sábado, 20 de junho de 2015

Rede social, Qualidade e Equidade

Por que escolher Redes sociais, Qualidade e Equidade como tema da palestra no Velo City? Minha intenção inicial era falar sobre a situação que estamos vivendo no Brasil, desmontado rapidamente principalmente pela generalizada falta de qualidade. Incluo ai as porcarias das ciclovias que tem sido feitas país afora e em especial em São Paulo. O Brasil tem uma lei de licitação, a maldita 8.666, que, como piada, se pode dizer que é lei da eterna (8) besta do apocalipse (666). Não deixa de ser verdade. Na melhor das intenções a lei, que tem como prioridade o menor valor apresentado, infelizmente vem servindo para uma baixa brutal na qualidade da coisa pública e consequentemente na vida de todos nós, o que até o mais ignorante consegue perceber.
Meu sonho sempre foi o de usar a bicicleta na transformação da qualidade de vida da cidade. Para mim a bicicleta definitivamente é um dos meios e não o fim. Bicicleta como objetivo final é fanatismo não muito diferente de tantos outros que estão encurralando o planeta. Aliás, bicicleta como fim é de uma pobreza e mediocridade sem tamanho.
Nada pior que uma boa intenção piegas e ou carola, e é por ai que a humanidade está indo. Qual a saída? Meu credo hoje é qualidade. Só a qualidade trará a justiça social desejada, a equidade.
E por que “Rede social, Qualidade e Equidade”. Quase óbvio.
Não estou inserido nas redes sociais, mesmo assim posso afirmar com tranquilidade uma coisa: redes sociais não são democráticas, tem um grau de qualidade baixo e por isto definitivamente não levam a equidade. Como afirmar uma coisa destas sem conhecer? Desconheço as redes, mas conheço o seu efeito, por que o simples fato de não participar delas marginaliza. Hoje você tem que ter um celular inteligente (seja o que quer que isto signifique) ou está fora, vira um desconhecido. É socialmente mandatário. Ops! Como assim? Ou tem ou está fora? Ops! A história já viu histórias semelhantes antes e não deu certo. Livrinho vermelho em novo formato?
Rede social não é democrática por que é excludente principalmente entre os mais velhos, portanto com quem tem mais vivência, experiência, sabedoria. Também não é democrática por que tudo acontece muito rapidamente; mal dá tempo para digerir e pensar. E depende do poder aquisitivo, do acesso ao aplicativo ou o que quer que seja.
A qualidade de informação e pensamento que a rede social distribui e vende é muito baixa. Há uma diferença enorme entre escrever com a mão e teclar com os dedões, diferença abismal entre um texto rápido, imediatista, com abreviações, sem revisão, de poucas palavras, e um livro. Slow food, meus caros, tem um sabor completamente diferente de fast food. Fast food engorda, deixa mais lento, quando não mata. Escrever a mão é um ato que envolve mais coisas que fazer letrinhas bonitinhas por que dá tempo ao pensar, força o não errar. Quando se entra em assuntos mais aprofundados como, por exemplo, um sistema cicloviário, até textos em blogs acabam sendo superficiais. Aliás, vamos um pouco mais longe, no Brasil textos de jornais e revistas têm sido reduzidos, enxugados, para aumentar o público leitor, o que fez baixar muito a qualidade da informação, do pensamento, da troca, da democracia. A história prova que rapidez só faz aumentar as diferenças sociais.  
O poder da rede social ainda é fato novo na humanidade. Toda novidade é impactante. Mais impactante ainda numa sociedade pega de surpresa com o grau e escala de organização que teclar e enviar tem tido. O resultado nem sempre é o esperado, vide o norte da África. Andy Warhol disse algo como “um dia todos terão 15 minutos de fama” e eu digo que “hoje qualquer um pode ter seus 15 minutos de poder”, o que não necessariamente é democrático e definitivamente é um perigo para toda sociedade.

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