Hoje é 29 de Dezembro de 2016 e o ano ainda não acabou. Um ano que passou tão rápido como tarda para acabar com seus últimos dias. O Natal chegou de sopetão, Papai Noel caiu no colo de cada um de nós de saco cheio, o próprio, e vazio de presentes para os outros. E veio dia 25 numa São Paulo ensolarada e divinamente vazia. E 26, 27, 28, 29, bufa!, não termina esta joça de 2016!
Lá fora faz 34°C. Acabei de entrar em casa depois de ter pedalado para lá e para cá num sol de racha coco. Quando entrei na loja para pegar algumas coisas que estou precisando para trabalhar estava empapado e a atendente olhou para minha camiseta apavorada e perguntou se eu não queria algo - uma ambulância certamente pensava ela - para me refrescar. Só ai me dei conta do meu estado. Não é fácil pedalar neste verão infernal.
Bom, eu não gosto de calor. Tenho pressão normal com viés para baixo. Calor me faz mal. Minha temperatura amada está entre 5°C e 20°C, ou 17°C na mosca. Como vocês sabem, 17 X 2= 34; não pode dar certo. Mas tomei uma decisão: morro frito pelo asfalto de mais de 40°C, mas vou continuar minha vida normal, mesmo que de vez em quando quase desmaie - literalmente.
Para minimizar a fritura tenho pedalado perseguindo as sombras. Não importa que o caminho seja mais longo, que tenha mais subida, basta ter árvores e verde vou por ele. Felizmente moro em uma área bastante arborizada, o que não é comum nas cidades brasileiras. Saiu das áreas centrais e mais antigas de qualquer cidade a possibilidade de se rodar (e viver) num mar de concreto e asfalto é muito grande. Quanto mais baixo o nível social, mais inóspito e o bairro. Um dia conversando Murillo eu soltei que a razão para este amor pelo concreto e asfalto e ódio pelo verde está ligado à origem do povo que veio do "mato" e de sua miséria. Para eles o verde é sinal de pobreza, dai o deserto de nossas periferias ou cidades de interior. Murillo gostou.
Professor Paulo Saldiva um dia destes comentou que uma das razões para as tempestades que a cada dia caem mais fortes em nossas cidades, como o brutal toró que desagua agorinha mesmo, é que onde só há concreto e asfalto há também uma ilha de muito calor o que interfere nas chuvas, que por sua vez acabam se concentrando num determinado ponto geográfico (a minha explicação está um horror, mas é por ai). Em outras palavras, quanto mais verde, mais meió pro ciclista - e para o planeta. Seria maravilhoso se verdejar fosse parte da luta dos ciclistas.
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