Fato é que depois da operação policial no Rio de Janeiro todos passaram a discutir a questão da segurança pública, leia-se violência. Antes das mais de 100 mortes, chacina, guerra, massacre, vitória, chame do que quiser, a discussão era menos abrangente, menos profunda, digamos a verdade, superficial, pueril.
Fato é que pelo sim ou pelo não, foram mortes, muitas mortes, a maioria de pessoas com algum passado criminal, o que faz diferença para a compreensão dos fatos.
Fato também é que a maioria da população carioca concorda com o que aconteceu.
Fato é que a quase totalidade da população favelada ou de comunidades concorda com o resultado da operação policial, algo em torno de 80% pelo que foi divulgado, o que demonstra de maneira inequívoca que a vida que estes mesmos vêm tendo em seus lugares de moradia está longe de ser tranquila.
Fato é que até agora o que acontecia dentro das favelas ou comunidades entravam na pauta geral, dos botecos ao jornalismo, das decisões de governadores e prefeitos, e da maioria da população, só quando acontecia algo "anormal", o que quer esteja sendo definido como "normal".
Fato é que dizer que o que aconteceu não é normal soa como uma vergonhasa cegueira para todos fatos passados triviais.
Fato é que, segundo autoridades, 20% do Grande Rio está nas mãos do crime organizado, e para ter chegado aí muita água rolou, balas e violência também.
Fato é que o número de criminosos, segundo as autoridades, passa de dezenas de milhares, numa das reportagens foi citado algo em torno de 60.000 criminosos.
Fato é que sendo crime ou terrorismo, como queiram definir os que acordaram agora, o treinamento e munição deste pessoal é assustador.
Fato é que a entrada ilegal de armas era conhecida pelo grande público, que não entendeu a gravidade e precisionou para que tivesse um fim.
Fato é que agora sabemos que a fabricação informal de armas de grosso calibre para o crime organizado existia, se não continua existindo.
Fato é que comércio e serviço dentro destas comunidades, e provavelmente em muitas outras, estava e segue sob controle do crime organizado. Fato é que o volume de dinheiro que esta situação gera é enorme. Fato é que houve um profundo silêncio por parte das empresas que perderam mercado. Fato é que só agora foi publicado que a quantidade de galpões vazios no Rio de Janeiro cresce sem parar.
Fato é que só agora as autoridades estão dizendo que vão tomar providências para parar o crime organizado. De fato, o que aconteceu nesta operação na Penha - Alemão obriga (?) uma posição, ou reação, ou ação política, ou uma caça aos votos, até de cegos, surdos, e dos mudos que não são, porque gostam de falar o que farão, mas não falam o que durante décadas não fizeram nada.
Fato é que o silêncio das igrejas é sintomático.
Fato é que não sabemos se foi uma ação com apoio dos milicianos.
Fato é que todos nós aceitamos o que está acontecendo, não tivéssemos aceitado, não teríamos chegado onde chegamos.
Fato que simplesmente não adianta ficar repetindo as mesmas coisas.
Fato é que "Nós não podemos falar nada que o Alexandre de Moraes censura ou prende. Você não viu a pena que ele deu para aquela manicure que rabiscou a estátua. É injusto, foi demais! Censura! Nós não podemos falar nada!" - palavras da salvação! Desculpem, palavras de uma senhora sobre o porque aceitamos o que aceitamos e ficamos calados. Palavras da salvação!
Quantos 'fato é que' se poderia colocar aqui. Pense, se de fato você quer paz.
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