cascata de erros, a maioria meus. Todos acidentes são assim. É muito raro haver só uma causa de acidente, normalmente é uma sequência de erros e falhas. Se não entender isto vai continuar sofrendo acidentes e incidentes e colocando a culpa nos outros. "Meu filho, onde você errou", obrigado mãe por ter incrustado isto na minha cabeça.
- E a bicicleta?
- Esta perfeita. Voltei pedalando ela para casa. Tive reflexo para levantar as pernas e soltar a bicicleta na hora o impacto. Ela está perfeita.
Então foi isso! Por que o mistério?
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