segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Andreas Kisser: precisamos conversar sobre morte

O Estado de São Paulo
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A não discussão séria sobre morte é um tiro no pé sem tamanho, principalmente neste país onde a morte (do outro) é a coisa mais normal do mundo. "Morreu, morreu, antes ele do que eu", velho ditado popular. Os números que temos neste Brasil são absurdos, absolutamente inaceitáveis, e ainda ficamos divagando sobre o assunto (que não se pode falar abertamente porque é tabu ou sagrado).

Inacreditável hipocrisia. Sigam morrendo (os outros)... esta é nossa verdade.

Se um dia quiserem andar nas ruas com segurança, se um dia quiserem que nosso sistema de saúde funcione a contento, se um dia quiserem um país socialmente mais justo, se quiserem ter uma qualidade de vida mais digna, lembrem-se, nós nascemos, vivemos e morremos, com um pequeno detalhe: de duas coisas não se escapa nesta vida, pagar impostos e morrer. Como não temos sequer a capacidade de discutir, melhor dizendo, decência, para resolver a insanidade dos impostos deste país, guardo o direito que vamos continuar morrendo das maneiras mais estúpidas possíveis. Pelo menos nos velórios encontraremos os velhos amigos.

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