Entramos num posto de gasolina
numa estrada de Portugal para tomar um café e descansar um pouco. Passei os
olhos nos CDs e lá estava "Carminho canta Tom Jobim". Tom Jobim
sempre é bom, mas como será cantado por Carminho? Descobri ser maravilhoso.
Carminho é uma das mais respeitadas cantoras portuguesas, canta em cima da
partitura, mas por sua formação um fundo gostinho de fado polvilhando Tom Jobim. A
densidade resultante é impressionante.
Ouvindo e dirigindo pelas estradas portuguesas, lisas, bem sinalizadas, de
belas paisagens, ligando cidades limpas, bem arrumadas, com povo cordial e bem
educado, quase tive que parar o carro. Foi duro controlar a emoção, o choro.
Não só pela intensidade que as eternas músicas do Tom têm e tomaram com
Carminha, mas porque começou a passar um filme sobre o que foi o Brasil Bossa
Nova, quais eram nossas perspectivas de então, e no que nos transformamos. Como
aquilo deu nisto? Onde foi parar aquele Brasil? Pergunta retumbante.
A saber, faz uns 10 anos fizeram um levantamento sobre quais eram as 10
músicas mais tocadas no planeta e Jobim entra nada mais que com quatro, Garota
de Ipanema, Águas de Março, Wave e... e... (não me lembro). Beatles com uma,
Elvis uma, etc... uma cada. Aquele Brasil ainda atrasado, terrivelmente
desigual, mas menos brutal que o dos dias atuais, foi estupidamente desintegrado,
incluindo (e talvez principalmente) sua música.
Murillo meu irmão um dia
perdeu as estribeiras com a pasmaceira de alguns de seus alunos e passou a
gritar “Sonhem, sonhem, sonhem!”. Perdemos o sonho, perdemos delírio, perdemos
a graça, perdemos a paz, perdemos nosso país, o Brasil brasileiro. Com certeza
até mesmo para os mais pobres e sofridos. Tínhamos um absurdo abismo social, mas
não uma guerra civil sem sentido até dentro do mesmo nível social, da mesma
comunidade, entre irmãos. Pior, virou uma guerra civil politicamente correta, sem dúvida a
pior de todas. Dá para acreditar neste país?
Ditado chines: A vida é como
as nuvens que passam e nunca mais voltam.
Estou lendo a história (real) de
bruxos, feiticeiros e afins. O que arrepia não é a carnificina, famílias inteiras
virando churrasco, mas como nestes muitos séculos não mudamos nada.
Você é muito eclético na sua visão de vida e descreve tão bem suas viagens que faz me sentir fazendo parte delas. Parabéns.
ResponderExcluirVocê é muito eclético na sua visão de vida e descreve tão bem as suas viagens que faz-me sentir fazendo parte delas. Parabéns.
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