Quando fui Bike Repórter Eldorado, entre 1999 e 2001, recebi apoio da Olympikus, marca esportiva brasileira. Me deram tênis, camisetas, bermudas, shorts, meias, cuecas... ou seja, equipamento completo, e mais algumas peças para Teresa, em particular uns bustiers que até hoje ela considera insuperáveis em qualidade e conforto. Minhas últimas peças estão acabando agora, mais de 15 anos depois, depois de uso contínuo e sem piedade. Ainda tenho um par de meias, shorts de correr, uma bermuda, a camisa oficial da seleção olímpica de vôlei patrocinada então pela Olympikus, a única que guardo para eventos especiais, como os protestos de rua. A durabilidade destes vestimentos foi excepcional para nossos dias de marcas internacionais famosas, caras e rapidamente descartáveis.
Um amigo que conhecia o que estava acontecendo na Olympikus daquela época disse que a marca estava fazendo um grande esforço para nivelar-se em conhecimento da marca e vendas com as grandes marcas esportivas internacionais, dai produtos com uma qualidade surpreendente, melhor que das concorrentes internacionais, mas o brasileiro continuou optando pelo nome e status e a Olympikus teve que se reposicionar, ou seja, voltar a realidade de ser uma marca brasileira para o gosto e sensibilidade brasileira.
Na mesma época Teresa D'Aprile gerenciou uma loja de material esportivo onde a maioria dos tênis das grandes marcas, principalmente os caríssimos, eram comprados em trocentas prestações por pessoas de pouco poder aquisitivo. Não mudou muito porque não faz muito vi com espanto na vitrine o lançamento de um tênis de R$ 1.000,00 que imaginei que nenhum louco o compraria. Em pouco tempo muitos usavam, boa parte gente simples. Aparência vale tudo.
Não resta dúvida que este é o país que tem por opção o mais barato, precário, imediato, a aparência. É histórico, sempre foi assim. Olhem nossas cidades, o melhor espelho do que somos como coletividade, como sociedade. Olhem as periferias e favelas com suas ruas e vielas feias, sujas, tortas, sem verde; casas de aparência externa malcuidadas e interiores limpos, bem cuidados, de encher de orgulho vaidoso seus proprietários, principalmente a TV de 'n' polegadas na apertada sala que quase coloca o nariz dos moradores na tela, e geladeira, fogão e demais complementos impecáveis da linha branca na cozinha. Dentro tudo. O coletivo não é de ninguém. O orgulho é meu. "Os pobrema é dos outro".
A baderna que vivemos neste país, que não é de agora, só será superada quando começarmos a respeitar nossas cidades, para que estas sejam locais agradáveis, tranquilos, onde a população viva em paz. Coletivo, portanto com diálogo, muito diálogo. Não há outro caminho.
"Nem um centímetro a menos (das ciclovias)" não olha para cidade (de São Paulo), nem para os ciclistas. Olha para o imediato, o status entre os iguais. Tão parecido com desfilar com um tênis caro de marca importada...
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