"... cicloclovias segregadas atraem mais ciclistas", está escrito numa matéria do Mobilidades do Estadão.
SP Reclama
O Estado de São Paulo
"Ciclovias segregadas" tem este nome porque são 'segregadas', óbvio. Ou seja, como está no dicionário, Segregar: "Colocar-se de lado; pôr-se à margem de; separar ou separar-se", razões mais decisivas pelas quais nossa sociedade está cada vez mais dividida e violenta.
"Ciclovias segregadas atraem mais ciclistas" pela sensação de segurança, até certo ponto e dependendo das condições pertinente, mas não necessariamente verdade raza e definitiva.
O que não é tão óbvio é que segregar, mesmo em nome ao estímulo, tem seu preço. Hoje caminhamos, ou pedalamos, por um "Segrege-se e que se dane o resto". Será inteligente?
"Sem ciclovia (via segregada) não há segurança", é a palavra espalhada, verdade popular que abraça a maioria que o faz sem questionamentos. Será? Segregar será o único caminho para a segurança? Muros, grades, seguranças na porta, porta giratórias e outras medidas mais nos trouxeram mais segurança? Pelos números da última pesquisa agora apresentados, a resposta é "muito pelo contrário".
'Que vida você quer?' passa obrigatóriamente pela pergunta 'Que cidade você quer?'. Começando pela sua saúde, todos estudos apontam que o bem estar começa pela vida coletiva. Locais sadios são aqueles onde a comunidade olha pela segurança do próximo, do vizinho, de todos. Nestes lugares há segurança porque o outro não está a margem, ou segregado, esquecido, largado. Segurança, a verdadeira, não a imaginária, está na integração, não na segregação. Unidos venceremos, simples e básico assim.
Em todas as partes do planeta a bicicleta foi e está sendo usada como uma ferramenta de integração social, não de segregação. O interesse pela bicicleta não está só na melhoria da mobilidade urbana, mas na capacidade de integração social que bem implantada ela oferece. Só não se Integra quando situações muito específicas realmente não permitem.
Aqui, segrega-se, ponto final. Com isto grande parte das inúmeras vantagens que a bicicleta traz para a sociedade como um todo perde-se.
Há situações onde ciclovias segregadas não só são desnecessárias, como contraprodutivas. Segregar, "colocar-se de lado; pôr-se à margem de; separar ou separar-se" A rua é espaço público que deve ser dividido sem segregações, ponto de partida para a cidade que todos, sem exceção, queremos.
Para começar, quem segrega coloca na sua conta a irritação dos que usam o espaço público quando são atropelados pelos direitos especiais dados aos ciclistas? "Deixa reclamar", é esta a resposta?
É necessário segregar? Sim, mas havendo necessidade, não generalizando, acima de tudo, bem pensado, o que não parece ser nosso caso quando olhamos o que está aí. Quanto mais km melhor é muito diferente da busca pela qualidade, esta sim amiga íntima da segurança, e inimiga da filosofia segregadora.
No Brasil a segregação vem com uma resposta simplista, populista a bem dizer, para soluções de problemas muito complexos. No caso do trânsito, ciclistas têm a mesma necessidade de segregação que pedestres? Pedestres são segregados porque seus deslocamentos são muito diferentes da forma de deslocamento de todos veículos, sem exceção, incluindo bicicletas, que por lei é veículo. Começa pela velocidade do caminhar e termina pela capacidade de mudar de direção, que no caso do pedestre pode facilmente ser abrupta, pára, gira, anda para trás, abre os braços, etc..., o que é impossível para qualquer veículo sobre rodas, a bem da verdade até para monociclos. É uma questão relacionada às leis de física, que até onde se sabe são imutáveis, pelo menos no resto do planeta.
O dia que o Brasil parar de segregar, colocar de lado; pôr à margem de; separar ou e principalmente separar-se, vamos iniciar a construção de um futuro com futuro.