Pedalando na calçada completamente desligado chapei a frente de um carro que acessava o estacionamento. Estava olhando janelas acesas de uma casa que foi vendida e pensando se agora vai ser posta abaixo. Bum!, uma barulheira, e chão.
Sei que pedalar em calçada é, no geral, muito mais perigoso que pedalar junto com o trânsito. Não falo sobre calçadas largas, mas aquelas de bairros, estreitas, e não raro cheia de buracos e obstáculos.
Este não foi o primeiro acidente que tenho pedalando numa calçada. O primeiro e mais marcante, foi quando era criança, lá pelos meus 5 anos de idade, se tanto. Chapei a porta de um carro que estava saindo da garagem de sua casa. Em algum canto tenho a foto da bicicleta com garfo torto, sinal que a batida não foi muito suave. Me lembro que o motorista saiu do carro e veio ver como eu estava, e eu, apavorado menos com a batida e muito mais com a possibilidade que lá em casa meus pais descobrissem que eu fugia para pedalar muito além do que me era permitido. Hoje, fico impressionado que ninguém tenha perguntado porque o garfo estava visivelmente torto para trás. Provavelmente nunca olharam a bicicletinha.
Outro acidente pedalando numa calçada aconteceu tanto por conta de uma deformação da calçada em razão de uma raiz de árvore, quanto por um amortecedor que eu sabia defeituoso e que me jogou para cima e contra um poste. Resultado, uma costela quebrada.
O terceiro acidente, infelizmente, mas infelizmente mesmo, para minha completa tristeza, mácula imperdoável em meu currículo de mais de 40 anos pedalando, um dia derrubei uma senhora que saia de casa. Calçada muito estreita, não vi, e sobre a calçada jamais poderia ter visto, o portão abrindo e ela ponto meio corpo para fora. Resultado, ela caiu de costas, felizmente sem se machucar, e eu parei no chão. De novo, na calçada e viajando completo na maionese. Na rua, que é estreita e vazia, teria tido ângulo e tempo de reação para não atropelar a senhora.
Repito a recomendação que sempre faço: não pedale na calçada, é perigoso. O triste é que não adianta falar, o pessoal não só não acredita, mas fica bravo quando falo. Calçada não raro é muito mais perigoso que pedalar na rua.
A segunda razão para este e os outros acidentes foi estar muito relaxado, completamente desligado. Aliás, pensando bem, todos os acidentes que tive, dirigindo automóvel ou pedalando, foram causados por distração.
Estou naqueles momentos da vida que são um tanto agitados, por assim dizer. Tenho pedalado, tanto para transporte quanto para relaxar, desligando a cabeça. Em alguns momentos passo da conta e desligo por completo. Noutros tem tanta coisa rodando na cabeça que também desligo por completo do trânsito. As duas situações são perigosas. Eu já estava prevendo que uma hora a coisa ia dar ruim, e deu, felizmente muito devagar e na calçada. Ficou o alerta: acorda Arturo!
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