segunda-feira, 27 de julho de 2015

Tour de France anos 30, 40 e 50


Até 1930 o Tour de France era uma prova duríssima, coisa para bem poucos homens. A partir dai o regulamento é reformado, começam as transmissões por rádio e são permitidas as caravanas publicitárias que vem atrás dos competidores fechando a prova do dia, ou seja, começa o profissionalismo para valer. Até hoje a França praticamente para para ouvir, assistir e comentar as provas e por onde a prova passa a população espera ansiosa as quase carnavalescas caravanas publicitárias, uma pura diversão.
Antes da Segunda Guerra Mundial as bicicletas tinham pouquíssimas marchas, quando tinham. Nos primórdios tinham duas marchas, uma para o plano e outra para subida. Para "trocar de marcha", como dizemos atualmente, o ciclista era obrigado a parar, soltar a roda traseira, girar 180º a roda, montar de novo no quadro e só então voltar a pedalar. Ou seja, de um lado da roda traseira ficava a catraca para o plano e do outro lado da mesma roda ficava a catraca com mais dentes para as subidas. Simples assim. E ai criaram as duas marchas, duas coroas no pedivela, que eram trocadas por uma pequena alavanca junto ao tudo de selim. Surgiram as três marchas no cubo. E um dia a Campagnolo apareceu com um sistema de múltiplas marchas, quatro coroas numa catraca na roda traseira com um passador de marchas funcionando por baixo da catraca, que é o sistema mais comum que temos hoje em dia.
Nos anos 30 poucos ciclistas tinham algum apoio, a maioria contava com o apoio da população que oferecia todo tipo de comida, vinho, cerveja e outras bebidas alcoólicas. Nas garrafas de alumínio com tampa de rolha, presas no suporte do guidão, alguns levavam água, mas nem todos. 
O "X" que se vê no peito dos ciclistas são pneus tubulares reserva. É um pneu costurado em forma de tubo com uma câmara de ar dentro. Consertar um furo nestes pneus tubulares é um trabalho muito complicado. Tem que desgrudar o pneu do aro, abrir a costura, tirar a câmara, consertar o furo, colocar a câmara para dentro do pneu, costurar o pneu, passar cola no aro e pneu e só então montar o pneu no aro. E é lógico que tudo tem que ser feito com um cuidado muito grande por que se não fura de novo. Se eu tivesse começado a pedalar bicicletas de estrada um pouco mais cedo, lá pela década de 60, não teria outra opção que os tubulares. A primeira vez que vi o conserto de um fiquei pasmado com a trabalheira que dá.
No filme é possível ver alguns pequenos obstáculos, como estradas sem asfalto, enchentes, ciclistas esperando o trem passar...
Com a Segunda Guerra Mundial o Tour de France para e só volta em 1947 para cruzar uma França devastada pela guerra. Mas a partir dai a prova fica muito mais civilizada. Os heroicos ficam no passado.
Hoje o nível de sofisticação de uma equipe de ponta se assemelha a uma equipe de Fórmula 1. Vence o Tour de France o melhor ciclista junto com a equipe que trabalhou com mais perfeição durante os 21 dias de prova e sabe-se lá quantos de preparação.
Mesmo que não entenda francês, vale a pena ver o filme pelas imagens.


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