Opção pelo atraso, preciso escrever mais?
O título desta postagem está esquecida nos rascunhos faz sei lá quanto tempo. O planeta virou de ponta cabeça desde então e continuamos, como sempre, dando piruetas no ar, na terra empoeirada, na poça de lama, pisando, escorregando, caindo de cabeça na bosta de vaca, batendo na cerca de arame farpado... e nada indica que vamos mudar. E tem tudo para piorar.
Peguei minha santa diarista espremendo a garrafa de detergente na panela e mais um pouco no prato. Tentei pedir para não fazer mais, mas comecei o pedido de forma torta e parei no meio do caminho. Quando ela foi para sua casa descobri que o galão de água sanitária praticamente acabou. Não deveria durar muito mais? Desde aquele dia venho pensando como conversar com ela para explicar porque não se deve e não quero que se use barbaridades de produtos de químicos limpeza. Teresa virou para mim e disse que todas, as faxineiras e diaristas, fazem o mesmo, tudo para "ficar limpinho e mostrar serviço". Limpinho?
Detalhe? Não regra, deprimente regra.
Foi no Pacaembu que vi pela primeira vez o chão ser varrido com rodo. Uai? Rodo não é para puxar água? Fui até o funcionário que enfadonho varria com rodo e tentei conversar, e nas primeiras palavras ele pôs um ponto final: "É muito mais fácil (com rodo)", ponto final. Será? Tenho minhas sérias dúvidas. Se fosse as vassouras não estariam extintas?
A culpa é de nossa colonização pelos portugueses. É mesmo? Culpa velha, de 500 anos, ou 200 da independência, e neste meio tempo fizemos o que para mudar a situação?
O buraco na formação do povo que temos no Brasil é absurdo. O sujeito é contratado para colocar placas de sinalização de trânsito. Tem um poste novinho, o sujeito é instruído sobre quais placas devem colocadas em que lugar, e apontadas para onde. Parece ser óbvio que as placas sejam direcionadas para o olhar dos motoristas, mas por alguma razão misteriosa uma das placas está direcionada para um muro, sim, você leu correto, direcionada para um muro. O motorista para vê-la tem que quebrar o pescoço, ou não vê. Aliás, literalmente não a vê.
"Você não pode falar assim com eles! Não se pode invadir a verdade deles". Como assim? A afirmação me foi repetida inúmeras vezes por inúmeras pessoas sobre comentários ou reclamações minhas para erros de funcionários. Quando não é isto é o "Não adianta nada falar". Qual será pior?
A questão não é invadir a verdade do outro, passamos disto há muito, mas como mudar posturas e posicionamentos, como tirar o Brasil do atraso que a cada dia aumenta mais.
Uma das melhores provas que se souber invadir os pilares dos outros com inteligência dá resultados maravilhosos tem nome: "EMBRAPA". Ou, outro exemplo, poderia chamar-se "Sistema ISO". No caso de milhares que trabalham sob o manto do Sistema ISO não consigo entender como alguém que trabalhe neste ou em outros sistemas de qualidade total chegue no seu bairro, na sua rua, em casa e não replicar nada. Como assim? Por que?
O planeta virou de ponta cabeça. As regras do jogo não valem mais. Nossa opção pelo atraso está exposta para quem quiser ver. Só manteremos o nariz fora d'água porque temos uns pouquíssimos setores de nossa economia onde a palavra atraso é vista com horror. Contra estes, os que poderão nos salvar, há uma horda que a opção pelo atraso é bem mais do que sua salvação.
O preço da dívida com o futuro vale a pena? Pergunte aos países desenvolvidos.