segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Brincar, paciência e chegar lá

            A primeira corrida depois da São Silvestre foi ótima. Me senti pleno. Melhor, estou inteiro, pronto para outras. Quem teve o número de lesões como eu tive sabe como é bom terminar uma prova de 15 km limpo, zerado, sem ai... ui..., ou pior, sem uma imobilização temporária. A vida tanto martelou que aprendi e hoje tomo cuidado para não cometer erros bobos. Antes velho do que nunca! A leitura de revistas e livros, o melhor dos investimentos que se pode fazer, me ensinou, mesmo que tardiamente, que vale muito mais a pena o bem estar que o orgulho.
                O ponto de saída é não ter pressa. É extremamente importante construir resultados perenes.
                A base do que faço é um “fartleck”, uma forma de treinamento sueco baseado em variações, inconstâncias, quase brincadeiras. Fartleck é um processo bem mais complexo e sofisticado, mas do conceito tirei a importância de simplesmente brincar. “Ou você ri da vida ou a vida ri de você” dizia minha mãe. Com o corpo é a mesma coisa. É óbvio que é preciso prestar atenção no próprio corpo e ter consciência de limite, o que se aprende também com um pouco de leitura sobre fisiologia e o significado das dores. Sim, dores falam, quase sempre a verdade.
                Diversificar e cruzar atividades físicas para melhorar o condicionamento é a fórmula certa para alcançar resultados mais consistentes. Eu pedalo distâncias médias para transporte, vez ou outra saio para pedalar mais longe por ai; dou umas corridas a pé três vezes por semana, caminho, e subo escadas. Infelizmente a piscina do Pacaembu, a única olímpica e pública do Município de São Paulo, foi fechada para uma necessária reforma. Não gosto de piscinas de 25 metros quentes e cheias de cloro. Água quente amolece e cloro fede. Prefiro ficar sem nadar, o que é um problema para a parte superior do corpo.
                Gasto todo meu tempo com treinamento? Não, definitivamente não. Eu não treino,  nunca gostei de treinamentos, academias, programas, metas rígidas, e todas estas coisas tão típicas da sociedade saúde. Via de regra estes treinamentos são criados com base no esporte de competição e eu tenho 60 anos e sou diabético. Minhas corridas a pé não demandam mais que uma hora, uma vez ou outra uma hora e meia, entre trocar de roupa, correr, parar o suor, tomar banho e voltar aos afazeres da vida. Geralmente quando pedalo tenho horário para chegar, mas busco sempre variar o caminho, esticar um pouco quando dá, mudar o ritmo, ou procurar caminhos que tenham poucas paradas. Antes de sair de casa avalio a equação distância, tempo disponível, trajeto, na ida e na volta. Algumas vezes opto por ir de metro por que tenho que subir e descer escadas, o que faço em velocidade. Ou vou de bicicleta pública e volto a pé, caminhando normalmente ou em passos largos, para mim o exercício mais penoso.
                Outro dia um amigo, que está gordo e quase embarcou para o além, me contou que o médico mandou entrar em forma. Ele estava apavorado por que odeia academia, treinadores, acordar muito cedo... Ficou feliz quando disse que não precisava de nada disso. “Basta brincar...”

                Acredito que este ano consiga fazer mais uma meia maratona, e quem sabe um dia fazer uma maratona completa, que é meu sonho. Devagar chego lá.

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