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Simples: com toda a
população aplaudindo as maravilhas do automóvel e as cidades sendo
deliberadamente deformadas para melhorar a fluidez, pensar em tirar espaço para
dar para ciclovias era coisa de idiota. E a CET não estava completamente errada.
Quem não entendeu a realidade foram os minguados ciclistas.
Foram mais de 20 anos
tentando explicar para os ciclistas que o discurso “ciclovia” não funcionava,
era tiro grosso no próprio pé. Nunca entenderam. A construção das ciclovias do
Rio de Janeiro só piorou a rigidez do discurso paulistano pela ciclovia, pouco
importando algumas sutis diferenças, como ter o trajeto à beira mar, não ter cruzamentos
e portanto não atrapalhar o trânsito motorizado. Na época não se divulgou uma
palavra sequer sobre o óbvio alto número de acidentes causados exatamente pela própria
ciclovia, que era de conhecimento da comunidade de ciclistas. Enfim, fatos e sensatez
não era interessante para os objetivos.
Todas documentações e
manuais técnicos sempre afirmaram que o uso mais intensivo da bicicleta se dá em
distâncias mais curtas, até uns 4km. Mas até hoje o pessoal que fala pelo
ciclista pressiona por rotas de longa distância, o que atende em especial ao
anseio dos próprios, uma minoria que aguenta pedalar qualquer distância. Rotas
estruturais, ligando locais distantes, é onde está o trânsito mais pesado e onde
acontece a maioria dos acidentes com ciclistas. Bicicleta fica invisível no
meio de veículos grandes. Nestas vias é necessário, mas muito difícil ou até
mesmo impossível implantar ciclovias. Mais um ponto para quem não saber de
bicicleta. E muitos pontos a menos para a massa que só gostaria de ir pegar pão
pedalando.
Felizmente está
crescendo o número de ciclistas que entende e faz discurso que o caminho é o interno
de bairro, a mãe, a criança, o prego, o gordo..., o não esportista.
A CET vir com esta
que vai proibir ciclista em via de trânsito rápido, ou qualquer coisa no
gênero, é risível. Será que alguém lá dentro acredita mesmo que eles conseguem controlar
a entrada de ciclistas na vias expressas? Só pode ser um delírio.
De parte dos
ciclistas começa uma reação contra a medida, mas duvido que junto com esta reação
venha qualquer ação sensata e realista no sentido de proteger o ciclista que circula
por estas vias por absoluta falta de opção. Vão pedir capacete?
O que está acontecendo
agora é que a bicicleta ganhou vida própria, com ou sem Prefeitura, com ou sem
CET, e, melhor ainda, fazendo e andando para discursos utópicos de ciclistas. Caiu
a ficha que é pegar a bicicleta e sair pedalando, simples assim. E mais, que o
bicho papão do trânsito é bem mais manso e inofensivo que faz crer o discurso
dos terroriciclistas e da imprensa cega, surda, e medíocre.
Recomendo a leitura do ótimo artigo da Vá de Bike assinado por Willian Cruz: http://vadebike.org/2013/06/cet-sp-quer-ciclistas-fora-das-avenidas-de-sao-paulo/